12/11/2007
Dengue: mobilização nacional
Uma ofensiva contra a dengue foi deflagrada ontem pelo governo federal. Mas o alvo, desta vez, não é o mosquito que transmite
a doença - e sim os médicos que a combatem. Trezentos mil profissionais receberão, a partir de hoje, uma carta assinada pelo
ministro da Saúde, José Gomes Temporão, sobre como diagnosticar a dengue em estágio inicial. A mobilização nacional coincide
com o início do período de chuvas, quando a epidemia, que já contaminou cerca de 480 mil pessoas e matou 121 este ano, fica
ainda mais grave.
"Tivemos recentemente o primeiro caso no Paraná. Então é óbvio que um médico de lá não tem a mesma experiência que um
profissional do Rio de Janeiro, acostumado com a epidemia há 20 anos", explica Fabiano Pimenta, secretário-adjunto de Vigilância
em Saúde do ministério. Depois da carta, alertando para a situação atual do país, serão enviados um CD-ROM com dados sobre
os sintomas da doença, as técnicas de diagnóstico precoce e o tratamento adequado. A iniciativa é do Ministério da Saúde em
parceria com o Conselho Federal de Medicina.
Secretários estaduais de Saúde elogiaram a mobilização, mas lembraram que é preciso envolver outras pastas no combate
à dengue. "Todas as medidas são válidas, mas se não houver um engajamento das áreas de habitação, assistência social, educação,
será muito difícil", destaca o secretário-executivo do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems), José
Ênio Servilha Duarte.
Mortes
Para Ailton Domício, técnico da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, a iniciativa é fundamental para que os óbitos
em função de dengue hemorrágica caiam no país, hoje na casa dos 10%. "Os riscos diminuem consideravelmente com um diagnóstico
correto e um manejo adequado do paciente", explica Domício.
A forma mais grave da doença tem se propagado devido à presença de três sorotipos no país. "Ter dengue de mais de um sorotipo
favorece a hemorragia. Por isso devemos evitar, com a ajuda dos médicos, que os casos cheguem a um estado grave", afirma Pimenta,
do Ministério da Saúde.
No Distrito Federal, onde 7.240 médicos receberão a carta do ministro, houve 1.839 casos de dengue de janeiro a setembro
deste ano, dos quais sete foram na forma hemorrágica, com três mortes. Os sintomas mais evidentes da doença são febre, dor
no corpo e falta de apetite. Nesses casos, a população precisa procurar um médico, para que seja identificado o melhor tratamento,
de acordo com o caso.
Prevenção
As cidades de São Sebastião, Santa Maria, Gama e Planaltina, junto com a área da Estrutural, formam a região mais crítica
do DF, em termos de números de casos. Apesar dos índices altos, Domício acredita que as atuais estratégias de combate à doença
serão mantidas. "A grande lição que ficou nesses anos todos é que é preciso mobilizar a população, toda a sociedade.
Usar inseticida apenas não basta. É nesse caminho que estamos trabalhando, além da tarefa cotidiana dos agentes de vigilância
ambiental", afirma o técnico da Secretaria de Saúde do DF.
Pimenta destaca que a reciclagem dos médicos faz parte de um projeto maior da pasta no combate à dengue. "Temos todo um
trabalho para reduzir as mortes, que começa com as ações das equipes de inspeção, as campanhas de conscientização", afirma.
Nas propagandas de televisão e rádio, o mote tem sido a prevenção. Esvaziar garrafas paradas, não estocar pneus em áreas descobertas
e não acumular água em lajes ou calhas são algumas das recomendações. As campanhas adotaram tons regionais este ano - com
baião, samba, sertanejo e hip hop, entre outros ritmos - para ganhar a simpatia das pessoas.
Fonte: Correio Braziliense