09/01/2011
CFM fixa norma para retorno de consulta médica
Resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) publicada nesta segunda-feira (10) no Diário Oficial da União estabelece que
é prerrogativa do médico fixar prazos para retorno de consulta. De acordo com a norma, a consulta é constituída por anamnese
(entrevista sobre o histórico do paciente e, se for o caso, da doença), exame físico, elaboração de hipóteses ou conclusões
diagnósticas, solicitação de exames complementares (quando necessário) e prescrição terapêutica.
Quando houver necessidade de que o paciente se submeta a exames cujos resultados não podem ser apreciados na consulta,
o ato médico terá continuidade em um segundo encontro, que deverá ocorrer dentro de prazo fixado pelo médico - a resolução
determina que, neste caso, não deve haver cobrança de novos honorários.
No entanto, havendo alterações de sinais ou sintomas que requeiram nova anamnese, exame físico, formulação de hipóteses
ou conclusões diagnósticas e prescrição terapêutica o procedimento médico será considerado nova consulta e deverá ser remunerado.
Nos casos de doenças que exigem tratamento prolongado, com reavaliações e modificações terapêuticas, as consultas poderão
ser cobradas, a critério do médico.
"A resolução regulamenta o ato da consulta médica e a possibilidade de sua complementação em um segundo momento, no retorno.
Ela estabelece que cabe ao médico indicar livremente os prazos de retorno. A determinação do tempo necessário para avaliação
do paciente e de seus exames segue critérios técnicos e médicos, e não administrativos", explica o conselheiro federal Antônio
Pinheiro, relator do documento.
A norma diz que instituições de assistência hospitalar ou ambulatorial, empresas que atuam na saúde suplementar e operadoras
de planos de saúde não podem interferir na autonomia do médico e na relação do médico com o paciente, nem estabelecer prazo
de intervalo entre consultas. Os diretores técnicos dessas instituições serão eticamente responsabilizados em caso de desobediência
às determinações da resolução.
Para o 2º vice-presidente do CFM e coordenador da Comissão de Saúde Suplementar (Comsu) da instituição, Aloísio Tibiriçá
Miranda, o Conselho Federal de Medicina deixa claro com a resolução, principalmente para as operadoras de planos de saúde,
que constitui infração ética interferir na autonomia do médico para especificar prazos de retorno. "A norma prevê situações
que podem implicar necessidade de complementação de consulta, por exemplo a análise de exames - e isso não será remunerado.
O que não pode haver é negativa de pagamento de honorário em consultas referentes a novos eventos", explica Miranda.
Justiça - Em setembro de 2010 o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) notificou a Agência Nacional
de Saúde Suplementar (ANS) sobre o descumprimento de decisão da 6ª Vara da Seção Judiciária Federal do Rio de Janeiro emitida
em 2005. Na decisão, o juiz Fabio Tenenblat afirma que as operadoras de planos de saúde não podem limitar o pagamento de consultas
realizadas em intervalo inferior a 30 dias por alegação de que se trata de retorno.
"Segundo o entendimento das rés, independentemente das causas que ensejaram a ida ao médico mais de uma vez em curto
intervalo de tempo, não haveria cobertura ou reembolso, pois estaria configurado o retorno (ou reconsulta). Percebe-se facilmente,
pois, o rematado disparate", diz o juiz na decisão.
Fonte: CFM