28/11/2016
Queda de avião vitimou profissionais de imprensa e a delegação da Chapecoense, incluindo o médico Marcio Bestene Koury. Presidência da República decretou luto de três dias
O Conselho Regional de Medicina do Paraná registra com profundo pesar o trágico acidente aéreo ocorrido em território colombiano e que matou mais de 70 pessoas, em sua maioria integrantes da delegação do clube de futebol Chapecoense – atletas, comissão técnica e diretores – e também profissionais de imprensa. Entre as vítimas, ainda, além de tripulantes da aeronave, estava o médico Marcio Bestene Koury, de 44 anos, nascido e formado no Acre e que estava já há mais de 10 anos em Chapecó, Santa Catarina, tornando-se o coordenador médico da equipe, que além de destaque este ano na série A do Campeonato Brasileiro também se qualificou para disputar o título de campeão da Copa Sul-Americana. O CRM-PR junta-se à corrente de solidariedade e conforto aos familiares e amigos e, ainda, expressa sua confiança de que aos sobreviventes esteja sendo oferecida toda atenção médica necessária.
Ao site G1 do Acre, o tio do médico, empresário José Bestene, disse na manhã desta terça-feira (29) que o momento é de dor e que está sendo muito duro acompanhar toda a situação de longe. “Agora a gente está procurando informações oficiais. A irmã dele está em Lisboa e a mãe fazendo exames em Goiânia. Antes de viajar, ele postou uma foto na poltrona do avião. Estava feliz, mandou fotos também para a mulher. É um momento duro e de muita dor”, lamenta. Além de formado em Medicina pela Universidade Federal do Acre (Ufac), Marcio Bestene Koury também tinha formação em engenharia. Ele se radicou em Santa Catarina, onde casou. Tinha duas filhas, uma de seis e outra de 11 anos. Fez especialização em medicina desportiva em São Paulo e tinha como um dos sonhos compor a equipe médica da Seleção Brasileira. A família ainda vai decidir se o sepultamento será realizado em Rio Branco ou em Chapecó.
O Presidente da República, Michel Temer, decretou luto de três dias pela tragédia com o time da Chapecoense. O decreto, contudo, não tem efeito prático nas atividades do governo federal. Ao mesmo tempo, foi acionado o Ministério das Relações Exteriores para prestar todo o apoio possível às famílias e para o traslado dos corpos. Nesta terça-feira em São Paulo, no Encontro Sul/Sudeste realizado pelo Conselho Federal de Medicina para debater as propostas para revisão do Código de Ética Médica, representantes dos Conselhos Regionais lamentaram o desastre, que interrompeu o momento de grande júbilo de Chapecó e do Estado de Santa Catarina com a projeção esportiva do clube local. O presidente do CRM-PR, Luiz Ernesto Pujol, expressou sua consternação com o episódio.
O acidente
O voo que transportava a equipe da Chapecoense partiu na noite de segunda-feira (28) de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, em direção a Medellín. Segundo a imprensa local, a aeronave perdeu contato com a torre de controle às 22h15 (local, 1h15 de Brasília), entre as cidades de La Ceja e Abejorral, e caiu ao se aproximar do Aeroporto José Maria Córdova, em Rionegro, perto de Medellín.
O Comitê de Operação de Emergência (COE) e a gerência do aeroporto informaram que a aeronave se declarou em emergência por falha técnica às 22h (local) entre as cidades de Ceja e La Unión.
Os motivos do acidente ainda são desconhecidos. A imprensa colombiana chegou a cogitar possível falta de combustível. Uma operação de emergência foi ativada para atender ao acidente. A Força Aérea Colombiana dispôs helicópteros para ajudar em trabalhos de resgate, mas missões de voos foram abortadas nesta madrugada por causa das condições climáticas. Choveu muito na região na noite de segunda, o que reduziu muito a visibilidade. Equipes chegaram ao local do acidente por terra, mas o acesso à região montanhosa é difícil e a remoção é lenta.