Em nota divulgada na última sexta-feira (29), Conselho Federal, ao lado dos Regionais, critica intenção de revogar a Portaria
MEC nº 328/2018, que proíbe por cinco anos o lançamento de editais para novos cursos de medicina no País
Na última sexta-feira (29), o Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou uma nota em repúdio às
declarações do ministro da Educação, Abraham Weintraub. Em sua manifestação, com
apoio do Conselho de Medicina do Paraná e de outros Regionais, a autarquia critica intenção expressa
pelo ministro de revogar a Portaria MEC nº 328/2018, que proíbe por cinco anos o lançamento de editais
para novos cursos de medicina no País.
Segundo o CFM, essa norma, apoiada pelas Entidades Médicas e a quase totalidade dos médicos brasileiros,
foi publicada após o governo se convencer do balcão de negócios que se tornou a abertura de escolas médicas
no Brasil. “É estarrecedor que a política de formação médica defendida pelo ministro
Weintraub seja idêntica àquela implementada pelo Governo da presidente Dilma Rousseff, baseada em critérios
políticos e econômicos, privilegiando-se grupos educacionais privados e sem preocupação com a qualidade
dos egressos que atenderão a população”, afirmou a entidade.
LEIA A ÍNTEGRA DA NOTA DE REPÚDIO
ABERTURA DE ESCOLAS MÉDICAS
Nota de repúdio às declarações do ministro da Educação
Causa estranheza ao Conselho Federal de Medicina (CFM) posicionamento do ministro da Educação Abraham Weintraub,
publicado pela imprensa, no qual manifesta intenção de revogar a Portaria MEC nº 328/2018, que proíbe
por cinco anos o lançamento de editais para novos cursos de medicina no País. Essa norma, apoiada pelas Entidades
Médicas e a quase totalidade dos médicos brasileiros, foi publicada após o governo se convencer do balcão
de negócios que se tornou a abertura de escolas médicas no Brasil.
O ministro Weintraub afirma que são necessárias novas escolas de medicina no País, o que soa absurdo.
Atualmente, o Brasil conta com 341 escolas médicas. Nesse quesito, fica atrás apenas da Índia, que tem
mais 1 bilhão de habitantes, e a frente de países como a China, Estados Unidos, indonésia e Paquistão
– todos mais populosos.
É estarrecedor que a política de formação médica defendida pelo ministro Weintraub
seja idêntica àquela implementada pelo Governo da presidente Dilma Rousseff, baseada em critérios políticos
e econômicos, privilegiando-se grupos educacionais privados e sem preocupação com a qualidade dos egressos
que atenderão a população.
Desde 2011 passaram a funcionar 162 cursos de medicina, sendo 116 (71%) privados. No total, 42 dessas instituições
estão em municípios com menos de 100 mil habitantes, com infraestrutura precária para o ensino médico
(com déficit de leitos de internação, de equipes de saúde da família e sem hospitais adequados
à formação dos profissionais).
A política do ministro Weintraub confronta a percepção do presidente Jair Bolsonaro, expressa em
reunião com o CFM e a Associação Médica Brasileira (AMB), em setembro de 2019, quando gravou vídeo
em apoio às reivindicações da categoria médica, dentre as quais a manutenção da
moratória das escolas médicas. Essa manifestação conquistou o apoio de centenas de milhares de
brasileiros nas mídias sociais.
Além do posicionamento do ministro Weintraub, os textos publicados pela imprensa assustam pelas declarações
do secretário de Educação Superior do MEC, Arnaldo Barbosa de Lima Júnior, de que estuda a possibilidade
de utilizar a nota do Revalida para o ingresso em Programas de Residência Médica. Esse assunto nunca foi discutido
na Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), sendo extremamente complexo manter a isonomia de acesso
a esses programas utilizando-se apenas uma avaliação, no caso o Revalida, com pequeno número de concorrentes.
O CFM lamenta que autoridades responsáveis pela educação no Brasil (na graduação e
pós-graduação) adotem posições desse tipo, demonstrando imenso desconhecimento sobre formação
médica, o que é incompatível com ocupantes de cargos de tamanha relevância e responsabilidade.
Por outro lado, confiamos no compromisso assumido pelo presidente Jair Bolsonaro com a causa médica em sua campanha
eleitoral e nas audiências com as entidades de representação da categoria, onde se destaca o pedido de
manutenção da Portaria MEC nº 328/2018.Confiamos na Palavra do presidente Jair Bolsonaro.
Brasília, 29 de novembro de 2019.
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA (CFM)
CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO PARANÁ (CRM-PR)