01/10/2007
Despertar da consciência e moral brasileira
"Se a posteridade aplaudir nossos atos, nossas cinzas, então afortunadas, se cobrirão de violetas."
A análise da situação da nossa Pátria mostra para qualquer brasileiro um estado caótico, em todos os aspectos.
A desilusão e a descrença nacional estão presentes em todos os setores.
Vivemos em uma época, na qual há falta total de expectativa, diante dos problemas que temos à frente.
Há carência em todos os aspectos: há carência de seriedade, há carência de respeito, há carência de trabalho, há carência
de autoridade...
Na vida política o poder é indispensável, já que sem o mesmo, iremos para a anarquia e o caos.
O exercício do poder é contingência de qualquer sociedade, pois em um simples grupo de trabalho tem que haver um coordenador
que seja respeitado e digno.
Deve-se, no entanto, entender por autoridade a disposição de uma pessoa trabalhar e se colocar a serviço da coletividade.
A autoridade não poderá exercer o poder em benefício próprio e de seus áulicos.
Para alguns, o exercício da autoridade passou a ser símbolo do domínio e opressão, e o que é pior, prevaricação.
Estão ainda presentes as palavras do Padre Antonio Vieira:
"Tanto que lá chegam começam a furtar, pelo modo indicativo, porque a primeira indicação que pedem aos práticos é que
lhes apontem e mostrem caminhos por onde podem abarcar tudo. Furtam pelo modo indicativo, porque como têm o meio e o misto
império, todo ele apresentam despoticamente às execuções de rapina.
Furtam pelo modo mandativo, porque aceitam quando lhes mandam, e para que mandem todos, os que não mandam não são aceitos...
Furtam pelo modo conjuntivo porque ajuntam o seu pouco cabedal com o d'aqueles que manejam muito, e basta só que ajudem
a sua graça, para serem, quando menos, meeiros na ganância... Furtam pelo modo permissivo, porque permitem que outros furtem,
e esses compram as permissões. Furtam pelo modo infinito, porque não tem fim o furtar, com o fim do governo, e sempre lá deixam
raízes em que se vão continuando os furtos... Furtam juntamente por todos os tempos... E para incluírem no presente o pretérito
e o futuro, do pretérito desenterram crimes de que vendem os perdões, e dívidas esquecidas de que se pagam inteiramente, e
do futuro empenham as rendas e antecipam os contratos, com que tudo, o caído e o não caído, lhes vem cair às mãos, finalmente,
nos mesmos tempos, não lhes escapam os imperfeitos, perfeitos, plus quam perfeitos e quaisquer outros, porque furtam, furtavam,
furtariam e haveriam de furtar mais, se mais houvesse."
Temos que lutar para a situação mude em todos os setores.
Temos que sonhar com tempos novos, mas temos que transformar esse sonho em realidade.
Temos que retomar as esperanças.
Temos que esquecer e deixar de tirar vantagens de tudo.
Temos que entender que temos direitos, mas que temos muitos deveres à cumprir.
Temos que ser honestos e capazes.
Temos que trabalhar, pois só assim edificaremos uma nação digna e respeitada.
Temos que chorar de emoção e respeito, diante daquele que deve ser respeitado em todo o mundo, o nosso Pavilhão Nacional.
Temos que mostrar que somos sérios no trato com a coisa pública e particular.
Temos que sacudir a alma do povo brasileiro através de campanhas onde os valores morais, sejam exaltados.
Temos que combater o tom lisonjeiro das palavras cerimoniosas e insinceras.
Temos que ter sentimento do dever cumprindo sob a égide da razão.
Temos que ter idéias que engrandeçam nossa participação no seio da nação.
Temos que lutar e não acomodar, contestar sempre que necessário, não aceitando de forma passiva, e braços cruzados os
que nos querem impor.
Devemos vencer a inconstância, a irresolução, a incerteza, a ambição e avareza reunidas podem levar a omissão que é o
pecado maior.
Devemos ser ricos por nós próprios e não por empréstimos.
As palavras de Rui Barbosa são hoje mais contundentes, reais e atuais:
"Todas as crises, que pelo Brasil estão passando, e que dia a dia sentimos crescer aceleradamente, a crise política, a
crise econômica, a crise financeira, não vêm a ser mais que sintomas, exteriorizações parciais, manifestações reveladoras
de um estado mais profundo, uma suprema crise: a crise moral."
Vivemos diante da nossa consciência, todos os segundos da nossa vida. E ao dar satisfação de nossos atos, seremos então
felizes e dignos, e poderemos cooperar para o engrandecimento da Nação.
Se a posteridade aplaudir nossos atos, nossas cinzas, então afortunadas, se cobrirão de violetas.
Seja honesto! Não tire vantagem! Trabalhe!
Só assim seremos dignos da terra em que vivemos..
(*) João Gualberto de Sá Scheffer, médico, Prof. da UFPR, PUC-PR e Evangélica e membro da Academia Paranaense de Medicina.