18/07/2008
Conselho preocupado com violência contra médicos
Sucessão de episódios de violência contra profissionais de saúde em ambientes de trabalho vem preocupando as instituições
médicas paranaenses. O Conselho Regional de Medicina já colocou a temática em análise interna e, ante o temor de as estatísticas
aproximem o Estado do clima de guerrilha urbana hoje vivenciado principalmente no Rio de Janeiro e São Paulo, pretende levar
a discussão à esfera dos organismos públicos de segurança.
Embora a maioria dos casos de violência e delinqüência sejam imprevisíveis, conselheiros entendem que há situações passíveis
de exigir a ação preventiva da Polícia, como em unidades de saúde da periferia dos grandes centros urbanos do Estado e em
hospitais com grande demanda de atendimento, onde médicos e demais profissionais de saúde vivem um clima diário de terror
e que os levam, muitas vezes, até a abandonar o emprego.
Casos de coação e violência física já fazem parte de uma triste rotina e que não poupa nenhuma região do Paraná. Um dos
episódios mais recentes foi registrado em Cascavel, em 30 de junho. O médico D.A.F., integrante do Serviço de Atendimento
Móvel de Urgência (SAMU), foi agredido com um golpe de machado na cabeça quando procurava dar assistência a um homem de 63
anos, portador de transtornos mentais e que se encontrava em casa, em surto psicótico. O médico recebeu ferimentos graves
e foi internado no Hospital Universitário. O paciente, com histórico de várias internações, foi sedado e levado ao PAC I.
No dia 27 de fevereiro, um vendedor de 42 anos já tinha sido preso depois de agredir a golpes de estilete o médico H.R.L.,
no interior de sua clínica, no centro de Santo Antonio da Platina, no Norte Pioneiro. O incidente começou entre a atendente
da clínica e a mulher do agressor, que insistia em ser atendida sem ter horário marcado. O médico interveio quando a assistente
estava sendo agredida e recebeu ferimentos no rosto e pescoço, precisando passar por cirurgia no Hospital Nossa Senhora d
Saúde.
As estatísticas policiais indicam vários outros casos de violência e com ampla repercussão. Há poucos meses, o médico
L.B. foi seqüestrado em seu carro por ladrões quando se encaminhava de casa, em Colombo, para o hospital onde trabalha, em
Curitiba. Houve confronto dos delinqüentes com militares e dois deles acabaram mortos. O médico foi resgatado ileso.
Na manhã de 7 de maio, tentativa de assalto a um carro-forte à porta do Hospital Infantil Pequeno Príncipe, na área central
de Curitiba, houve tiroteio e um dos ladrões foi morto, enquanto um segurança ficou gravemente ferido. A unidade hospitalar
estava lotada, mas ninguém mais chegou a ser atingido pelos disparos.Na noite de 30 de junho, dois homens invadiram o Hospital
Cristo Rei, em Ibiporã, Norte do Estado, e após ameaçarem os funcionários, incluindo o médico de plantão, mataram a tiros
um homem que estava internado havia alguns dias após sofrer atentado.