10/02/2014
Ortelio Guerra, que estava desde dezembro em Pariquera-Açu, Vale do Ribeira, abandonou o programa federal há pelo menos uma semana
O programa Mais Médicos registrou nova deserção. Conforme oestadao.com.br revelou ontem (10), o médico cubano Ortelio Jaime Guerra abandonou há pelo menos uma semana a cidade paulista de Pariquera-Açu, no Vale do Ribeira, onde prestava atendimento. Em mensagem em rede social, ele informou estar agora nos Estados Unidos. No texto, disse não ter comunicado a partida aos amigos por "questões de segurança". É o segundo caso em menos de uma semana.
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O secretário de Saúde de Pariquera-Açu, Willian Rodrigo Virgínio de Souza, confirmou a saída de Guerra. "Ele foi embora sem comunicar nada. Até então, o médico aparentava estar satisfeito com as condições de trabalho aqui", disse Souza. O Ministério da Saúde informou que seu desligamento seria formalizado e que outro profissional seria enviado para o seu lugar.
Semana passada, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, informou que já haviam sido registradas 22 desistências do programa: 17 cubanos saíram por motivos de saúde e cinco, por questões pessoais. Mas, de acordo com o ministro, todos teriam retornado para o país de origem.
Guerra chegou à cidade no dia 16 de dezembro, depois de ter sido recebido com festa em Registro, com outros 33 médicos. Ele foi instalado inicialmente em um hotel e estava à procura de uma casa, que dividiria com dois outros médicos do programa. O médico era elogiado pelos moradores do bairro Peri-Peri, na periferia da cidade, onde fazia consultas.
Na sua mensagem de despedida, postada na rede social, ele agradece às pessoas próximas com quem trabalhou e pede desculpas pelo português. Pelas informações apresentadas, ele teria passado alguns dias em São Paulo antes de viajar aos EUA. O Estado apurou que o posto do Programa de Saúde da Família onde Guerra atuava agora está sem médicos.
Outro caso de saída de cubanos do Mais Médicos foi o de Ramona Matos Rodríguez, que pediu abrigo na liderança do DEM, na terça-feira da semana passada, depois de deixar a cidade de Pacajá, no Pará, onde prestava assistência à população. Ramona afirmou que a decisão foi tomada depois de saber que o Ministério da Saúderepassa mensalmente para os médicos que atuam no programa o equivalente a R$ 10 mil. Recrutada por meio de um convênio firmado entre Organização Pan-Americana (Opas) e Cuba, Ramona disse receber US$ 400 por mês.
Abrigo
O presidente do Conselho Federal de Medicina, Roberto D'Ávila, acredita ter mais casos. "Por que somente agora a saída veio à tona? Há claramente um pacto de silêncio entre prefeituras e Ministério da Saúde", disse. D'Ávila anunciou que o CFM deverá lançar uma campanha para que médicos formem uma "rede de solidariedade" e ofereçam abrigo para todos os cubanos que queiram sair do programa. "Isso será feito em nome da liberdade."
A proposta, que será apresentada na próxima reunião da diretoria do CFM, prevê que médicos providenciem também trabalho e cursos para que interessados possam fazer a validação do diploma. / colaborou José
Cadastro
2.100 prefeituras estão cadastradas no programa Mais Médicos, segundo o Ministério da Saúde.Até agora, o governo federal notificou 37 municípios acusados de irregularidades.
Fonte: O Estado de S. Paulo