03/12/2017

Curitiba é a primeira cidade do país a eliminar a transmissão do HIV de mãe para filho

Certificado de Eliminação da Transmissão Vertical foi entregue no Dia Mundial de Luta Contra o HIV/Aids

Curitiba é a primeira cidade brasileira a eliminar a transmissão do HIV de mãe para filho. O título foi oficializado na sexta-feira, 1º de dezembro, Dia Mundial de Luta Contra o HIV/Aids, quando o ministro da Saúde, Ricardo Barros, entregou o Certificado de Eliminação da Transmissão Vertical ao prefeito Rafael Greca e à secretária municipal da Saúde, Márcia Huçulak, em solenidade no Salão de Atos do Parque Barigui.

“Sinto uma grande alegria de ser prefeito de uma cidade que cumpre seu dever com a saúde de seu povo. Estamos celebrando o direito de nenhum curitibinha nascer com HIV e queremos propor esse modelo para outras cidades do Brasil, para nenhum brasileirinho nascer doente”, afirmou o prefeito Rafael Greca.
clique para ampliarclique para ampliarSolenidade no Barigui, com presença do ministro da Saúde. (Foto: PMC)

De acordo com Barros, o Ministério da Saúde recebeu o pedido de certificação de outros municípios, mas Curitiba foi o único município que conseguiu comprovar todos os requisitos. “Exemplos como o de Curitiba motivam outros municípios a buscar bons resultados no tratamento de pessoas portadoras do HIV”, disse.

Com o trabalho de prevenção realizado com as gestantes na capital paranaense, nos últimos dez anos, mais de 400 bebês de mães HIV positivo deixaram de ser contaminados. A transmissão do HIV de mãe para filho, nos casos em que não há intervenção alguma, chega a 45%. Entre 2007 e 2016, Curitiba registrou 926 casos de gestantes HIV positivo.

O resultado deste trabalho é um conjunto de ações de longo prazo integradas de dois programas da Secretaria Municipal da Saúde: o Rede Mãe Curitibana Vale a Vida, lançado em 1999, e o programa de HIV/Aids, com um Comitê de Prevenção à mortalidade infantil e fetal e um Comitê de Transmissão Vertical HIV e Sífilis.

“Esse resultado é fruto de um trabalho de longa data, com ações articuladas de vigilâncias epidemiológica e de assistência à saúde, que trabalharam em prol desse binômio mãe e bebe”, disse Márcia.

A secretária destacou a introdução, em 1999, do teste de HIV obrigatório no pré-natal, o trabalho do ambulatório especializado para as gestantes que têm o vírus, a possibilidade de a gestante ganhar o bebê num hospital que está preparado e que faz a medicação antirretroviral durante o trabalho parto. Além disso, segundo ela, o município faz o acompanhamento dos bebês até os dois anos de idade.

Processo de Certificação

Para se tornar a primeira cidade que eliminou a transmissão vertical do HIV, Curitiba comprovou ao Ministério da Saúde que cumpriu indicadores e metas de impacto nos últimos três anos.

Uma delas é a manutenção da taxa de transmissão de mãe para filho para cada mil nascidos vivos inferior a 0,3. Desde 2014, a cidade teve apenas um caso de bebê contaminado com o vírus e ele está sendo acompanhado pelo município. Assim, em 2014, a taxa foi 0. No ano de 2015 foi 0,04. Em 2016 foi 0.

Curitiba também atendeu ao quesito de ter a proporção de crianças infectadas pelo HIV entre as crianças expostas ao vírus, acompanhadas na rede laboratorial do SUS, inferior a 2% nos últimos três anos. Em 2014, a taxa foi 0. Em 2015, com apenas um caso, a taxa foi 1,2%. E, em 2016, a taxa foi 0.

O município precisou comprovar, ainda, que possui uma linha de cuidado e monitoramento às gestantes, para diagnóstico, tratamento e prevenção do contágio do bebê.

Na última etapa do processo de avaliação, um comitê nacional validou os parâmetros e fez visitas técnicas à cidade em novembro. Podem solicitar a certificação ao Ministério municípios com mais de 100 mil habitantes que atingiram indicadores e as metas estabelecidas conforme as diretrizes da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Dia Mundial

Na solenidade, o ministro Ricardo Barros também apresentou novos dados sobre HIV/Aids, no Brasil, com o lançamento do Boletim Epidemiológico. Segundo os dados apresentados, os casos de aids e a mortalidade provocada pela epidemia estão caindo no Brasil.

Em 2016, a taxa de detecção de casos de aids foi de 18,5 casos por 100 mil habitantes – uma redução de 5,2% em relação a 2015. A mortalidade teve uma queda de 7,2%, a partir de 2014, quando foi ampliado o tratamento. Passando de 5,7 óbitos por 100 mil habitantes para 5,2 óbitos, em 2016. Os dados revelam, porém, que a doença tem crescido entre homens que fazem sexo com homens, com aumento de 33%, quando comparado com 2006.

Durante a cerimônia, também houve o lançamento da campanha para prevenção do HIV. Com o slogan “Vamos combinar? Prevenir é viver”, a campanha reforça as diversas formas de prevenção do HIV garantidas no SUS.

Estiveram presentes no evento também o vice-prefeito Eduardo Pimentel, a diretora do departamento de IST do Ministério da Saúde, Adele Benzaken, a superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde, Júlia Cordellini, o deputado federal Luciano Ducci, a representante do Fórum de Organizações Não Governamentais, Rachel Romaniv e a representante da Comissão Nacional de Validação da Eliminação da Transmissão Vertical do HIV, Carmen Silva.

Entenda

O que é a transmissão vertical: A transmissão vertical é a infecção pelo vírus HIV passado da mãe para o filho, durante o período da gestação (intrauterino), no parto (trabalho de parto ou no parto propriamente dito) ou pelo aleitamento materno.

Eliminação: A eliminação de uma doença é atingida quando se cessa sua transmissão em extensa área geográfica, persistindo, no entanto, o risco de sua reintrodução. É uma alternativa próxima à erradicação (quando não há mais risco de infecção ou doença, objetivo raramente atingido, porém, mais viável).

Envie para seus amigos

Verifique os campos abaixo.
    * campos obrigatórios

    Comunicar Erro

    Verifique os campos abaixo.

    * campos obrigatórios