24/06/2011
CFM quer acabar com consultas feitas pelo convênio
Na nova resolução, que deve ser publicada em agosto, todas as consultas médicas terão caráter particular e deverão ser
pagas pelo paciente
Dois meses após o início dos protestos médicos por reajustes na tabela de honorários pagos pelos planos de saúde, o Conselho
Federal de Medicina (CFM) prepara uma resolução que pretende pôr fim à acirrada queda de braço. Com a nova medida, todas as
consultas clínicas terão caráter particular e deverão ser pagas pelo próprio paciente que, em seguida, pode pedir reembolso
à operadora.
Segundo Roberto d Ávila, presidente do CFM, a resolução segue em análise jurídica e deve ser colocada em votação já em
agosto. A expectativa, no entanto, é que ela entre em vigor ainda este ano. "Nosso objetivo é acabar com o problema de acesso
ao médico, do paciente não encontrar horário disponível quando precisa. E hoje os bons médicos já não atendem mais pelo convênio
ou reservam pouco tempo para isso", diz.
Reembolso
Se aprovada a nova resolução, a consulta clínica passará a não ser mais um serviço incluso no pacote de serviços vendido
pelo plano de saúde. O CFM pretende que apenas exames laboratoriais e procedimentos hospitalares devem continuar cobertos
pela operadora. Isso significa que caberá ao usuário negociar previamente com seu plano de saúde quanto receberá de reembolso
por cada consulta que fizer.
De acordo com Roberto d Ávila, a decisão de desvincular a consulta das operadoras recai na importância que ela tem no
atendimento, no diagnóstico e na relação entre médico e paciente. "O médico deve atender o paciente sem preocupações prévias,
sem ficar se preocupando com o tempo de consulta, por exemplo."
"Caso as operadoras não aceitem a resolução do CFM, o país corre o risco de ver um descredenciamento em massa dos médicos",
diz d Ávila. Isso porque o conselho é uma autarquia federal responsável por regular toda a conduta médica, o que significa
que todas as suas decisões devem ser seguidas à risca pela classe médica. "Se o CFM publicar uma resolução de que o médico
não pode receber pagamento do plano de saúde pela consulta, ele não terá outra opção a não ser não atender mais pelos convênios",
explica.
Fonte: Revista Veja