06/08/0007
Crise na saúde se agrava em Pernambuco
Estado decide contratar médicos, depois que 120 pediram demissão; emergências dos hospitais estão superlotadas
O Governo do Estado publicou no dia 4 de agosto edital para contratação de 120 médicos temporários, que ocuparão as vagas
em aberto devido aos demissionários. Serão 50 vagas para traumato-ortopedistas, 45 para cirurgiões-gerais, 20 para cirurgiões
vasculares e outras cinco para neuro-cirurgiões. O salário oferecido é de R$ 2,8 mil - valor no qual não consta a gratificação
por produtividade, paga apenas para especialistas concursados. Os interessados têm da segunda à quarta-feira para se inscrever
para o processo seletivo, que será realizado sem a necessidade de prova. Para a contratação ser efetivada, basta que os médicos
preencham os requisitos básicos exigidos pela Secretaria Estadual de Saúde (SES).
Os documentos necessários são a declaração de conclusão do curso de Medicina, carteira do Conselho Regional de Medicina
de Pernambuco (Cremepe), comprovante de experiência de um ano na especialidade escolhida e certificado de 360 horas de prática.
O contrato é de 180 dias, com a prerrogativa de ser estendido por mais seis meses. Os selecionados terão dois plantões semanais
de 12 horas cada. Caso a procura supere a oferta, o governo lançará novo edital para acolher a demanda de profissionais. A
documentação exigida deve ser levada para a Superintendência de Recursos Humanos da SES, na praça Oswaldo Cruz, no Recife,
ou para a Gerência Regional de Saúde, em Caruaru. O horário é das 8h30 às 15h30.
Segundo a assessoria de comunicação da secretaria, o Hospital da Restauração (HR) terá médicos em todas as especialidades
para o plantão deste final de semana. Ontem, apenas uma transferência interestadual foi realizada. Paciente com problemas
neurológicos foi encaminhado, em UTI Móvel, de Santa Cruz do Capibaribe para o Hospital José Marcos, em Campina Grande, na
Paraíba. A reportagem entrou em contato com o Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), mas não teve resposta.
IMPASSE
O impasse entre médicos e Governo continua. A classe propõe salário de R$ 2.080. O Estado, R$ 1.800. Na tentativa de ajudar
a encontrar um possível acordo entre o Governo de Pernambuco e os médicos, a Ordem dos Advogados do Brasil no Estado (OAB-PE),
organizou, em caráter de urgência, na noite de sexta-feira (3), uma reunião entre o Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe)
e o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe). O encontro foi realizado na sede da OAB e começou por volta das
22h. De acordo com o presidente da OAB-PE, Jayme Asfora, a proposta apresentada de maneira informal ao governador Eduardo
Campos foi negada. O fim das negociações terminou às 0h35 deste sábado.
A proposta, em caráter informal, consistia no aumento do salário-base inicial dos médicos, que atualmente é de R$ 1,4
mil, para R$ 2.080 (pouco abaixo da requerida pelos médicos, na primeira assembléia realizada no dia 18 de julho, que era
de R$ 2.161). Os servidores da saúde ainda reivindicam melhores condições de trabalho e a estruturação do Plano de Cargos,
Carreira e Vencimentos (PCCV). Após o acordo, o pleito foi levado ao conhecimento do governador. Houve rejeição por parte
do executivo, quando, logo em seguida, foi elaborada uma contraproposta em que elevaria o salário dos médicos para R$ 1,8
mil. Os médicos não aceitaram.
De acordo com o presidente do Simepe, o Mário Fernando Lins - que após a realização da primeira assembléia, no mês passado,
criticou a proposta e a postura do Governo, manteve sua revolta.
"Fizemos uma proposta discutida em assembléia e o Governo nos vem com uma proposta dessas. Nossa profissão exige bastante
responsabilidade para um salário tão baixo", disse. O representante do Simepe ainda disse que na próxima terça-feira (7) uma
assembléia está marcada às 20h no Teatro Valdemar de Oliveira, na Boa Vista, centro do Recife. Antes, haverá um ato de protesto
em volta da praça Praça Oswaldo Cruz, onde será dado um abraço simbólico.
Jayme Asfora reiterou o interesse da OAB-PE em auxiliar na tentativa de encontrar um acordo entre o Governo e os servidores
estaduais da saúde.
DEMISSÃO
Médicos pedem demissão coletiva em AL
Grupo não aceita proposta de aumento de 5% do governador
Os médicos de Alagoas, em greve há 69 dias, estão atendendo a população sob aviso prévio. Cerca de 160 deles assinaram
a demissão coletiva porque não aceitam a proposta de aumento de 5%, feita pelo governador Teotonio Vilela (PSDB). Eles querem
50% de reajuste. "A saúde não está parada em respeito à população. Os serviços de urgência e emergência estão preservados.
Mas, no dia 20 de agosto, médicos vão faltar na rede estadual, porque será o fim do aviso prévio", disse o presidente do Sindicato
dos Médicos, Welington Galvão. Ele promete que nos próximos dias os dois mil médicos do estado vão assinar as demissões, caso
o governo não recue e ofereça o aumento. A situação mais grave é dos ambulatórios, mas não foram registrados mortes ou problemas
no atendimento.
Fonte: Folha de Pernambuco (PE)