31/10/2023
Ministro disse concordar com a importância de se criar mecanismos para qualificar e organizar o ensino médico no País. Conselho reforça ideia de constituir grupo de trabalho para melhor debater o tema
O presidente do Conselho Federal
de Medicina (CFM), José Hiran Gallo, se encontrou com o ministro da Educação, Camilo Santana, nesta terça-feira
(31), para pedir que medidas que impeçam a abertura indiscriminada de novas escolas médicas no País.
Na oportunidade, ele reiterou a contrariedade do CFM com o processo em curso e lembrou que decisões do governo nesse
sentido são desnecessárias.
Na audiência, o ministro Camilo
Santana disse concordar com a importância de se criar mecanismos para qualificar e organizar o ensino médico
no País. Segundo ele, o MEC espera desenvolver ações em parceria com o CFM e entende ser preciso definir
critérios claros de avaliação no segmento.
Em documento entregue ao ministro
Santana, o presidente do CFM informou que, atualmente, o País já conta com 389 instituições que
oferecem cursos de medicina, com um total de mais de 42 mil vagas disponibilizadas por ano. Como reiterou, só a Índia,
com população sete vezes maior, tem mais cursos médicos do que o Brasil.
Na avaliação do CFM,
o País não precisa de mais faculdades de medicina, pois as que já existem têm capacidade suficiente
para atender à demanda nacional por profissionais de saúde.
O documento também apontou
que, sem a criação de novos cursos até 2030, o Brasil já ultrapassaria a proporção
de 3,5 médicos por mil habitantes, índice considerado ideal pelo MEC. Esse número supera, inclusive,
a densidade médica registrada na média dos 38 países da Organização para a Cooperação
e Desenvolvimento (OCDE).
O Dr. Hiran Gallo também reforçou
ao ministro o pedido para formação de um grupo de trabalho em que as organizações médicas
poderiam colaborar para a definição de critérios para aperfeiçoar e qualificar o ensino da medicina.
Ele destacou que a principal preocupação é assegurar a segurança da sociedade.
“A expansão de vagas
sem parâmetros e pressupostos que garantam qualidade à formação dos médicos preocupa o CFM,
que atua em defesa da qualidade da formação e luta pelo rigor de critérios técnicos. Sem isso,
a formação do futuro médico está em risco”, declarou o presidente do Conselho.
Segundo ele, essas medidas, que devem
ser consideradas pelo Governo Federal, são fundamentais para trazer maior eficácia e segurança à
assistência médica oferecida aos brasileiros. “Ignorar esse apelo mantém a exposição
da população a riscos decorrentes da falta de controle na formação dos profissionais que impactam
em indicadores de morbidade e para o aumento das despesas com o financiamento da saúde pública e privada”,
ressaltou.
Estiveram presentes na reunião
nesta terça-feira no MEC os conselheiros Helena Leão (2ª secretária do CFM), Julio Braga (coordenador
da Comissão de Ensino Médico) e Donizetti Giamberardino (coordenador do Sistema de Acreditação
de Escolas Médicas – Saeme). Também participaram o gastroenterologista Raul Cutait, representando a Academia
Nacional de Medicina e técnicos do primeiro escalão do Ministério da Educação.
Fonte: CFM