09/03/2012
Desafios bioéticos é destaque do primeiro dia do I ENCM-2012
No primeiro dia do I Encontro Nacional dos Conselhos de Medicina do ano de 2012 (ENCM), 7 de março, houve destaque para debates
sobre diretivas antecipadas em situações de terminalidade da vida, ou seja, a declaração de vontade do paciente com relação
ao tratamento que espera e gostaria de receber em situações terminais. A reunião acontece em Brasília, reunindo reúne cerca
de 200 dirigentes dos Conselhos Regionais (CRMs) e Conselho Federal de Medicina (CFM).
Os conselheiros têm preocupação com o tema que se impõe diante de um cenário de avanço tecnológico, mudança no perfil
epidemiológico brasileiro e nas relações sociais. Tais aspectos levam o movimento médico a buscar informações e trocar experiências
em busca do encaminhamento adequado dessa questão nas esferas éticas e jurídicas. Para tanto, especialistas foram convidados
a colaborar.
O presidente da Associação Portuguesa de Bioética (APB) e professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto,
Rui Nunes, apresentou um projeto português de "Diretivas antecipadas de vontade". A proposta prevê que o paciente possa nomear
um procurador com poderes para decidir no caso de sua incapacidade de exprimir ou tomar decisões por si próprio.
A participação de Rui Nunes trouxe subsídios para conhecer a experiência europeia sobre o assunto. "O que está em causa
é a ideia de que um dos principais valores subjacentes à dignidade é a liberdade", explicou destacando que o papel do procurador
não se confundirá com o papel da família.
Debate
A jurista Lívia Zago, membro da Câmara Técnica de Bioética do Conselho Federal de Medicina (CFM), abordou aspectos legais
relacionados à definição de um documento deste tipo. Apesar de favorável à medida, ela colocou em evidência as dificuldades
de sal operacionalização.
Por exemplo, segundo ela, o médico não pode ser obrigado a fazer todas as vontades do paciente exposta no testamento vital:
"o médico precisa ser protegido com normas claras". Zago também destacou a importância de se registrar todas estas vontades
no prontuário médico.
Na sequência, o professor José Dimas Maciel Monteiro discutiu a abordagem filosófica da terminalidade da vida e das vontades
dos pacientes nesta situação. Para ele, é importante analisar este problema sob a ótica da relação médico-paciente, que teria
dificuldades de se materializar de forma simétrica.
Todas as contribuições ofereceram material para o debate acerca do tema, no qual os participantes do encontro expuseram
suas preocupações e propostas de encaminhamento. Estes subsídios serão avaliados por comissão do CFM que elabora minuta de
resolução onde são estabelecidos as bases para este tipo de documento.
Élcio Luiz Bonamigo, membro da Câmara Técnica de Bioética, inclusive apresentou minuta de proposta de resolução sobre
o tema, que, após sua conclusão - será encaminhada para discussão e votação no plenário do conselho federal. A mesa foi coordenada
pelo vice-presidente do CFM, Carlos Vital, juntamente com o 1º secretário da entidade, Henrique Batista e Silva.
Fonte: CFM