04/03/2009
Congresso promove reflexão sobre condição do trabalho médico na África
A terceira edição do Congresso que reúne os signatários da Comunidade Médica de Língua Portuguesa - Brasil, Portugal, Moçambique,
Angola, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau - ocorreu entre os dias 19 e 21 de fevereiro, em Lisboa, Portugal.
O encontro apresentou estatísticas e promoveu reflexões baseadas na condição do trabalho médico e na qualidade da estrutura
de atendimento prestado aos pacientes, principalmente, dos países africanos.
Só para se ter uma idéia da situação enfrentada na África, o índice de mortalidade materna em algumas regiões do país
chegou ao patamar de 2 mil mortes para cada 100 mil nascidos vivos. No Brasil, esse número fica em torno de 55,8 mortes para
cada 100 mil nascidos vivos. A necessidade de mais médicos e menos gestores de saúde também foi detectado durante o encontro.
Em Cabo Verde, por exemplo, existem 230 médicos e 477 enfermeiros- dados de 2007 - uma média de 4,7 médicos para cada 10 mil
habitantes. A Organização Mundial da Saúde preconiza um médico para cada um mil habitantes. A falta de médicos e especialistas
também vale para a realizada de Angola. De acordo com informações do Congresso, são 2.200 médicos no país, sendo que 1.801
se concentram na capital Luanda. A população conta com 249 especialistas, porém 92 % deles são estrangeiros.
Para o conselheiro do CRMPR e 3º vice-presidente do CFM, Gerson Zafalon Martins, que acompanhou o Congresso, algumas considerações
do evento merecem destaque. A primeira delas é a necessidade de implantar plano de carreira para médicos, objetivando a defesa
do paciente e sua qualidade de vida, além de investir na qualificação do profissional. O segundo destaque é a promoção da
consciência de que a saúde é um investimento redistribuído, é uma reserva estratégica. Outro ponto em evidência, na visão
do conselheiro, é a medicina preventiva. "Já está sendo disseminado e colocado em prática em comunidades da África o exercício
da medicina defensiva, com a realização de exames. Um passo importante na evolução dos processos".
O terceiro Congresso da Comunidade Médica de Língua Portuguesa também contou com a presença do presidente da AMB, José
Luiz Gomes do Amaral, 1º secretário da AMB, Luc Weckx, 1º tesoureiro, Florisval Meinão, e diretor científico, Edmund Baracat.