29/07/2009
Custos do avanço da Gripe A e riscos aos profissionais de saúde preocupam hospitais
De acordo com Fehospar, rede privada de assistência já vem trabalhando no limite da capacidade física e financeira e situação
tende a se agravar. Remuneração insuficiente inibe investimentos em atualização tecnológica e qualificação de serviços.
Os desdobramentos do avanço da gripe A, que conjugam excesso de demanda de atendimentos e ações preventivas no ambiente
clínico-hospitalar com aumento de custos operacionais, constituem-se numa das prioridades da nova diretoria da Fehospar (Federação
dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços e Saúde do Paraná), eleita esta semana, em Curitiba, por representantes dos 16
sindicatos regionalizados que formam a entidade sindical de segundo grau no Estado. Embora a situação atual seja de alerta,
com mobilizações bem conduzidas pelos gestores públicos, os dirigentes do setor consensam que a estrutura assistencial privada
está há muito tempo no limite de sua capacidade física e financeira e que, com a pandemia, exige-se o reordenamento das políticas
de saúde e recursos adicionais para que a população não sofra restrições no acesso aos serviços.
De acordo com o médico e dirigente hospitalar Renato Merolli, reeleito presidente da Fehospar, para os hospitais e profissionais
de saúde prevalecem, no momento, as orientações quanto à observância dos protocolos de manejo clínico e vigilância epidemiológica
da Influenza, assim como de sigilo de identidade dos pacientes, para assegurar sua privacidade. O dirigente entende que a
questão deve ser tratada sem pânico, mas com responsabilidade de todos para que as consequências sejam menos traumáticas possíveis
à sociedade. Apesar da incógnita que envolve a mutação e progressão da nova gripe, Renato Merolli prevê uma sangria substancial
nos já contidos recursos públicos e privados da saúde.
Preocupação com trabalhadores
O cenário atual na saúde, insiste o presidente da Federação dos Hospitais, mostra o quanto são oportunas as mobilizações
que se voltam à desoneração tributária, à recomposição dos valores das tabelas do SUS e à regulamentação da Emenda Constitucional
29, proposta com a definição do financiamento da saúde ainda emperrada no âmbito legislativo federal. Para Renato Merolli,
houve uma precarização de serviços por causa dos recursos sonegados à saúde pública ano a ano e, com isso, impossibilitando
os hospitais de investir em infraestrutura, tecnologia e qualificação. Um dos reflexos, diz, está no exemplo da superlotação
nos serviços de atendimento de urgência e emergência, que antecede à repercussão da gripe suína e à "corrida" a hospitais
que se observa.
O Paraná conta atualmente com mais de 6 mil estabelecimentos privados de saúde, com os sem fins lucrativos, incluindo
550 hospitais, a maior parte deles prestador de serviços ao SUS. Nessa estrutura estão envolvidas mais de 60 mil pessoas,
entre profissionais de saúde ou de atividades de apoio, que, conforme o presidente da Fehospar, estão vulneráveis à contaminação
na atenção aos pacientes infectados com o vírus da gripe. Isto, diz, tem exigido a adoção de medidas mais rigorosas no ambiente
de trabalho contra a disseminação da doença, evitando ônus financeiro e perda da capacidade de atendimento. Apesar da confirmação
de alguns casos envolvendo profissionais de saúde, a Fehospar não tinha, até a tarde desta quarta-feira, levantamento sobre
ocorrências de transmissão no ambiente hospitalar. Conforme estimativas de hospitais da Capital e interior, o custo médio
diário para cada paciente internado com insuficiência respiratória pela gripe A, com uso ininterrupto de equipamento de ventilação
e gasoterapia chega a R$ 1.200.
A nova diretoria
Houve consenso na composição do novo grupo de trabalho da Federação. A chapa eleita para cumprir mandato de três anos,
denominada "Mais Saúde Paraná", será empossada em 30 de agosto, coincidindo com a passagem do 18.º aniversário de fundação
da Fehospar. São vive-presidentes Luis Rodrigo S. Milano, José Pereira, Isabel Pawlina; Luiz Carlos Lopes e Mauro Schiffl
Mattia, que dirigem respectivamente os sindicatos das regiões da Grande Curitiba, Maringá, Guarapuava, Cornélio Procópio e
de Pato Branco. A diretora secretária-geral será Eliane Maria Cornelsen, tendo Stenio Henrique de Souza, de Cascavel, como
diretor-adjunto. Renato Merolli e Luis Rodrigo Milano representam a Fehospar na Confederação Nacional de Saúde.
Números
O Paraná tem 31.110 leitos, sendo 16.669 clínicos/cirúrgicos. Os complementares, de UTI (pediátrica e adulto), somam 2.253,
sendo 1.503 do SUS.Os equipamentos de manutenção da vida em uso totalizam 20.505, incluindo 1.773 respiradores/ventiladores.
Fonte: Fehospar