01/04/2022
Perspectiva é de grande transformação no poder assistencial do município, que ficou sete anos sem estrutura plena de serviços. A homenagem do CRM-PR aos gestores, munícipes e aos médicos que atuam na região
Carlópolis terá na manhã deste 2 de abril uma série de atividades em comemoração ao aniversário de 115 anos de emancipação político-administrativa da cidade do Norte Pioneiro. Cerimonial religioso será sucedido de atividades cívicas e apresentação de fanfarra e poesias das escolas municipais, sendo que o ponto principal da cerimônia será a reinauguração do Hospital São José, agora totalmente reformado, ampliado e equipado. Fundado nos anos 1970, o hospital ficou anos sem oferecer serviços plenos à população de mais de 14,3 mil habitantes, exigindo a busca de assistência em outros municípios da região.
O atual prefeito da cidade é o advogado e empresário Hiroshi Kubo, que cumpre o seu segundo mandato e tem como vice a médica Ana Lúcia Moreno da Silva (CRM-PR 7.710), que tem mais de 40 anos de atuação na profissão. O CRM-PR congratula-se com os gestores, servidores e todos os cidadãos carlopolitanos (ou carlopelenses), o que inclui os 24 médicos ativos com residência no município e os demais que também desenvolvem suas atividades no local. A classe médica, ainda, solidariza-se com os familiares das vítimas da Covid-19 na municipalidade. De acordo com a Sesa, desde o início da pandemia, pelo menos 42 pessoas morreram na cidade por causa da doença, que teve mais de 1.340 casos de infecções confirmados.
Um dos médicos mais antigos de Carlópolis é o Dr. José Merhi Mansur (CRM-PR 2.555), formado em 1969 pela Católica do Paraná. Em 2019, por ocasião dos festejos do Dia do Médico, o Dr. José recebeu o Diploma de Mérito Ético-Profissional pelos 50 anos de trabalho exemplar. Os dois filhos dele, médicos também em Carlópolis, fizeram a entrega da comenda na sede do CRM-PR: o Fernando Merhi Mansur (30.054), especialista em ortopedia e traumatologia, e José Merhi Mansur Filho (18.292), que também ocupa uma cadeira no legislativo municipal, seguindo assim os passos do pai, o vereador mais votado em várias legislaturas. Outra vereadora médica na atual gestão é a Dra. Jusselem Maria Costa (10.862), que tem quase 35 anos de exercício da Medicina.
O rol de médicos com participação ativa na política e no desenvolvimento da cidade inclui o Dr. Isaac Tavares da Silva (CRM-PR 6.601), com 43 anos de profissão e que é especialista em ginecologia e obstetrícia. Irmão do também médico Delcino Tavares da Silva (2.589), que foi secretário estadual da Saúde, o Dr. Isaac foi prefeito de Carlópolis por dois mandatos, sendo que a preocupação em manter o funcionamento do hospital local foi uma de suas prioridades.
Reabertura do hospital
Com o Hospital São José de portas fechadas nos últimos sete anos, os moradores de Carlópolis deixaram de contar com muitos atendimentos em saúde, especialmente na área de obstetrícia. Ao longo deste período, o município manteve um pronto atendimento 24 horas, onde eram atendidos os casos de urgência e emergência. Os casos mais graves ou de internamentos eram encaminhados para hospitais de referência em cidades vizinhas.
Agora, no aniversário da cidade, o hospital reabre as portas para ser uma referência na região e atender os 22 municípios da 19ª Regional de Saúde. A unidade contará com atendimentos nas seguintes especialidades: ginecologia, urologia, vascular, otorrinolaringologia, ortopedia, oftalmologia, cardiologia, gastroenterologia, pediatria, obstetrícia e anestesiologista.
De acordo com o médico Glauber Garbim (24.594), do CIS (Centro Integrado em Saúde), empresa vencedora da licitação para a gestão do hospital, a implementação dos serviços compreende três fases, sendo a primeira o pronto-socorro, a segunda a maternidade e a terceira e última os atendimentos especializados e as cirurgias eletivas. O CIS já faz a administração de outros três hospitais nas cidades de Santa Mariana, Faxinal e Quatiguá.
O contrato de concessão foi assinado em 28 de fevereiro e tem a duração de 20 anos. Ainda de acordo com Garbim, o hospital está inserido no teto MAC (Média e Alta Complexidade), voltado para atendimento tanto emergencial quanto cirúrgico eletivo. “Vale ressaltar que todo nosso atendimento em qualquer unidade segue os mesmos princípios de qualidade, resolubilidade e gratuidade ao usuário, sendo 100% SUS”, afirma.
A reforma do Hospital São José foi concluída em abril de 2021 e, no início deste ano, foi realizado o processo licitatório para a concessão de uso do prédio. “A expectativa é a melhor possível, um desejo do povo que aguarda com grande ansiedade a reabertura do Hospital São José, totalmente reformado, ampliado e equipado. Agora todo esse patrimônio pertence ao município. Prevemos reduzir em 90% os deslocamentos de pacientes em busca de atendimento em outros municípios”, ressalta o prefeito Hiroshi Kubo. Entre os atendimentos, o setor de obstetrícia é um dos mais aguardados.
“Há sete anos não nasce um carlopolense. Por essa razão, a obstetrícia é uma das principais prioridades do novo hospital. Hoje, as gestantes têm que se deslocar até o Hospital Regional, em Santo Antônio da Platina, distante 54 quilômetros para realizarem seus partos. Houve, inclusive, casos de partos ocorridos durante o deslocamento. Com a ativação da parte obstétrica daremos mais conforto e segurança para nossas gestantes e seus familiares”, afirma.
Sonho resgatado
Fundado em 1971, nas dependências do atual Centro de Saúde Municipal, o hospital de Carlópolis foi um sonho realizado pela Associação Beneficente Educacional e Cultural das Irmãs de Santa Catarina e Medéias. Anos depois, em um movimento liderado pela Madre Superiora Adorema Ana Rech, iniciou-se os planos de construção de um imóvel que pudesse abrigar o futuro Hospital São José. A Prefeitura Municipal doou um terreno de mais de 19 mil metros quadrados e com as doações de moradores, políticos, agricultores e comerciantes, deu-se início à construção do hospital, em 1975.
Ao longo de quatro décadas, as irmãs da Associação Beneficente foram responsáveis pelos atendimentos, mas as dificuldades financeiras começaram a comprometer o funcionamento da unidade. Em 2011, as irmãs decidiram repassar o gerenciamento do hospital para uma empresa, diante do pagamento à associação de um valor referente à locação do imóvel. Sem acordo com a administração municipal, na época, a Prefeitura entrou com um mandado de segurança requerendo a administração do hospital e nomeou um interventor para gerir os atendimentos.
Em pouco tempo, o hospital que realizava internamentos, partos e cirurgias passou a ser apenas um Pronto Atendimento. Foi quando os pacientes de Carlópolis começaram a ser encaminhados a outras cidades em busca de tratamento. Em 2017, o atual prefeito Hiroshi Kubo negociou com as irmãs a aquisição do imóvel no valor de R$ 2,3 milhões. Mas para voltar às atividades, era preciso investir outros R$ 6 milhões em uma grande reforma, dentro das normas de vigilância sanitária. Com a venda de terrenos ociosos da Prefeitura e ajuda do governo estadual, foi possível investir em uma ampliação para o hospital para a instalação de um centro diagnóstico.
Os recursos foram liberados em 2019 e, por meio de um processo licitatório, a construtora Alvorada ficou responsável pela reforma de 1.753,55 m² do antigo prédio que abrigava o Hospital, mais a construção do Centro de Diagnóstico (249,43 m²) e do heliponto (300 m²). De acordo com Kubo, com o pleno funcionamento de todas as áreas de atendimento previstas, serão abertos cerca de 80 novos empregos diretos no município. “Com o hospital terceirizado teremos melhorias também na Atenção Primária porque permitirá ao município fazer o remanejamento dos profissionais efetivos e dos concursados que estavam até então no Pronto Atendimento, reforçando os atendimentos nas UBS. A Saúde do município de Carlópolis como um todo, passará por uma grande transformação.”
História da cidade
As primeiras ocupações na região foram de paulistas que cruzavam o Rio Itararé em busca de ouro e pedras preciosas, bem como de caças e solo fértil. Enquanto nascia Santo Antonio da Platina, algumas famílias ficaram pelo caminho e iniciaram o povoado de Jaboticabal, que em agosto de 1901 foi elevado à condição de Distrito Policial, com território pertencente a São José da Boa Vista. Pela lei estadual n°713, de 2 de abril e 1907 e sancionada pelo governador João Cândido Ferreira, foi criado o município de Jaboticabal, instalado em julho do mesmo ano. A cultura cafeeira ajudou a impulsionar o desenvolvimento local e, em 20 de março de 1920, a lei estadual 1.943 acatou resolução da Câmara Municipal para alterar o nome da cidade para Carlópolis. Uma homenagem ao ex-presidente do Paraná, Carlos Cavalcanti de Albuquerque, que teve seu governo de 1912 a 1916, período em que ocorreu a Revolta do Contestado.
O município se desenvolver graças à agricultura, experimentando período de grande crescimento entre o final da década de 1940 e o início dos anos 1970. A construção da Usina Hidrelétrica de Chavantes, inaugurada em 1959, foi determinante para uma mudança radical da economia local, depois que um terço da área agrícola ter sido inundada, impondo queda brutal na produção. Contudo, a exploração do potencial turístico e a diversificação da produção rural, com introdução no mercado de frutas de excelente qualidade, impulsionaram os indicadores econômicos e sociais. Neste 31 de março, a cidade paulista de Fartura, que faz divisa com ponte com Carlópolis, comemorou os 131 anos de emancipação e mereceu congratulações da secretaria de turismo do município paranaense.
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Fontes: CRM-PR com dados da Folha de Londrina e Prefeitura de Carlópolis.