13/12/2016
Arcebispo dedicou parte da vida à luta em favor dos direitos humanos e da democracia
O Conselho Federal de Medicina (CFM) e o Conselho Regional de Medicina do Paraná expressam seu pesar pela morte do arcebispo Dom Paulo Evaristo Arns, que faleceu nesta quarta-feira (14) em São Paulo, aos 95 anos de vida, sendo mais de 76 deles dedicados à igreja e à luta em favor dos Direitos Humanos e da Democracia. Aos familiares, amigos, admiradores e discípulos, o Conselho Regional do Paraná, juntamente com o CFM, envia suas condolências e sua solidariedade.
Quinto de 13 filhos de imigrantes alemães, Arns nasceu em 1921 em Forquilhinha, Santa Catarina. Ingressou na Ordem Franciscana em 1939, e iniciou seus trabalhos como líder religioso em Petrópolis, no Rio de Janeiro. Formou-se em teologia e filosofia em universidades brasileiras. Ordenado sacerdote em 1945, ele foi estudar na Sorbonne, em Paris, onde cursou letras, pedagogia e também defendeu seu doutorado.
Foi bispo e arcebispo de São Paulo entre os anos 60 e 70. Durante a Ditadura Militar, destacou-se por sua luta política, em defesa dos direitos humanos, contra as torturas e a favor do voto nas Diretas Já.
Em 1985, criou a Pastoral da Infância, com o apoio de sua irmã, Zilda Arns, pediatra, que morreu no terremoto de 2010 no Haiti, onde realizava trabalhos humanitários. Assim, como o irmão, ela teve trabalho destacado na igreja e foi também fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança e da Pastoral da Pessoa Idosa, organismos de ação social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Por seus feitos, recebeu inúmeros prêmios e homenagens no Brasil e no exterior. Dentre eles, o Prêmio Nansen do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur), o Prêmio Niwano da Paz (Japão), e o Prêmio Internacional Letelier-Moffitt de Direitos Humanos (EUA), além de 38 títulos de cidadania.
Em 28 anos de arcebispado, criou 43 paróquias, construiu 1.200 centros comunitários, incentivou e apoiou o surgimento de mais de 2.000 comunidades eclesiais de base (CEBs) na capital paulista. Entre os livros de maior repercussão está a obra "Brasil Nunca Mais", um trabalho de pesquisa que teve papel fundamental na identificação e denúncia dos torturadores do regime militar.
Fonte: CFM