06/01/2010

Cresce procura por terapia alternativa na rede pública

Busca por acupuntura, homeopatia e fitoterápicos aumentou até 358%; investimentos também subiram


A procura por práticas alternativas na rede pública de saúde cresceu até 358% de 2007 a 2008, de acordo com dados do governo federal. Entre elas estão acupuntura, homeopatia e atividades como tai chi chuan e lian gong. As práticas corporais tiveram o maior aumento, passando de 27,6 mil atendimentos em 2007para 126,6 mil em 2008. Isso tem gerado mais investimentos no setor.

Especialistas apontam que o crescimento está ligado à portaria publicada pelo Ministério da Saúde, em 2006, criando a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC). A norma autorizou terapias alternativas no Sistema Único de Saúde (SUS) e uniformizou os procedimentos. Outro motivo seria o maior número de médicos especializados, permitindo que mais municípios disponibilizem os serviços. Em 2008, 1.340 cidades ofereciam essas práticas gratuitamente.

Apesar de algumas das técnicas da medicina não convencional ainda despertarem ceticismo, como a homeopatia, sua eficácia no tratamento de doenças crônicas tem sido cada vez mais reconhecida. Os médicos recomendam a aplicação para pacientes com doenças associadas ou para aquelas com múltiplas causas, como fibromialgia.

A ressalva feita pelo Conselho Federal de Medicina é que, antes de qualquer terapia, o paciente deve passar por um médico. "É temerário iniciar qualquer tratamento sem saber a causa certa da doença. Há certos tipos de lesão, por exemplo, para as quais a prática de tai chi chuan é contraindicada", diz o presidente do conselho, Roberto D Ávila. Para a especialista em homeopatia Sandra Chaim, essas práticas têm apoio dos gestores de saúde porque aumentam o índice de satisfação da população com o serviço e a adesão ao tratamento.

O presidente da Associação Médica Brasileira de Acupuntura, Ruy Tanigawa, aponta pesquisa que mostra a melhora da autoestima dos médicos.


DIVULGAÇÃO

Agora, o Ministério da Saúde quer priorizar a difusão de informações sobre as técnicas para pacientes, gestores e profissionais de saúde. "Já temos um número 0800 que presta informações sobre procedimentos, indicações e contraindicações, mas precisamos divulgá-lo mais e incentivar o uso das terapias. A Organização Mundial da Saúde recomenda há anos a inclusão das práticas alternativas e o uso de plantas medicinais, por exemplo", diz a coordenadora do PNPIC, Carmem De Simoni.

Dentro do programa há dezenas de terapias incluídas em áreas distintas: medicina tradicional chinesa (práticas corporais e shiatsu), acupuntura, homeopatia, fitoterapia, crenoterapia (uso de águas minerais com propriedades medicamentosas) e medicina antroposófica (busca conhecer o ser humano considerando sua relação com a natureza e emoções).

Neste ano, o ministério vai financiar a produção de seis fitoterápicos à base de alcachofra, aroeira, cáscara sagrada, garrado-diabo, isoflavona e unha-de-gato. De 2000 a 2008, o governo aumentou em mais de 370% o investimento em consultas homeopáticas, passando de R$ 611,3 mil para R$ 2,9 milhões. No mesmo período, os gastos com acupuntura subiram de R$ 278,7 mil para R$ 3,9 milhões. Para Cristina Barros, gerente de Práticas Integrativas Complementares da Secretaria Municipal da Saúde e Defesa Civil do Rio, esse tipo de tratamento é complementar aos programas já instituídos. "Queremos dar ênfase à promoção da saúde. O paciente com diabete é encaminhado para o serviço de massagens nos pés, enquanto o hipertenso vai para atividades físicas." No Rio há 64 unidades que oferecem algum serviço de medicina não convencional. Em São Paulo, o atendimento pode ser encontrado em hospitais como Santa Casa, Servidor Público e São Paulo, além de postos municipais.


Números

126 mil atendimentos de práticas corporais, como tai chi chuan, foram feitos pelo SUS em 2008. No ano anterior, o número era de 27 mil, o que representa um aumento de 358%
216 mil procedimentos de acupuntura foram feitos pelo SUS em 2008, contra 97 mil em 2007. O aumento foi de 122%
1.340 municípios brasileiros ofereceram em 2008 algum tipo de terapia alternativa aos usuários. Em 2004 eram 203.


Fonte: O Estado de São Paulo

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