CRM-PR e Secretaria da Saúde de Curitiba debatem Manejo Clínico da Dengue
Evento no auditório do Conselho tratou de ações conjuntas contra o avanço da doença e foi acompanhado ao vivo por quase mil
participantes, entre presenciais e online
clique para ampliarEvento contou com a participação de quase mil
pessoas, entre participantes online e presenciais (Foto: CRM-PR)
O Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR)
e a Secretaria da Saúde de Curitiba realizaram, na noite desta quarta-feira (7), o Fórum de Manejo Clínico
da Dengue – 2024. O evento, realizado na sede do CRM-PR, foi acompanhado por 950 participantes online - que assistiram
à transmissão ao vivo pelo canal
do CRM-PR no YouTube - e 45 presentes, reunidos para tratar de ações conjuntas contra o avanço da
doença. Participaram do evento o presidente do CRM-PR, Romualdo Gama, o vice-presidente, Eduardo Baptistella, a secretária
municipal de saúde de Curitiba, Beatriz Battistella Nadas, e o diretor do Centro de Epidemiologia da SMS, Alcides de
Oliveira.
Durante o fórum, técnicos
e coordenadores da secretaria detalharam como deven ser atendidos e encaminhados os suspeitos de dengue e as ações
para evitar a circulação do mosquito Aedes aegypti. De acordo com o último boletim do município,
foram registrados 254 casos de dengue neste início de fevereiro de 2024 em Curitiba. Do total, 31 são autóctones,
ou seja, a contaminação ocorreu na cidade. Os outros 223 foram importados.
clique para ampliarPróximo evento do CRM-PR, em parceria com a SESA, trará
tema da dengue novamente (Foto: CRM-PR)
Janeiro de 2024 teve número oito vezes maior
na comparação com janeiro de 2023, quando foram registrados 25 casos, todos importados. O ano passado inteiro
teve 35 casos autóctones. Agora, em apenas um mês, o município contabilizou mais da metade das contaminações
locais do ano anterior.
No
dia 23 de janeiro, o CRM-PR divulgou o podcast "Café com o CRM-PR" especial sobre a dengue, no qual o presidente Romualdo Gama
debateu o avanço da doença com o diretor-geral da SESA, César Neves.
No próximo
dia 21 (quarta-feira), o CRM-PR promoverá novo evento sobre o tema. O painel "Dengue: da prevenção
ao tratamento", realizado em parceria com a SESA, abordará o papel do médico e dos gestores. Não
é necessário inscrição para participar, bastando acessar o canal do CRM-PR no YouTube a partir das 19 horas.
Tudo o que você precisa saber sobre a
dengue para ficar protegido
1 - O que é
a dengue?
A dengue é uma doença infecciosa causada
por um vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. Ela causa sintomas como febre alta, dores no corpo e
pode até ser fatal. Ainda não existe um tratamento específico, por isso a melhor proteção
é evitar o foco do mosquito.
2 - Como identificar o mosquito da dengue?
O pernilongo comum (Culex quinquefasciatus)
possui tom monocromático marrom, já o mosquito da dengue, o Aedes aegypti, possui o corpo preto com listras
brancas. A coloração “zebrada” do mosquito da dengue facilita a sua identificação.
Outra característica é que o mosquito
da dengue é menor que os mosquitos comuns e tem hábitos diurnos. Não é possível distinguir a picada do Aedes aegypti da picada do mosquito
comum, porém, a sensação de eventual coceira ou incômodo é igual à picada de qualquer
outro mosquito. Em geral, o mosquito da dengue costuma
picar nas regiões dos pés, tornozelos e pernas. Mas a picada pode acontecer em outras áreas expostas
do corpo.
3 - Quantos dias após
a picada do mosquito a dengue se manifesta?
De dois a dez dias, podendo chegar a 12 dias. Esse é
o chamado período de incubação.
4. A dengue é contagiosa? Pode ser transmitida de pessoa a pessoa?
A dengue é contagiosa, mas não entre pessoas.
A contaminação só é possível a partir da picada de uma fêmea de Aedes aegypti
que esteja carregando o vírus. Quando o mosquito
pica uma pessoa infectada, o vírus se aloja e se multiplica no intestino do inseto, espalhando-se por outras áreas,
inclusive as glândulas salivares. A partir desse momento, o mosquito pode transmitir a doença nas próximas
picadas.
5 – Quais os sintomas
da dengue?
Febre alta (usualmente entre 2 e 7 dias) associada a
dois ou mais dos seguintes itens:
- Náuseas ou vômitos
- Manchas vermelhas no corpo
- Dor no corpo e articulações
- Dor de cabeça ou dor atrás dos olhos
- Mal-estar
- Falta de apetite
Todo caso suspeito deve ser notificado pelo serviço
de saúde à Secretaria Municipal da Saúde, acompanhado e orientado para usar repelentes durante o período
agudo de sintomas (primeiros 7 dias). O uso de repelentes nesse período visa afastar o risco de contaminação
de mosquitos e retransmissão da doença na região.
6 – Há grupos de risco para
a dengue?
A dengue pode evoluir para a forma grave principalmente
em pessoas mais vulneráveis, como idosos, crianças, gestantes, pessoas com doenças crônicas e imunossuprimidos.
7 - Tem exame para detectar dengue?
Sim, a rede municipal de Curitiba oferece exame laboratorial
de confirmação para casos suspeitos. Para
casos leves, o exame de sangue é processado pelo Laboratório Municipal de Curitiba e avalia se há infecção
recente (NS1, até 6 dias) ou se já há anticorpos para a doença (IGM, após 6 dias). Casos graves, pacientes hospitalizados e gestantes têm a
amostra enviada ao Laboratório Central do Estado do Paraná (Lacen-PR) para a realização de exame
de biologia molecular que permite, além de analisar se há infecção pelo vírus da dengue,
qual é o subtipo. Este exame também analisa se há infecção por outras três arboviroses
(doenças causadas por vírus transmitidos principalmente por mosquitos), que têm sintomas semelhantes ao
da dengue: zika, febre amarela e oropouche. O paciente
com suspeita de dengue deve procurar atendimento pela Central Saúde Já 3350-9000, unidade de saúde ou
UPA. Em caso de necessidade, ele será encaminhado para a realização de exame.
8 – Estou com sintomas de dengue.
E agora, o que fazer?
Caso os sintomas sejam leves, o curitibano pode procurar
atendimento pela Central Saúde Já, pelo telefone 3350-9000. A Central Saúde Já oferece, quando
necessário, teleconsulta e videoconsulta médica por meio do aplicativo Saúde Já Curitiba. Já
em situações mais complexas, o paciente pode procurar sua unidade de referência ou uma UPA da cidade.
A hidratação intensa é o principal
tratamento para a dengue, mas é preciso atenção para o agravamento do quadro. No quinto dia de sintomas,
se houver algum sinal de alarme, como náuseas ou vômito, além da febre persistente e dor intensa de cabeça,
é preciso buscar um serviço de saúde. Em
caso de suspeita de dengue, não se deve utilizar medicamentos à base de ácido acetilsalicílico,
pois eles podem agravar os riscos de hemorragia que a doença provoca.
9 – Quanto tempo dura a dengue no
corpo de uma pessoa?
Varia de 3 a 15 dias, sendo, em média, de 5 a
6 dias.
10 - Quem já teve dengue uma vez
pode ser contaminado de novo?
Uma pessoa pode ser infectada por dengue até
quatro vezes, por quatro sorotipos diferentes da doença. Após infectado, o paciente adquire imunidade apenas
àquele sorotipo, podendo contrair os demais. A cada reinfecção, o risco de complicações
pode aumentar.
11 – O que é uma ação
de bloqueio, após a confirmação de um caso?
As equipes de vigilância ambiental da Secretaria
Municipal da Saúde realizam uma vistoria na região onde a pessoa mora para verificar se há focos do mosquito
transmissor e se há mais casos suspeitos de dengue.
É importante que quem contraiu a doença,
seja em viagem ou na cidade, use repelentes durante os primeiros sete dias de sintomas, período agudo da dengue. O
uso de repelentes nesse período visa afastar o risco de contaminação dos mosquitos e retransmissão
da dengue na região onde a pessoa vive.
12 - Como proteger a minha casa contra a dengue?
A vistoria semanal das casas, quintais e locais de trabalho
são medidas efetivas para eliminar possíveis criadouros do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue,
zika e chikungunya. Isso é necessário porque o ciclo de reprodução do Aedes, entre ovo, larva
e mosquito adulto, é de apenas uma semana. Eliminando a água parada, esse ciclo é interrompido. Semanalmente é preciso vistoriar a residência e o
quintal em busca de recipientes que acumulam água, desde uma pequena tampinha esquecida no jardim, aos tonéis
de captação de água de chuva. A
orientação é que esses reservatórios de água sejam mantidos tampados, inclusive com o uso
de telas para impedir a entrada da fêmea do Aedes, que procura o local ideal para depositar seus ovos.
13 – Além de cuidar do quintal,
há outras medidas de prevenção?
Quem viaja para regiões onde há epidemia
de dengue, mora ou visita áreas de grande infestação, precisa se prevenir fazendo uso de repelente. A proteção contra picadas do mosquito transmissor
da dengue, zika e chikungunya é necessária principalmente ao longo do dia, pois o Aedes aegypti tem
hábitos diurnos e geralmente se esconde embaixo de mesas e camas. O repelente deve ser reaplicado periodicamente, tendo
em vista que com o suor ele pode perder o efeito. Em
áreas de grande infestação, outra orientação importante é o uso de mosquiteiros
sobre a cama, uso de telas em portas e janelas e, quando disponível, ar-condicionado para manter os ambientes fechados
e evitar a entrada dos mosquitos.
14
– Há vacina disponível contra a dengue em Curitiba no SUS?
O Ministério da Saúde só está
enviando vacinas para os municípios que enfrentam epidemias sucessivas de dengue e Curitiba não se enquadra
nesse critério, pois nunca enfrentou epidemia da dengue. Por isso, Curitiba não terá vacinação
contra a dengue pelo SUS. Atualmente, o público-alvo
para a vacinação contra a dengue no país, nos municípios em que o imunizante estará disponível
pelo SUS, é de crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos.
15 - Quais ações da Prefeitura
para evitar a proliferação de mosquito da dengue?
Curitiba mantém alerta constante, durante todo
o ano, para evitar a circulação do mosquito Aedes aegypti. Para isso, o Programa Municipal de Controle
do Aedes aegypti da Secretaria Municipal da Saúde realiza vistorias (inclusive com o uso de drones), faz monitoramento
com armadilhas para o inseto (ovitrampas e mosquitraps) e realiza identificação laboratorial de larvas e mosquitos.
Há, ainda, ações pedagógicas,
delimitações de focos do mosquito, bloqueios epidemiológicos em áreas com focos positivos e casos
da doença, LIRAa (Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti),
conforme diretriz do Ministério da Saúde, e, ainda, um extenso cronograma de mutirões de limpeza do Curitiba
sem Mosquito. A Central 156 recebe solicitações
de pedidos de fiscalização em locais com suspeita de água acumulada. E a Central 3350-9000 tira dúvidas
e faz orientações em casos de suspeita de dengue, assim como disponibiliza tele e vídeo consulta médica,
em caso de necessidade. Além disso, toda a rede municipal de saúde, com suas unidades básicas, UPAs 24
horas e hospitais estão capacitados e prontos para atender.
16 – Curitiba vive uma epidemia de dengue atualmente?
A situação da dengue em Curitiba não
caracteriza epidemia, ao contrário da situação vivida em vários municípios de outros estados
do Brasil e interior e litoral do estado do Paraná. Mas
a proximidade destes locais e o fluxo constante de viajantes podem contribuir para um aumento de casos de dengue aqui. O viajante
pode se infectar em outra cidade e, ao retornar à Curitiba, ser picado pela fêmea do Aedes aegypti,
capaz de carregar o vírus e infectar outras pessoas. Por isso, é importante eliminar os criadouros do mosquito
em Curitiba e, ao mesmo tempo, realizar os bloqueios nos locais em que há casos.
Fonte: CRM-PR, com informações da
Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba