05/02/2013
CFM considera insuficientes critérios do MEC para abertura de novas vagas de medicina
Para o Conselho Federal de Medicina, apesar de demonstrar boa intenção, a medida não ataca a raiz da desigualdade no acesso
e na distribuição dos profissionais; o enfrentamento desses problemas passaria pela adoção de medidas estruturantes no âmbito
do SUS
O presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Roberto d´Ávila, considerou os critérios do Ministério da Educação
(MEC) para a abertura de novos cursos de medicina insuficientes para resolver o problema da desigualdade na distribuição de
médicos pelo país. Apesar de ter avaliado a medida como positiva, d´Ávila acredita que somente a criação de uma carreira de
Estado para o médico no Sistema Único de Saúde (SUS) e uma política de interiorização da assistência em saúde garantem a fixação
de profissionais nas áreas de difícil provimento.
"O Brasil precisa de médicos bem formados, bem qualificados e bem capacitados. Essa é uma medida que pode ajudar, a longo
prazo, o preenchimento de vazios assistências, mas não podemos esquecer da qualificação do corpo docente destas escolas",
afirma. Segundo o presidente do CFM, é muito difícil levar um corpo docente qualificado para o interior de alguns estados
e garantir acesso dos estudantes a hospitais de ensino com infraestrutura adequada.
O aspecto positivo do anúncio, de acordo com o presidente, é que ele oferece argumentação técnica que pode se contrapor
interesses meramente econômicos e políticos de alguns grupos, que até então têm prevalecido. "A abertura indiscriminada de
cursos, especialmente privados, é uma preocupação do CFM. Não somos contrários desde que seja comprovada a necessidade social,
ocorra o preenchimento de todos os critérios do MEC e exista a garantia da qualidade de ensino, com vagas para a residência
médica".
Ensino médico no Brasil
Ao todo o país conta com 197 escolas (58% provadas) e 209 cursos de Medicina, número suficiente para formar o contigente
de médicos que o Brasil precisa. Em números absolutos, o país só perde para a Índia em quantidade de escolas.
Números do próprio Ministério da Educação confirmam, no entanto, a fragilidade do ensino médico. Levantamento realizado
ao longo de dois anos, no âmbito da Comissão de Especialistas da Secretaria de Ensino Superior do próprio Ministério da Educação,
(sob a supervisão do ex-ministro Adib Jatene), já demonstrou que parte significativa das escolas de medicina existentes não
possuí condições de oferecer a capacitação necessária aos seus alunos. Os resultados mostraram que mais de 20 instituições
alcançaram notas baixas (de 1 a 2) e nenhuma das 141 avaliadas conseguiu ser classificada na faixa máxima (nota 5).
Fonte: CFM