25/10/2011
CFM homenageia personalidades médicas com entrega de comendas
Os médicos Hésio Cordeiro, Ivo Pitanguy e Ricardo Paiva serão os primeiros a receber a honraria que destaca seus desempenhos
éticos e compromissos com a sociedade e a Medicina.
No dia 26 de outubro acontecerá solenidade no Conselho Federal de Medicina (CFM), em Brasília, quando serão entregues
três comendas em homenagens a médicos que se destacaram em diferentes áreas de atuação e do conhecimento. Para o secretário-geral
do CFM, conselheiro Henrique Batista e Silva, os escolhidos simbolizam o esforço daqueles que buscam o perfeito desempenho
ético na profissão, sem ignorar seus compromissos com a sociedade em diferentes campos de atuação, com importantes resultados
científicos, técnicos, acadêmicos e políticos.
As honrarias, criadas em 2011 pelo plenário do CFM, ressaltam o desempenho ético e compromisso social e com a Medicina
por profissionais ou instituições no esforço de construção de uma sociedade mais justa e um mundo melhor. A partir de agora,
a premiação deverá ser entregue anualmente, sempre em outubro, como parte das comemorações do Dia do Médico.
Os primeiros homenageados que receberão as comendas são os médicos Ivo Pitanguy, Hésio Cordeiro e Ricardo Paiva. A eles,
serão outorgadas, respectivamente, as comendas Moacyr Scliar, de Medicina, Literatura e Arte; Sérgio Arouca, de Medicina
e Saúde Pública; e Zilda Arns Neumann, de Medicina e Responsabilidade Social.
Nos próximos parágrafos, apresentamos um pouco da trajetória e das contribuições oferecidas pelos homenageados deste ano.
Todos se destacam pela forma apaixonada com a qual se entregaram aos projetos que mudaram suas vidas e as vidas de milhões
de pessoas.
Conheça a trajetória dos contemplados
Hésio Cordeiro (comenda Sérgio Arouca, de Medicina e Saúde Pública) - Mineiro de Juiz de Fora, o médico, professor
e pesquisador Hésio de Albuquerque Cordeiro tem sua trajetória atrelada à história brasileira. Ele é um dos articuladores
do Movimento da Reforma Sanitária, que, em 1988, culminou com a criação do SUS. Cordeiro foi um dos protagonistas dos debates
da VIII Conferência Nacional de Saúde, em março de 1986, onde se consagraram os princípios mais caros do movimento sanitário.
Esses ideais foram, posteriormente, abraçados pela Constituição de 1988, no mesmo ano em que Hésio Cordeiro deixou a presidência
do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (Inamps).
Hésio graduou-se na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, em 1965, onde também cursou
o mestrado em Saúde Coletiva (1978). É doutor em Medicina Preventiva pela Universidade de São Paulo (USP). Na área da educação,
foi presidente do Conselho Nacional de Educação, reitor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e diretor do curso
de Medicina da Universidade Estácio de Sá. Atualmente, é coordenador do mestrado profissional desta universidade.
Suas contribuições e engajamento como professor do Instituto de Medicina Social da UERJ produziram reflexões importantes
para debates empreendidos nas áreas temáticas de política e instituições de saúde; assistência médica no âmbito da previdência
social; política de medicamentos e tecnologia médica. Como pesquisador, assinou vários artigos importantes e é autor de dois
clássicos em seus respectivos campos temáticos: A indústria da saúde no Brasil e As empresas médicas.
Sua atuação, tão intensa e qualificada quanto apaixonada, rendeu-lhe méritos acadêmicos e a admiração de médicos e alunos,
decisivos para que fosse escolhido como o premiado da comenda Sérgio Arouca, de Medicina e Saúde Pública.
Ivo Pitanguy (comenda Moacyr Scliar, de Medicina, Literatura e Arte) - No fim da década de 40, a cirurgia plástica
ainda não era reconhecida como especialidade e os jovens cirurgiões encontravam dificuldade para adquirir conhecimento. Neste
cenário começou a ser forjado o profissional Ivo Pitanguy, que enfrentou muitos obstáculos pela sua vocação. Inicialmente,
contemplado com uma bolsa de estudos do Institut of Internacional Education e, depois, por conta dos méritos acumulados, iniciou
peregrinação por vários países (Estados Unidos, França e Inglaterra), em busca de formação.
Quando voltou para o Brasil, percebeu que o exercício da cirurgia plástica ainda era incipiente no país. Ao invés de desestimulá-lo,
esse panorama funcionou como estímulo para que trabalhasse para torná-la uma especialidade conhecida e respeitada. Nesta
jornada, estão passagens decisivas por hospitais públicos, como o Souza Aguiar, no Rio de Janeiro, onde contribuiu para a
implantação e qualificação do serviço oferecido.
Mineiro de Belo Horizonte, de natureza solidária, Pitanguy sempre lutou para estender o acesso aos benefícios da cirurgia
plástica à população menos favorecida. O trabalho na Santa Casa foi essencial para o reconhecimento da importância social
da especialidade. Dedicado ao ensino, foi professor titular da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e do Instituto
de Pós-Graduação Médica Carlos Chagas.
Membro de entidades acadêmicas e culturais respeitadas, colecionador de títulos e honrarias, Ivo Pitanguy é autor de cerca
de 800 trabalhos científicos em revistas brasileiras e internacionais e publicou uma série de livros. Por esse perfil arrojado,
intelectual e desbravador, por ser referência para a cirurgia plástica em todo o mundo, Pitanguy recebe, do CFM, a comenda
Moacyr Scliar, de Medicina, Literatura e Arte.
Ricardo Paiva (comenda Zilda Arns Neumann, de Medicina e Responsabilidade Social) - Ricardo Albuquerque Paiva
nasceu em Fortaleza, no Ceará, em 21 de maio de 1953. Morou parte de sua vida em São Paulo, durante os primeiros anos escolares.
Foi para o Recife em 1970, para completar o segundo grau. Em Pernambuco teve início sua brilhante carreira na medicina.
Além de ter como marca uma atuação profissional e institucional respeitadas, Ricardo Paiva sempre desenvolveu atividades
voltadas ao bem-estar social. O uso da arte e da criatividade para empreender transformações e superar conjunturas desfavoráveis
torna-o um destaque nesse caminho.
Em 2005, criou o projeto da "Caravana Cremepe-Simepe", que percorre vários municípios do Estado de Pernambuco com o objetivo
de conhecer a vida e a realidade do interior pernambucano. Suas ideias também deram origem a dois filmes: "A Casa dos Estranhos"
e "Pela Vida... Pelo Tempo", que tratam de temas como o preconceito e exclusão social brasileira.
Criou, ainda, um espetáculo de teatro popular chamado "Menina Abusada" - que tem o objetivo de divulgar o disque denúncia
de combate à prostituição e à exploração sexual - e escreveu dois livros: A fábula real e Severina: que vida é essa? (este,
como coautor). Seu engajamento pela classe médica é notável.
Formado pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Pernambuco (UPE), em 1979, com residência e especialização
em clínica médica e cardiologia, já a partir de sua formação começou a se destacar em atividades institucionais como presidente
e integrante da diretoria de diversas entidades médicas consagradas - pernambucanas e nacionais.
Por esse perfil, que se distingue pela aptidão intelectual para criar, inovar e protestar, Ricardo Paiva recebe do Conselho
Federal de Medicina a comenda Zilda Arns Neumannn, de Medicina e Responsabilidade Social.