Conselho Regional de Medina do Paraná e Unimed Curitiba tentam incentivar os profissionais a procurar tratamento contra
a dependência
Apesar de trabalharem em função da saúde e do bem-estar da população, os médicos também são indivíduos suscetíveis a doenças
e vícios como qualquer outra pessoa. Entre os males que atingem a categoria, um dos mais preocupantes é o tabagismo, responsável
por uma em cada oito mortes no mundo atualmente, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). De acordo com o último levantamento
disponível a respeito da saúde dos médicos brasileiros, uma pesquisa feita em 2004 pelo Conselho Federal de Medicina (CFM),
cerca de 7% dos médicos brasileiros são dependentes do tabaco.
Mesmo parecendo pequeno, esse percentual acaba se tornando significativo por se tratar da classe mais bem informada sobre
os malefícios causados pelo tabaco. Para tentar reduzir o número de fumantes entre a classe médica curitibana, o Conselho
Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) e a Unimed Curitiba lançam hoje uma campanha específica para incentivar os médicos
tabagistas a procurarem tratamento especializado para combater o vício.
"Sabemos que o tabagismo é uma das dependências químicas mais difíceis de abandonar, principalmente pelo fato de se tratar
de uma droga legalizada, por isso estamos incentivando os médicos que fumam a procurarem colegas psiquiatras para receberem
orientações de como deixar o vício, já que o tabagismo é considerado uma doença psiquiátrica, por causar dependência química",
explica o coordenador da Comissão de Saúde do CRM-PR e presidente da Sociedade Paranaense de Psiquiatria, Marco Antônio Bessa.
De acordo com ele, a campanha deve durar no mínimo um ano, quando será feita uma avaliação dos resultados dessa iniciativa.
Benefícios
Também integrante da comissão, a pneumologista Roseni Teresinha Florencio diz acreditar que a campanha pode trazer outros
benefícios, além de melhorar as condições de saúde dos colegas tabagistas. "Combater o vício do tabaco também é uma medida
preventiva do erro médico porque, a partir do momento em que o profissional tem melhores condições de saúde, ele atende o
paciente de forma adequada e corre menos risco de cometer falhas", afirma.
Para ela, a campanha também se torna necessária porque muitas vezes a consciência dos malefícios causados pelo cigarro
não é suficiente para vencer o vício, mesmo entre a classe médica.
Força de vontade
O diretor-geral do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba, Constatino Miguel Neto, é um dos exemplos de como é
preciso muita força de vontade e apoio da família, dos amigos e dos colegas de trabalho para conseguir abandonar a dependência.
Fumante desde a adolescência, o médico conseguiu largar o cigarro somente há quatro anos, depois de mais de 40 anos de luta
contra o vício.
"Sofri muito e demorei algum tempo para conseguir, parando e voltando a fumar várias vezes", conta. "Depois que você fica
dependente, é muito difícil de largar porque, apesar de ser médico, você se torna um viciado como qualquer outro."
Para ele, a solução encontrada para abandonar o tabaco foi diminuir a quantidade de cigarros diariamente. No entanto,
ele afirma que se tivesse buscado tratamento específico, poderia ter se livrado da dependência mais rapidamente.
OMS nega aval a cigarro eletrônico
Genebra - A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que não dará seu aval à utilização dos cigarros eletrônicos, vendidos
no Brasil e em outros países como um método seguro para deixar de fumar. O aparelho foi desenvolvido na China e funciona da
mesma forma que os adesivos e chicletes de nicotina, liberando aos poucos a substância ao fumante. A diferença em relação
aos outros produtos, porém, é a simulação do ato de fumar. Para especialistas, isso poderia ajudar as pessoas a largar o vício.
O cigarro chega até a emitir fumaça, ainda que de vapor.
A agência das Nações Unidas para a saúde alertou que empresas que comercializam o cigarro eletrônico usam de forma ilegal
o logotipo da OMS em suas publicidades. "O produto ainda não foi testado corretamente e nem mesmo tem garantias sanitárias
mínimas", afirmou o diretor da área de tabaco da OMS, Douglas Bettcher. "Sabemos que o aparelho tem nicotina e muitos outros
elementos que ainda não sabemos identificar, mas que entram diretamente aos pulmões."
Bettcher também deixou claro que a OMS ainda não fez testes para saber se o produto é nocivo à saúde. "A OMS não considera
o cigarro eletrônico como uma terapia legítima para deixar de fumar, portanto a agência não o apóia e pede às empresas implicadas
que retirem imediatamente o logotipo de seus anúncios", disse o diretor. A OMS não descarta abrir ações legais contra as empresas.
Além do Brasil, o cigarro eletrônico está à venda no Canadá, Finlândia, Israel, Líbano, Holanda, Suécia, Turquia e Grã-Bretanha.
Fonte: Gazeta do Povo com dados da Agência Estado
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