06/08/2012
Conselho Federal de Medicina condena terapia antienvelhecimento
Faltam evidências científicas que justifiquem a prática da medicina antienvelhecimento, ou antiaging. Essa é a conclusão de
uma extensa revisão de estudos científicos sobre o assunto, realizada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). A entidade
publica nesta segunda-feira (6 de agossto) parecer sobre o assunto. O material pode ser acessado no site da entidade - www.cfm.org.br.
Segundo dados da corregedoria do CFM, nos últimos quatro anos, a entidade já cassou o registro profissional de cinco médicos
que praticavam os procedimentos sem comprovação científica. Outras dez punições (como suspensão e censura pública) também
foram dadas a outros médicos. Os Conselhos Regionais de Medicina também apuram outros casos.
O ilícito destes médicos geralmente era agravado pela publicidade imoderada, sensacionalista e promocionais. Muitos deles
garantiam resultados, o que contraria o Código de Ética Médica (CEM). "A medicina não é uma ciência de fim e sim de meios.
O médico tem que fazer o possível em benefício do paciente, mas nem sempre o resultado é satisfatório", destaca o corregedor
do CFM, José Fernando Maia Vinagre.
Quanto à técnica de antienvelhecimento, a principal crítica do parecer do CFM diz respeito à reposição hormonal e à suplementação
com antioxidantes, vitaminas e sais minerais, medidas propostas pelos que a prescrevem. O tratamento hormonal utilizado nestas
pessoas que buscam o rejuvenescimento era o mesmo usado em pacientes com hipofunção glandular. O tratamento sem a devida indicação
coloca a saúde do paciente em risco.
O Coordenador da Câmara Técnica de Geriatria do CFM, Gerson Zafallon Martins, alerta que os procedimentos podem causar
danos. Há aumento, inclusive, do risco de câncer. "Prescrever hormônio do crescimento para "rejuvenescer" um adulto que não
tem deficiência desse hormônio é submetê-lo ao risco de desenvolver diabetes e até neoplasias".
Trabalho
De acordo com o Parecer do CFM nº 29/12 não se reconhece no Brasil a especialidade médica de antienvelhecimento, bem como
não há registros na União Européia e nos Estados Unidos.
O Parecer CFM nº29/12 conclui ainda que a modulação hormonal bioidêntica, "vem a ser nada mais que o uso de hormônio fabricado
em laboratório, manipulado em farmácia magistral e prescrito com finalidade terapêutica não sustentável cientificamente e,
desse modo, não aprovada pelas sociedades medicas acreditadas", diz o texto.
Na avaliação dos conselheiros, a maior longevidade ou aumento expectativa de vida do homem atual não se deve a um tratamento
específico e sim a toda uma melhora nas condições de vida. "Estão vendendo ilusão de antienvelhecimento para a população sem
nenhuma comprovação científica e que pode fazer mal à saúde. Com a idade, o metabolismo mais lento e a ingestão de algumas
substâncias podem aumentar o risco de várias doenças", alerta a médica geriatra Elisa Franco Costa, que auxiliou nas pesquisas
do CFM.
Destaques do parecer:
A especialidade medica "Medicina anti-aging" ou "Medicina antienvelhecimento" não é reconhecida pelo Conselho Federal
de Medicina.
O processo biológico de envelhecimento do organismo humano é acompanhado de um natural decréscimo na produção endógena
de alguns hormônios sem que este fato seja considerado como a causa do envelhecimento.
A medicina e, por extensão, a prescrição de hormônios, precisa ser exercida baseada em evidências científicas comprovadas.
Fonte: CFM