15/11/2012
CFM reitera apoio à avaliação de estudantes por meio de testes de progresso
Para a entidade, exames únicos aplicados no fim do curso não contribuem para o aumento da qualidade técnica e ética dos
médicos egressos das escolas brasileiras
O Conselho Federal de Medicina (CFM) - por meio de sua Comissão de Ensino Médico - reiterou nesta quarta-feira (14) a
defesa de avaliação dos egressos das escolas médicas brasileiras na forma da instituição de um teste de progresso. O modelo,
que já tem sido aplicado em outros países como a Holanda, prevê a realização de exames em diferentes momentos da graduação
(ao fim do segundo, do quarto e do sexto ano do curso).
Pela proposta, além do aluno, este tipo de exame também avaliaria outros elementos que contribuem na formação dos futuros
médicos, como corpo docente, estrutura das escolas e campos de estágio. Para o CFM, é preciso garantir que se está auferindo
a capacitação necessária para a prática médica - e não apenas instituindo-se um crivo de análise cognitiva.
Recentemente, representante do CFM participou de audiência pública na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado,
durante a qual se discutiu o projeto de lei do Senado (PLS 217/2004), que trata sobre o assunto. Na oportunidade, houve a
defesa do modelo proposto pelo CFM.
Para a entidade, o debate ensejado pelo projeto que tramita no Senado, sob a relatoria do senador Cyro Miranda (PSDB-GO),
suscita a total e absoluta disposição das entidades médicas para alcançar a proteção social e também a justiça aos alunos
de medicina.
Na ausência de regra legal que permita a implementação do teste de progresso, as entidades médicas - inclusive os conselhos
regionais de medicina - não deveriam conduzir métodos de avaliação de caráter restritivo. Para o CFM, eles até poderiam ser
realizados, mas com o intuito de levantamento de dados e informações para orientar estratégias para o aperfeiçoamento do modelo
de ensino.
Na audiência, o representante do CFM disse que há forte dúvida sobre a eficácia da avaliação por meio de um único exame
cognitivo ao final do curso, nos moldes do teste da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Esta abordagem não causaria impacto
no processo de formação e nem garantiria aumento da qualidade técnica ou intelectual dos egressos, considerando que a etapa
do aprendizado já teria sido concluída.
Esta avaliação reforça a tendência do CFM de apoiar exames cognitivos, de habilidades e competências ao final do 2º, 4º
e 6º ano do curso médico, conforme esclareceu aos parlamentares, quando sugeriu que testes de progresso em estudantes de medicina
poderiam ser implementados usando a mesma plataforma do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), contando com a
supervisão das entidades médicas.
Para tanto, as entidades poderiam contribuir validando conteúdos que poderiam ser mensurados, levando em conta as diferentes
fases do curso de graduação; os instrumentos adequados de avaliação; a previsão de recuperações; e a análise dos resultados
alcançados. Uma medida decorrente poderia ser a redução de vagas das escolas que evidenciem falta de condições para o ensino.
Atualmente, o Brasil possui 197 escolas médicas, ficando atrás, apenas, da Índia, com 272 cursos e uma população de 1,2
bilhão de pessoas. Desde 2003, foi autorizado o funcionamento de 69 escolas de Medicina. Desse total, 78% são privadas.
Fonte: CFM