22/12/2020

CRM teve atuação intensa em 2020 no combate à violência e assédio contra profissionais

Inúmeros casos foram registrados nas diferentes regiões do Paraná, gerando insegurança nos locais de trabalho e afetando até mesmo o atendimento à população

O Conselho Regional de Medicina do Paraná teve, em 2020, um ano de atuação intensa no combate aos casos de assédio e violência ou ameaça à integridade física e moral de médicos e demais profissionais de serviços de saúde. Retomando pauta prioritária já do exercício de 2019, o CRM manteve aproximação com os organismos de segurança, justiça, Ministério Público, legisladores, gestores públicos, sociedades de especialidade e representantes de outras categorias visando somar esforços para prevenir os casos de violência e também para responsabilizar os autores. Ao mesmo tempo, vem incrementando as suas ações educativas com cursos com dicas sobre segurança.

Em todos os casos que lhe foram cientificados ou ainda tornados públicos pelos meios de comunicação, o CRM-PR fez contato com os médicos que foram prejudicados, emprestando solidariedade, dando as orientações necessárias e tomando as providências possíveis. Ao mesmo tempo, quando da pronta intervenção e resposta pelas autoridades competentes, tornou público o agradecimento em nome da categoria médica, sendo exemplo o episódio de sequestro de uma profissional que teve origem no Rio Grande do Sul e desfecho no Centro-Oeste paranaense, e de tentativa de sequestro de uma médica em município metropolitano.

De acordo com as estatísticas oficiais deste ano, houve significativo aumento dos casos de violência contra médicos e demais profissionais. Um dos episódios mais graves foi registrado em Imbaú, nos Campos Gerais, onde o médico José Cincinato Aires Correia (CRM-PR 5.269) foi assassinado a tiros na tarde de 14 de outubro, quando se encontrava de plantão na Unidade de Saúde Elias Abraão. Até esta data o caso não tinha sido dado como esclarecido pelas autoridades policiais. Dr. José, como era conhecido, tinha 69 anos de idade e 44 de profissão, grande parte do tempo com atuação em Reserva, município onde residia e tinha sido vereador e presidente da Câmara.

A pandemia contribuiu em muito para o crescimento da demanda nos postos de saúde, unidades de pronto atendimento e outros serviços emergenciais, assim como para o agravo do comportamento emocional de pacientes e familiares. Foi assim no início de abril na UPA do Sítio Cercado, na capital, onde paciente sob suspeita de estar infectado pelo vírus agrediu a equipe médica, fato que se repetiu em outros pontos do Estado, como recentemente no litoral.

Na última sexta-feira (18), uma pessoa armada invadiu a área exclusiva para pacientes sintomáticos de Covid-19 na Unidade de Saúde Esmeralda, no bairro Xaxim, em Curitiba. Acabou fugindo sem nada roubar, assustado com a reação de pacientes e funcionários. Contudo, fez aumentar o clima de medo entre profissionais dos serviços públicos de saúde da Capital, que ainda carecem de mecanismos de segurança, como queixou-se Cléo Silva, presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Enfermagem de Curitiba. De acordo com ele, tinham sido quatro invasões de equipamentos em apenas 15 dias.

O presidente Roberto Yosida destaca que em todos os casos o CRM-PR requer as providências dos gestores dos serviços e também promove fiscalizações in loco do Defep para averiguar as condições de trabalho dos médicos. Assinala que, em algumas situações, medidas preventivas simples, sem exigir onerosos investimentos na estrutura dos serviços, inibem a prática de agressões físicas e verbais. O conselheiro complementa que o CRM está atento também às situações de assédio moral ou sexual que alcançam médicos no exercício de sua atividade, citando o caso de uma profissional da região Noroeste, questionada publicamente de forma afrontosa por um deputado pela recusa em prescrever medicamentos sem comprovação científica, e ainda de um grupo de dermatologistas importunadas por um homem que marcava sucessivas consultas. Nos dois casos, como tem sido regra, o Conselho interveio de forma ágil em defesa das profissionais.

O CRM-PR tem feito alertas e promovido cursos com dicas para médicos se prevenirem contra a ação de delinquentes. Na primeira quinzena de novembro último foi realizado o curso "Sequestro e cuidados que devemos ter", sendo palestrante o tenente-coronel PM Naasson Polak, um dos maiores especialistas da área no Sul do País. Anteriormente, dentre outros módulos de "Dicas do CEM-PR", tinha sido realizado o de Conscientização de Segurança, visando a prevenção de assaltos. No Portal e nas redes sociais o Conselho ainda emitiu vários alertas sobre o chamado "golpe do whatswapp", com suas diferentes modalidades.

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