Certificado de Eliminação da Transmissão Vertical foi entregue no Dia Mundial de Luta Contra o HIV/Aids
Curitiba é a primeira cidade brasileira a eliminar
a transmissão do HIV de mãe para filho. O título foi oficializado na sexta-feira, 1º de dezembro,
Dia Mundial de Luta Contra o HIV/Aids, quando o ministro da Saúde, Ricardo Barros, entregou o Certificado de Eliminação
da Transmissão Vertical ao prefeito Rafael Greca e à secretária municipal da Saúde, Márcia
Huçulak, em solenidade no Salão de Atos do Parque Barigui.
“Sinto uma grande alegria de ser prefeito de uma cidade que cumpre seu dever com a saúde
de seu povo. Estamos celebrando o direito de nenhum curitibinha nascer com HIV e queremos propor esse modelo para outras cidades
do Brasil, para nenhum brasileirinho nascer doente”, afirmou o prefeito Rafael Greca.
De acordo com Barros, o Ministério da Saúde
recebeu o pedido de certificação de outros municípios, mas Curitiba foi o único município
que conseguiu comprovar todos os requisitos. “Exemplos como o de Curitiba motivam outros municípios a buscar
bons resultados no tratamento de pessoas portadoras do HIV”, disse.Com o trabalho de prevenção realizado com as gestantes na capital paranaense,
nos últimos dez anos, mais de 400 bebês de mães HIV positivo deixaram de ser contaminados. A transmissão
do HIV de mãe para filho, nos casos em que não há intervenção alguma, chega a 45%. Entre
2007 e 2016, Curitiba registrou 926 casos de gestantes HIV positivo.O resultado deste trabalho é um conjunto de ações de longo prazo integradas de
dois programas da Secretaria Municipal da Saúde: o Rede Mãe Curitibana Vale a Vida, lançado em 1999,
e o programa de HIV/Aids, com um Comitê de Prevenção à mortalidade infantil e fetal e um Comitê
de Transmissão Vertical HIV e Sífilis.“Esse resultado é fruto de um trabalho de longa data, com ações articuladas de vigilâncias
epidemiológica e de assistência à saúde, que trabalharam em prol desse binômio mãe
e bebe”, disse Márcia.A secretária
destacou a introdução, em 1999, do teste de HIV obrigatório no pré-natal, o trabalho do ambulatório
especializado para as gestantes que têm o vírus, a possibilidade de a gestante ganhar o bebê num hospital
que está preparado e que faz a medicação antirretroviral durante o trabalho parto. Além disso,
segundo ela, o município faz o acompanhamento dos bebês até os dois anos de idade.Processo de CertificaçãoPara se tornar a primeira cidade que eliminou a transmissão
vertical do HIV, Curitiba comprovou ao Ministério da Saúde que cumpriu indicadores e metas de impacto nos últimos
três anos.Uma delas é a manutenção
da taxa de transmissão de mãe para filho para cada mil nascidos vivos inferior a 0,3. Desde 2014, a cidade teve
apenas um caso de bebê contaminado com o vírus e ele está sendo acompanhado pelo município. Assim,
em 2014, a taxa foi 0. No ano de 2015 foi 0,04. Em 2016 foi 0.Curitiba também atendeu ao quesito de ter a proporção de crianças infectadas
pelo HIV entre as crianças expostas ao vírus, acompanhadas na rede laboratorial do SUS, inferior a 2% nos últimos
três anos. Em 2014, a taxa foi 0. Em 2015, com apenas um caso, a taxa foi 1,2%. E, em 2016, a taxa foi 0.O município precisou comprovar, ainda, que
possui uma linha de cuidado e monitoramento às gestantes, para diagnóstico, tratamento e prevenção
do contágio do bebê.Na última
etapa do processo de avaliação, um comitê nacional validou os parâmetros e fez visitas técnicas
à cidade em novembro. Podem solicitar a certificação ao Ministério municípios com mais
de 100 mil habitantes que atingiram indicadores e as metas estabelecidas conforme as diretrizes da Organização
Pan-Americana da Saúde (Opas) e da Organização Mundial da Saúde (OMS).Dia MundialNa solenidade, o ministro Ricardo Barros também apresentou novos dados sobre
HIV/Aids, no Brasil, com o lançamento do Boletim Epidemiológico. Segundo os dados apresentados, os casos de
aids e a mortalidade provocada pela epidemia estão caindo no Brasil.Em 2016, a taxa de detecção de casos de aids foi de 18,5 casos por 100 mil habitantes
– uma redução de 5,2% em relação a 2015. A mortalidade teve uma queda de 7,2%, a partir
de 2014, quando foi ampliado o tratamento. Passando de 5,7 óbitos por 100 mil habitantes para 5,2 óbitos, em
2016. Os dados revelam, porém, que a doença tem crescido entre homens que fazem sexo com homens, com aumento
de 33%, quando comparado com 2006.Durante
a cerimônia, também houve o lançamento da campanha para prevenção do HIV. Com o slogan “Vamos
combinar? Prevenir é viver”, a campanha reforça as diversas formas de prevenção do HIV garantidas
no SUS.Estiveram presentes no evento também
o vice-prefeito Eduardo Pimentel, a diretora do departamento de IST do Ministério da Saúde, Adele Benzaken,
a superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde, Júlia Cordellini, o
deputado federal Luciano Ducci, a representante do Fórum de Organizações Não Governamentais, Rachel
Romaniv e a representante da Comissão Nacional de Validação da Eliminação da Transmissão
Vertical do HIV, Carmen Silva.EntendaO que é a transmissão vertical: A transmissão
vertical é a infecção pelo vírus HIV passado da mãe para o filho, durante o período
da gestação (intrauterino), no parto (trabalho de parto ou no parto propriamente dito) ou pelo aleitamento materno.
Eliminação: A eliminação
de uma doença é atingida quando se cessa sua transmissão em extensa área geográfica, persistindo,
no entanto, o risco de sua reintrodução. É uma alternativa próxima à erradicação
(quando não há mais risco de infecção ou doença, objetivo raramente atingido, porém,
mais viável).