09/06/2014

CRM-PR destaca importância de não utilizar jaleco fora do ambiente do trabalho

Já existe lei estadual que proíbe o uso em lugares externos, como restaurantes e lanchonetes. A conscientização evita a possível proliferação de bactérias e vírus do ambiente hospitalar

clique para ampliar>clique para ampliarJalecos devem ser utilizados somente no ambiente interno dos estabelecimentos de saúde.

Sancionada em 2010, a lei estadual 16.491 proíbe os profissionais de saúde de utilizar jalecos, aventais e outros equipamentos em ambientes externos ao trabalho. O assunto já era regido pela Norma Regulamentadora NR-32, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, porém, com a lei estadual, quem for pego infringindo a determinação pode receber multa no valor de R$ 193,72. A Secretaria Estadual da Saúde é a responsável pela fiscalização através dos departamentos de vigilância sanitária.

Ao contrário do que a maioria da população pensa, o risco de contaminação é mais provável no sentido do hospital para a comunidade, daí a importância de cumprir a lei. Em uma pesquisa realizada por alunas da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), câmpus de Sorocaba, em 2010, 95% dos jalecos médicos examinados estavam contaminados. Entre os micro-organismos identificados, está uma bactéria considerada um dos principais agentes de infecção hospitalar, a Staphilococcus aureus. A pesquisa foi realizada pelas alunas Fernanda Dias e Débora Jukemura, sob orientação da professora Maria Elisa Zuliani Maluf.

A proposta surgiu após a constatação de que alunos e residentes do hospital-escola do Conjunto Hospitalar de Sorocaba, da rede estadual de saúde, saíam para o almoço em bares e restaurantes sem tirar o jaleco.

Proteção x contaminação

O estudo conclui que em vez de proteger o usuário, o jaleco médico – indicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como equipamento de proteção individual – pode ser fonte de contaminação. O objetivo foi comparar a microbiota - conjunto de micro-organismos que habitam um ecossistema - existente nos jalecos, sobretudo na região do punho e na pele dessas pessoas, com a dos não usuários. Foram avaliados 96 estudantes de Medicina, distribuídos nos seis anos da graduação, que atuam na enfermaria de clinica médica do hospital. A metade usava jalecos (de mangas longas) e a outra metade não.

A própria OMS, em seu manual de Biossegurança Laboratorial, recomenda que o uso do EPI seja restrito aos ambientes de trabalho, com a intenção de redução infectocontagiosa de micro-organismos pelo uso do jaleco.

Estudos

A edição de setembro de 2013 do American Journal of Infection Control trouxe um estudo cuja conclusão afirma que germes perigosos podem se esconder nos uniformes de médicos e enfermeiras.

Pesquisadores do Shaare Zedek Mecical Centerin de Jerusalém fizeram culturas de três manchas de uniformes de 75 enfermeiras e 60 médicos trabalhando num hospital com 550 leitos. Patógenos potenciais (conhecidos também como agentes infecciosos ou germes) foram encontrados em 63% dos uniformes. Também foram encontradas bactérias resistentes a antibióticos em amostras de 14% dos uniformes das enfermeiras e 6% dos uniformes dos médicos. Oito das culturas se desenvolveram como Estafilococos aureus resistentes à meticilina. Ainda, a taxa de contaminação com patógenos resistentes a antibióticos foi maior em roupas que eram trocadas a cada dois dias, em relação às trocadas diariamente.

Alerta na TV

No mês de abril, o programa Tempo Quente, do apresentador Léo José, em Londrina, trouxe uma denúncia de uma telespectadora que comentou a constante presença de profissionais da área da saúde usando jalecos nos estabelecimentos ao redor de hospitais públicos e clínicas centrais da cidade.

Com isso, o CRM-PR reitera a importância de que os médicos cumpram a lei. “Além das questões científicas, é importante observar a norma em respeito à população, pois esse comportamento não é adequado em nossa cultura social”, afirma o presidente do CRM-PR, Mauricio Marcondes Ribas.

A denúncia abordava o receio das pessoas de que os jalecos pudessem levar contaminação externa para o ambiente hospitalar. Entretanto, o risco de fato é o contrário. De acordo com o conselheiro Alceu Fontana Pacheco Júnior, médico infectologista, o maior problema não seria a contaminação de agentes patológicos dos restaurantes para os hospitais e, sim, o inverso. “As possibilidades de o profissional de saúde carregar germes da comunidade para dentro do hospital é pouco significativa do ponto de vista patológico. As bactérias mais perigosas, as multirresistentes, já estão dentro dos hospitais. Sendo assim, não há muita significância no transporte de bactérias da comunidade para dentro do hospital", diz.

CRM-PR com informações da IstoÉ e do Estadão (aqui e aqui).

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