Discussões do Conselho Federal de Medicina para o documento incluem ainda outras propostas polêmicas, como a ortotanásia.
Para o presidente do CFM, Roberto Dávila, deveria haver proibição total desses benefícios; nos EUA, veto entra em vigor em
2009.
O CFM (Conselho Federal de Medicina) pretende regulamentar, em um novo código de ética médica atualmente em discussão,
a distribuição de presentes e o pagamento de almoços e passagens a médicos pelas indústrias farmacêutica e de equipamentos
hospitalares.
Para Roberto Dávila, presidente do conselho, deveria haver a proibição total desses benefícios. "Sou contrário até ao
recebimento de amostra grátis. Como o princípio maior da relação do médico com o paciente é o benefício [ao paciente], não
posso deixar que o meu agir também seja [focado] no meu interesse pessoal", afirma.
Nos EUA, os laboratórios serão proibidos de distribuir blocos de anotações, canetas, canecas, refeições e outros brindes
a médicos pelo novo código de conduta do setor farmacêutico, que deve entrar em vigor em janeiro. Poderão ainda continuar
pagando os médicos por palestras e consultorias.
Outras propostas polêmicas também estão em debate no conselho brasileiro, como a ortotanásia, que garante o direito à
suspensão do tratamento de pacientes terminais sem chance de cura, desde que haja o consentimento expresso da família ou,
se possível, do doente.
O tema está no centro de um embate judicial. No ano passado, a Justiça Federal suspendeu, por meio de liminar, a resolução
do CFM que autorizava o procedimento. A decisão final ainda não saiu, mas, caso o teor da liminar seja mantido, o conselho
promete recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal).
Uma das idéias em debate é incluir, no novo código, o dever do médico de respeitar o chamado "testamento vital" do paciente
-documento no qual ele registra seu desejo de interromper ou não o tratamento caso esteja em estado terminal e sem possibilidade
de cura.
O padre e especialista em bioética Léo Passini, integrante da comissão que redigirá a regra, ressalta que é preciso distinguir
a ortotanásia -suspensão do tratamento- da eutanásia -indução à morte. "O que precisamos é proteger o paciente da obsessão
terapêutica", disse.
O novo código de ética deverá ainda fazer menção ao direito de greve dos médicos e tratar da regulamentação das pesquisas
com seres humanos.
A próxima rodada de discussão será em fevereiro, e a versão final da norma deve ficar pronta em agosto. A aprovação do
documento é feita pelo CFM e pelo presidente dos conselhos regionais do país. O site www.portalmedico.org.br recebe, até o
fim do ano, sugestões e propostas dos médicos.
Fonte:
F. de São Paulo