13/11/2023
Representantes da classe médica lentregaram ao ministro documento com os principais pontos em defesa de critérios mínimos para boa formação dos estudantes. A Corte analisa,a ADC 81
Os presidentes do Conselho Federal
de Medicina (CFM), José Hiran Gallo, e da Associação Médica do Brasil (AMB), César Eduardo
Fernandes, se reuniram com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, na quarta-feira (8), para apresentar
argumentos em relação à abertura de cursos e de vagas de medicina no País. A 2ª vice-presidente
do CFM, Rosylane Rocha, e o secretário geral da AMB, Antonio José Gonçalves, também participaram
da audiência.
Eles entregaram ao ministro documento
com os principais pontos que consideram importantes em defesa de critérios mínimos para boa formação
dos estudantes. A Corte analisa, em julgamento virtual, a Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC)
81, sobre a constitucionalidade do artigo 3º da Lei 12.871/2013 (Lei do Mais Médicos), que prevê chamamento
público para autorização de novos cursos e vagas de medicina.
O CFM é participante do processo
como amicus curiae. O placar está em 2 a 2 sobre flexibilizar ou não normas para a inauguração
dessas instituições. O ministro André Mendonça pediu vista e, neste momento, a análise
do processo está suspensa.
Escolas médicas
No entendimento do CFM e da AMB,
a abertura de escolas médicas e de vagas em cursos de medicina já existentes é processo que não
deve ter foco em aspectos quantitativos, mas qualitativos, permitindo-se apenas o funcionamento de instituições
localizadas em municípios que ofereçam condições mínimas de infraestrutura para permitir
o melhor processo ensino-aprendizagem.
Levantamento do CFM aponta que mais
de 90% dessas escolas médicas estão em municípios com déficit em parâmetros considerados
essenciais para o funcionamento dos cursos. Ou seja, são localidades que não contam com número suficiente
de leitos de internação, de equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF) ou hospitais de
ensino.
“Sem essas estruturas disponíveis,
o processo de formação é comprometido, pois a medicina, ao contrário de outras atividades, depende
de campos de prática para que o ciclo de ensino- aprendizado seja completado com êxito. Por isso, trata-se de
questão urgente que carece de solução sob pena de comprometer a confiança e a credibilidade da
população nos profissionais e de expor os pacientes a situações de risco por conta de problemas
na formação”, afirmou Gallo ao ministro Fachin.
Apelos ignorados
O presidente do CFM avalia que o
governo federal, ao ignorar os apelos das entidades médicas – que se reuniram diversas vezes com representantes
do MEC e do Ministério da Saúde –, mantém a população vulnerável a riscos
decorrentes da falta de controle na formação dos profissionais. Gallo explica que, sem critérios adequados,
há impactos diretos no aumento de indicadores de morbidade e de mortalidade por falhas assistenciais e também
de despesas com o financiamento da saúde.
“O Brasil já conta com
389 escolas médicas, que oferecem juntas 42.496 vagas todos os anos. Já há condições de
se formar a quantidade de profissionais suficientes para atender as demandas internas, sem qualquer medida extra”, resumiu.
Gallo ressaltou ao ministro Fachin que há mais de 550 mil médicos registrados no País, totalizando uma
densidade de 2,7 médicos por mil habitantes.
Fonte: CFM