30/10/2019
Ataque contra consumidores, pacientes e médicos é repudiado pela classe médica e por dezenas de outras instituições, incluindo OAB e Instituto de Defesa do Consumidor
O Conselho Federal de Medicina (CFM) é contra qualquer
iniciativa que precarize os planos de saúde e fragilize a relação médico-paciente. Com base nessa
premissa, a autarquia subscreveu a manifesto público “Planos de saúde preparam ataque contra consumidores,
pacientes e médicos”, assinado também por entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Instituto
de Defesa do Consumidor (Idec) e inúmeras sociedades médicas.
“Não podemos concordar com uma proposta que cria planos de saúde com coberturas
menores”, afirmou o diretor CFM Salomão Rodrigues. Atento aos problemas gerados por essa iniciativa, o presidente
do CFM, Mauro Ribeiro, também se manifestou contrário e assegurou que a autarquia estará alinhada para
evitar mudanças nesse sentido.
Pay-per-view
Na semana passada, as maiores operadoras de saúde
em atuação no Brasil realizaram o evento “Novos Rumos da Saúde Suplementar” para debater
propostas de flexibilização dos planos de saúde. Querem que seja liberada a venda de planos de menor
cobertura, os chamados “pay-per-view”, “modulares” ou “customizados”, que deixam de fora
os atendimentos mais caros e doenças frequentes como câncer e problemas cardíacos.
Antes da realização do evento, em 22 de outubro,
um grupo de entidades, dentre elas o CFM, lançou o manifesto com posição contrária à iniciativa.
O texto afirma que as mudanças na atual lei dos planos de saúde apresentam “sérios riscos aos direitos
dos consumidores”. Para as entidades signatárias do manifesto, as propostas apresentadas visam basicamente a
diminuição de coberturas, liberação de reajustes de mensalidades e maiores prazos para atendimento.
Desonerações
Na avaliação dos signatários, a proposta
terá ainda outros efeitos deletérios, como a redução de multas e desonerações tributárias,
o não ressarcimento ao Sistema Único de Saúde (SUS) de procedimentos realizados em pacientes cobertos
pelos planos e a desidratação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). O texto pede o engajamento
de vários atores da sociedade civil contra o projeto das operadoras.
Dentre outros itens, é solicitado que o Congresso Nacional realize uma consulta pública
para que os argumentos dos contrários à flexibilização dos planos sejam ouvidos e que sejam rejeitadas
“quaisquer medidas que retirem direitos e afetem a saúde dos consumidores”. Os gestores do SUS também
são instados a refutarem o falso argumento de que a liberação de planos segmentados irá desonerar
o sistema público.
“Ao contrário,
os planos irão ‘empurrar’ para o SUS os doentes que os planos pay-per-view não irão
atender”, alegam os signatários do manifesto, que também pede que as empresas de planos de saúde
mostrem suas reais intenções e que as entidades científicas mostrem evidências da impossibilidade
de se dividir tratamentos médicos. Mais de 30 entidades já assinaram o Manifesto, que também
pode ser assinado pelos cidadãos em uma plataforma online. Mais informações sobre a assinatura online
podem ser obtidas no site do Idec (acesse aqui).
O manifesto pode ser lido aqui.