08/01/2007
Comissão de médicos atuará mais forte junto a parlamentares
A Comissão de Assuntos Políticos, formada por três representantes do Conselho Federal de Medicina (CFM) e outros
três da Associação Médica Brasileira (AMB), está a pleno vapor para o trabalho junto aos parlamentares que tomam posse no
próximo dia 1º de fevereiro. Além de continuar trabalhando em torno da Agenda da Saúde Responsável, a comissão acompanha as
movimentações da Frente Parlamentar de Saúde e expande sua atuação também para o Executivo. "Os médicos têm se conscientizado
de que o lobby é uma ação legítima quando prima pelo interesse da sociedade", avalia um dos representantes do CFM na comissão,
dr. Alceu Pimentel.
P&P - O que a comissão espera dos trabalhos da nova Frente Parlamentar de Saúde?
Dr. Alceu Pimentel - A frente fez um trabalho muito relevante nos últimos anos e consolidou seu caráter suprapartidário.
Por esta razão, acreditamos que mesmo havendo mudanças, como uma possível substituição do deputado Rafael Guerra (PSDB-MG)
à frente do grupo, será mantida sua representatividade no Congresso. Acreditamos que um dos principais focos da frente deva
ser o aperfeiçoamento do Sistema Único de Saúde (SUS) e a garantia de repasse de recursos para o setor, o que já vem sendo
defendido pela Frente. A Comissão de Assuntos Políticos, da AMB e do CFM, esteve preocupada com o anúncio, no final do ano
passado, de cortes no financiamento da saúde, previsto no Orçamento da União. Mas, também devido ao trabalho da frente parlamentar,
o presidente Lula vetou o corte de gastos. Ou seja, tem sido um trabalho efetivo que deve continuar em 2007.
P&P - E para a rede conveniada? Como será a atuação da comissão no Congresso Nacional?
Dr. Alceu Pimentel - A inclusão dos procedimentos da CBHPM no rol da ANS será a maior batalha. Consideramos que a
aprovação do projeto elaborado com este fim promoverá menos morbidade e, até mesmo, redução da mortalidade no atendimento
ao beneficiário. Isso porque, a partir do momento em que estes procedimentos forem exigências da ANS, todos os planos de saúde
terão que oferecê-los. Já existe um projeto no Parlamento sobre o assunto, inclusive tramitando em caráter de urgência.
P&P - Como tem sido o trabalho em torno da Agenda Parlamentar da Saúde Responsável?
Dr. Alceu Pimentel - Em 2006, tivemos mais de trinta audiências com parlamentares, nas quais ressaltamos a relevância
dos projetos relacionados a todo o setor de saúde, e não apenas aos médicos, desvinculando a agenda de uma imagem corporativista.
Portanto, o próximo passo será apresentar o material contendo mais de 90 projetos aos novos parlamentares. No ano passado,
estávamos preparados para fazer isto no dia 17 de outubro, em que é comemorado o Dia do Médico, mas diante do alto índice
de renovação do Congresso Nacional, preferimos mudar a data. Neste início de legislatura, entraremos em contato com deputados
e senadores para divulgar o material e iniciar a parte mais prática em torno da agenda. Enquanto isso, a comissão continua
analisando outros projetos que possam compor a agenda. As atualizações estarão disponíveis em uma página na internet.
P&P - Além de apresentar os projetos, que outras ações serão implementadas pela Comissão?
Dr. Alceu Pimentel - Por exemplo, existem dois projetos relacionados ao exame de proficiência a ser realizado por
médicos que interessam tanto aos médicos quanto a outros setores da sociedade. Iniciaremos contatos com os novos relatores
da proposição e das comissões permanentes das duas Casas para viabilizar a realização de um evento, preferencialmente um seminário,
em que as entidades do movimento médico e outros setores da sociedade interessados discutam o tema. A intenção é contribuir
para a construção da lei e até mesmo de uma posição do movimento médico sobre o tema, já que ainda não há um consenso. Outro
projeto é o apresentado pelo deputado Dr. Pinotti, que trata sobre a abertura de novos cursos na área de saúde. A Comissão
de Assuntos Políticos já entrou em contato com ele para apresentar a realidade em que especialmente o curso de medicina se
encontra e apontar os padrões a serem aplicados por estes novos cursos.
P&P - A comissão também atuará junto ao Executivo, como em questões de sanção de projetos?
Dr. Alceu Pimentel - Sim, o trabalho deve se estender ao Executivo, não se restringindo ao Parlamento. Na criação
da comissão, pretendíamos atuar apenas junto aos parlamentares, mas percebemos que existem questões a serem tratadas na outra
esfera. Um exemplo seria o ajuste complementar em ter Brasil e Cuba em torno da validação do diploma de médico daquele país
em solo brasileiro. A comissão apresentou uma carta à Casa Civil sobre o tema. Ou seja, embora o Congresso apresente a maior
demanda, também estaremos junto ao Executivo, como no Ministério da Saúde e da Educação, por exemplo.
Fonte: P&P - Saúde Suplementar