05/10/2005
Eu tinha uns sete anos e morava na Coréia. Um dia estava voltando para casa e no meio da rua achei uma nota
que deve valer uns 20 reais atualizando. Cheguei em casa com o dinheiro e mostrei ao meu pai.
Quando ele soube
como eu tinha achado, me disse que eu tinha cometido um erro, pois quem perdeu a nota deve estar procurando e eu não
devia ter pegado, pois a nota não era minha. Na hora sai de casa e voltei ao lugar onde tinha achado a nota e coloquei
no mesmo lugar com uma pedrinha em cima para não voar e fiquei sentada agachada ao lado da nota esperando aparecer
o dono da nota. E se ele aparecesse, eu pretendia pedir desculpa por ter pegado a nota que não era a minha.
Quando meu pai percebeu que eu tinha saído e demorava em retornar, mandou a empregada a me procurar, e me achou
sentada no meio da rua agachada ao lado da nota.
Como não aparecia o dono da nota desiste de esperar e
voltei para casa.
Ao chegar em casa com a nota, pai me perguntou o que eu ia fazer com a nota, ao responder que
não sabia, recebi repressão do pai por ter pego uma coisa que não me pertencia e ele achava que eu devia
tentar devolver ao dono da nota e fomos à Delegacia mais próxima da casa. Na Coréia todo o bairro tem
delegacia.
Na delegacia fizemos Boletim de Ocorrência e voltamos felizes para casa, com a nota cheguei
a sonhar quanta guloseima poderia comprar, mas não teria ficado mais feliz se tivesse gastado com guloseima.
Após um ano, na verdade eu já tinha até esquecido da nota, recebemos um comunicado da Delegacia me
chamando, quando fomos, fui recebida pelo delegado que me informou que durante um ano não tinha aparecido um possível
dono da nota e nenhum BO sobre a perda da nota, sendo assim a nota seria a minha. Com meus oito anos fiquei meio frustrada
ao relembrar sobre a nota.
Neste momento o meu pai perguntou o que eu ia fazer? Como eu não tinha plano
nenhum, meu pai sugeriu a doar a nota para caixa de flagelados da enchente, lembro que prontamente concordei e mais uma vez
fiquei feliz com o destino da nota.
Ao sair da delegacia, meu pai me elogiou e me levou numa confeitaria onde
ele gastou muito mais que 20 reais com guloseimas.
Assim vivemos felizes para sempre.