23/05/2013
Classe não é contra a vinda dos profissionais, mas defende a necessidade de avaliação de conhecimentos e fluência na língua.
Ouça a entrevista concedida pelo presidente do CRM-PR, Alexandre Gustavo Bley, à rádio BandNews FM Curitiba, na manhã desta quinta-feira, 23 de maio:
Em virtude de matérias veiculadas na imprensa e de comentários feitos em rede nacional por colunistas da rádio BandNews FM na quarta-feira, 22 de maio, o Conselho de Medicina do Paraná reitera sua posição contrária à facilitação da entrada no país de profissionais formados no exterior e da importância da devida revalidação de seus diplomas, com a análise da qualificação profissional e proficiência na língua portuguesa.
“A medida que o governo divulgou, promovendo a “importação de médicos” para atuar no interior do país, parece-nos temerária, para não dizer irresponsável, pois nem de longe resolve a questão da deficiência da saúde em locais hoje desassistidos. É sabido que o financiamento público está muito aquém das necessidades reais do sistema de saúde, especialmente no que compete ao governo federal, fato que contribui diretamente na abrangência da assistência”, argumenta Alexandre Gustavo Bley.
Sendo assim, não é trazendo médicos de outros países que será possível avançar nas questões relativas à saúde pública. Eles irão enfrentar os mesmos problemas estruturais que os brasileiros e ainda terão o agravante da dificuldade com o idioma, pois a boa comunicação é imprescindível para a relação médico-paciente e o sucesso do diagnóstico e tratamento.
“Não nos opomos à vontade de médicos de outros países que queiram vir trabalhar no Brasil, mas que o façam seguindo a lei, revalidando seus diplomas (Prova do Revalida), fazendo o teste de proficiência em língua portuguesa e, finalmente, obtendo o registro junto ao Conselho de classe. Nada os impede de trabalhar aqui, desde que cumpram com as obrigações inerentes à essa vontade”, explica o presidente.
O CRM destaca que a OMS fez um relatório, no qual o Brasil não está incluído, citando as nações que apresentam insuficiência de profissionais. Deve-se deixar claro que não faltam médicos, mas, sim, existem vagas não preenchidas em determinadas regiões do país devido à falta de estrutura e condições de trabalho, bem como de um plano de carreira para fixação do profissional.
Como a própria imprensa noticia, o SUS está encolhendo (entre 2005 e 2012 foram fechados mais de 40 mil leitos do Sistema Único de Saúde no país) e, com ele, a esperança do povo de um dia ter reconhecida a sua dignidade. Para o presidente do CRM-PR, “ninguém tem o direito de destruir os sonhos de outra pessoa, ainda mais um governo que anuncia a diminuição da desigualdade social e que tanto propaga a assistência aos mais necessitados e que, portanto, dependem do SUS”.
Os médicos do Paraná repudiam qualquer medida populista que venha a por em risco a saúde da população e cause o aviltamento da Medicina.
Não faltam médicos. Falta estrutura, investimentos, condições de trabalho, transparência, carreira de estado aos profissionais e, principalmente, respeito à população.