09/02/2021
CFM recebe uma denúncia a cada 150 minutos de médicos da linha de frente sobre falhas na assistência
Entre os principais problemas identificados nos serviços de saúde, estão a falta de máscaras N95 (ou equivalente), assim como
de outros EPIs; falta de kits de exames para Covid-19; e falhas no processo de triagem
Médicos que atuam em unidades de saúde
que prestam assistência a casos confirmados e suspeitos de Covid-19 apresentaram 2.608 denúncias ao Conselho
Federal de Medicina (CFM) com a indicação de quase 25 mil inconformidades na infraestrutura de trabalho oferecida
por gestores (públicos e privados) de todo o País. Entre as principais ‘faltas’ identificadas nos
serviços de saúde, estão a falta de máscaras N95 (ou equivalente), assim como de outros equipamentos
de proteção individual (EPIs); a insuficiência ou completa ausência de kits de exames para Covid-19;
e falhas no processo de triagem. Outro ponto preocupante para os médicos é a falta de material para higienização,
como álcool gel, papel toalha e sabonete líquido.
Os dados fazem parte do segundo balanço feito pelo CFM após o lançamento de plataforma
online exclusiva aos médicos com inscrição nos Conselhos Regionais de Medicina (CRMs). Entre abril –
primeiro mês de funcionamento da ferramenta disponível em https://sistemas.cfm.org.br/fiscalizacaocovid/ – e 31 de dezembro de 2020,
um total de 1.879 profissionais acessaram a base.
“Estamos
diante de uma das maiores ameaças já vivenciadas pelos sistemas de saúde do mundo, com risco real de
sequelas e mortes na população. Nesse processo, as equipes médicas são essenciais”, afirmou
o 1º secretário do CFM, Hideraldo Cabeça, um dos que ajudou a formular esse espaço de interação.
Ele lembra que o CFM é um órgão que possui atribuições constitucionais de fiscalização
e busca “proteger a sociedade de equívocos da assistência decorrentes da precarização do
sistema de saúde”.
“Por
isso, os Conselhos de Medicina estão ao lado da população, dos médicos e das equipes que atuam
na linha de frente. Os gestores – em todos as esferas – devem estar comprometidos com a proteção
desses profissionais. Eles precisam contar com EPIs e de infraestrutura adequada para continuar a salvar vidas”, ressaltou
o conselheiro.
Para registrar uma denúncia,
o médico deve preencher alguns dados básicos de identificação (número do CRM, CPF e Estado
onde mora). Superada essa etapa, ele terá acesso a um questionário simplificado que lhe permitirá indicar,
de modo objetivo, as carências que encontra e que dificultam sua atuação no atendimento de casos suspeitos
e confirmados de Covid-19.
Principais
falhas
De acordo com o levantamento do CFM, a queixa recorrente – 32% dos casos – está
relacionada à falta de equipamentos de proteção individual (EPIs), considerados obrigatórios para
o enfrentamento de epidemias. Apesar da recomendação das autoridades sanitárias, como o Ministério
da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo menos 1.845 formulários denunciaram
falta de máscara N95 ou equipamento equivalente. Também foi notificada falha na oferta de aventais (1.657 relatos),
óculos ou protetor facial (1.359), máscara cirúrgica (1.207), gorro (790) e luvas (569).
Também há falta expressiva de material
para correta higienização, conforme relatado por quase 25% dos denunciantes. Pelo menos 1.360 indicaram a falta
de álcool gel ou de álcool 70%. Outros itens básicos de higienização também faltam
nas unidades de saúde, como papel toalha (523), sabonete líquido (462) e desinfetante ou outro insumo recomendado
(286). Em 3.466 casos os denunciantes não especificaram o item de higiene em falta.
No quesito insumos,
exames e medicamentos, os relatos de fragilidades no processo de assistência pesaram sobre a ausência de kits
de exame para Covid-19, relatada em 1.095 denúncias. Também foi registrada a falta de medicamentos (868), de
material educativo de prevenção contra o vírus (708), acesso a exames de imagem (547), material para
uso em UTI (379) e material para curativo (230).
Também há falta expressiva de
material para correta higienização, conforme relatado por quase 25% dos denunciantes. Pelo menos 1.360 indicaram
a falta de álcool gel ou de álcool 70%. Outros itens básicos de higienização também
faltam nas unidades de saúde, como papel toalha (523), sabonete líquido (462) e desinfetante ou outro insumo
recomendado (286). Em 3.466 casos os denunciantes não especificaram o item de higiene em falta.
No
quesito insumos, exames e medicamentos, os relatos de fragilidades no processo de assistência pesaram sobre a ausência
de kits de exame para Covid-19, relatada em 1.095 denúncias. Também foi registrada a falta de medicamentos (868),
de material educativo de prevenção contra o vírus (708), acesso a exames de imagem (547), material para
uso em UTI (379) e material para curativo (230).
A falta de equipes de enfermagem (enfermeiros
e técnicos de enfermagem) foi também uma das queixas mais frequentes: 1.227 formulários destacaram o
problema, que representa 42% das ‘faltas’ no eixo dos recursos humanos. Outros 746 notificaram carência
de médicos, 423 indicavam fragilidade em equipes de apoio – limpeza e cozinha, e 387 denunciaram falta de fisioterapeutas,
entre outros.
Foram
alvo de queixas dos médicos, ainda, as falhas no processo de triagem, com destaque para a falta de informação
para os profissionais (842) e de orientação aos pacientes e acompanhantes (846). Dificuldades em ter acesso
a leitos também foram reportadas. Denunciantes relataram problemas em encontrar leito de UTI adulto (388) e de internação
hospitalar (337).
Localização
A maioria
dos denunciantes relatou problemas em hospitais (1.092), serviços de Atenção Primária (911) ou
pronto atendimento (500). Em menor proporção, também figuram no painel de denunciados os serviços
de atenção pré-hospitalar; assistência médica ambulatorial, ambulatório médico
de especialidades e centros de atenção psicossocial; entre outros (tipos de unidades. Segundo os médicos
denunciantes, mais de 85% das unidades em que atuavam prestam serviço ao Sistema Único de Saúde (SUS),
10% eram privados, 3% eram filantrópicos e 2% não foi identificada a natureza do serviço.
Médicos de 635 municípios brasileiros apresentaram
relatos ao CFM sobre falhas na infraestrutura necessária ao adequado acolhimento dos pacientes contaminados pelo novo
coronavírus. O Sudeste concentra o maior número de denúncias dos médicos durante o período
analisado, com 1.091 (41,8%) no total. Na sequência aparecem os estados do Nordeste, com 29,9% das denúncias.
Confira abaixo o quadro por região geográfica:
Fonte: CFM