06/11/2012
Compras coletivas de procedimentos estéticos e consórcios de cirurgias plásticas colocam o paciente em risco
Com 16% de todas as cartas de crédito, saúde e estética estão no topo do ranking de consórcio de serviços mais procurados;
Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica alerta para o comportamento antiético e irresponsável de empresas e médicos que
disponibilizam esse tipo de serviço
O Brasil é o segundo país no mundo onde é realizado o maior número de cirurgias plásticas, com 1.592.106 procedimentos
por ano, ficando atrás somente dos Estados Unidos. Com a demanda aumentando cada vez mais, surgem no mercado opções perigosas
como financiamentos e consórcios de cirurgias e descontos exorbitantes em sites de compras coletivas.
Um dado alarmante preocupa a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), de acordo com um levantamento da Associação
Brasileira de Administradores de Consórcios (ABAC) aponta que no primeiro semestre de 2012, a procura por consórcios de serviços
aumentaram mais de 25%, sendo que no topo da lista estão os consórcios de Saúde e Estética com aproximadamente 16% das cartas
de crédito.
De acordo com a Resolução N° 1.836/2008, o Conselho Federal de Medicina proíbe o médico de divulgar preços de procedimentos,
parcelamento de pagamentos ou eventuais concessões de descontos como forma de estabelecer diferencial na qualidade de seus
serviços. Assim como é expressamente vedado o oferecimento de serviços médicos por meio de consórcios e similares.
"Tais comportamentos são antiéticos e incompatíveis com o exercício da medicina, pois visam apenas o benefício próprio,
deixando de lado a segurança do paciente", explica Dr. Dênis Calazans, secretário da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Segundo ele, existem muitos aspectos que devem ser avaliados antes da realização de uma cirurgia, que vão muito além do preço,
como a relação médico-paciente, a capacitação profissional do especialista, os materiais utilizados e as condições de estrutura
e higiene do local.
Via de regra, empresas/clínicas/financeiras objetivam lucros sobre o trabalho médico, e fazem do paciente um mero objeto.
Dos processos sindicantes que tramitam pela Câmara Técnica de Cirurgia Plástica do Conselho Regional de Medicina do Estado
de São Paulo, uma impressionante maioria (70%) arrolam empresas/clínicas de intermediação em cirurgia plástica, com planos
financeiros que mais se assemelham a lojas de varejo.
"Além disso, é sempre importante lembrar que qualquer cirurgia está dentro de uma margem de risco, por isso é imprescindível
que se leve em conta o pós-operatório e suas possíveis complicações e custos", explica o Dr. Calazans. Segundo ele, existem
casos em que paciente e cirurgião se conhecem apenas no ato cirúrgico, comportamento que reforça ainda mais o descaso e pode
causar danos irreversíveis.
Por isso a SBCP alerta: os primeiros passos para uma cirurgia plástica de sucesso são a escolha do médico especialista
e o estabelecimento de uma boa relação entre ele e o paciente. Cirurgia plástica é coisa séria, pois envolve anestesia e
muitas vezes um pós-operatório doloroso e até mesmo com cicatrizes. Um cirurgião competente irá avaliar as limitações do
seu paciente e determinar o melhor e mais seguro procedimento a ser realizado, amenizando ao máximo todos os efeitos para
trazer um resultado final satisfatório.
Dr. Carlos Komatsu, membro da diretoria da SBCP dá a dica: "Antes de fazer uma compra por esses meio, pergunte-se: que
profissional é esse que precisa fazer promoção para ter seus pacientes? Eu pensaria duas vezes antes de procurar", afirma
o médico.
Fonte: SBCP