Parceria entre PUCPR, UFPR e IPPPP analisou mães com diagnóstico do novo coronavírus durante a gestação, tanto com quadros
graves a moderados, que precisaram de internação, quanto com quadro leve
Órgão gerado durante a gravidez, a placenta une o feto à parede do útero materno e permite
que o bebê receba nutrientes e oxigênio, além de atuar na eliminação de dióxido de
carbono e resíduos nitrogenados. Uma placenta saudável, portanto, é crucial para uma gestação
também saudável. Grávidas com Covid-19, no entanto, podem ter o órgão prejudicado, o que
gera reflexos nos fetos, como nascimento prematuro e até mesmo morte intrauterina, apontou trabalho que contou com
a participação de pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR),
da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e do Instituto Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe (IPPPP).
Os cientistas analisaram as placentas de 40 mães, das quais 20 não tiveram a doença e 20 testaram
positivo para o novo coronavírus durante a gestação, tanto com quadros graves a moderados, que precisaram
ser internadas por conta da doença, quanto mulheres com quadro leve de Covid-19, que permaneceram em casa e compareceram
ao hospital somente para o parto. O estudo foi conduzido no Hospital de Clínicas (HC) e no Hospital Nossa Senhora das
Graças (HNSG), com consentimento das pacientes e aprovado pelo comitê de ética das instituições.
“O objetivo era determinar o tipo de alteração que as placentas dessas pacientes apresentavam e correlacionar
essas alterações com o estado clínico dos bebês em uma tentativa de, no futuro, tentar prever as
consequências da Covid-19 materna para os fetos”, conta a professora Lucia de Noronha, da Escola de Medicina da
PUCPR.
Lucia explica que as grávidas que desenvolveram quadros moderados e graves da doença apresentam lesões
vasculares na placenta, o que pode prejudicar o pleno desenvolvimento do feto. Nesse sentido, foram verificadas consequências
para os bebês, como morte intrauterina, óbito logo após o nascimento e nascimentos prematuros. Alguns
recém-nascidos também precisaram ser hospitalizados por terem sido infectados com o vírus. As pacientes
com forma leve da doença, porém, deram à luz a bebês saudáveis e suas placentas não
apresentaram lesões decorrentes da infecção pelo SARS CoV-2.
A maioria das grávidas que participaram do estudo tinham comorbidades, como obesidade, diabetes e hipertensão.
O próximo passo, de acordo com os pesquisadores, é seguir com o trabalho, agora com gestantes sem comorbidades.
Prevenção é a melhor saída
A professora da Escola de Medicina
da PUCPR conta que a prevenção é a melhor saída para as grávidas não se contaminarem
com a Covid-19, vez que, até o momento, não há terapias específicas para o tratamento da doença
comprovadamente eficazes.
“Em algumas situações, os obstetras preferem induzir o parto prematuro para retirar o bebê
e evitar que ele morra no útero. Mesmo assim, algumas crianças pegaram coronavírus das mães, pois
a doença pode ser transmitida por meio da placenta. Bebês recém-nascidos com Covid-19 podem desenvolver
a forma grave da doença e falecer”, pontua Lucia.
O estudo “Association between COVID-19 pregnant women symptoms severity and placental morphologic features”
foi aprovado para publicação no periódico Frontiers in Immunology, revista científica referência
em imunologia. Além de pesquisadores da PUCPR, participaram do trabalho profissionais da Universidade Federal do Paraná
(UFPR) e do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe (IPPPP).
Fonte: Assessoria de Imprensa
da PUCPR