03/05/2011
CEHM vai até União da Vitória discutir descredenciamento médico
Paralisação de abril fechou o consultório de quase 10 mil médicos no Paraná: em junho, profissionais devem decidir novas
medidas
Saúde suplementar - Um mês depois, paralisação dos médicos mostra pouco resultado
Operadoras de autogestão iniciaram conversa com profissionais, mas restante dos planos de saúde nem sequer começou
negociação
Quase um mês após a paralisação nacional, realizada em 7 de abril, a negociação entre médicos e operadoras de planos de
saúde anda a passos lentos, com poucos resultados práticos. Os próximos 30 dias, porém, podem ser decisivos, já que a entidade
que lidera o movimento por maior remuneração para a categoria estabeleceu o mês de maio como data limite para as conversas
entre as partes. Depois disso, a decisão dos médicos será feita por assembleia, o que pode levar a novas paralisações ou mesmo
a um descredenciamento em massa de profissionais.
A discussão com as operadoras é de responsabilidade de cada estado, mas a Comissão Nacional de Consolidação e Defesa da
Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM), que lidera o movimento, estabeleceu este como o último
mês para um acordo entre médicos e planos. "Em junho, os médicos vão decidir suas próximas ações por meio de assembleias",
diz Florisval Meinão, coordenador da CBHPM e diretor da Associação Médica Brasileira.
"Nesta quarta vamos até União da Vitória para discutir o descredenciamento de todos os médicos da cidade dos planos de
saúde, a exemplo do que os 40 profissionais de Ivaiporã já fizeram", alerta o presidente da Associação Médica do Paraná e
da Comissão Estadual de Honorários, José Fernando Macedo.
No Paraná, apenas a União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde (Unidas), que representa 24 operadoras no estado,
teria avançado nas discussões, com uma segunda reunião com a comissão marcada para a próxima segunda-feira, dia 9. De resto,
nenhuma outra negociação ocorreu. "Nesta semana vamos convocar, por meio de ofícios, as operadoras que não se manifestaram,
esperando que elas respondam até o fim do mês", diz o vice-presidente do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR),
Alexandre Gustavo Bley, que também faz parte da comissão.
A paralisação do dia 7 de abril foi a maior movimentação da categoria na luta pelo reajuste de honorários e procedimentos
médicos pagos pelos planos de saúde. No Paraná, cerca de 10 mil médicos, quase a totalidade que trabalha com planos de saúde,
fecharam seus consultórios aos pacientes da saúde suplementar naquele dia. Os médicos pedem um reajuste mínimo de 92%, a adoção
da CBHPM como tabela única e a correção anual dos valores.
Dentistas e fisioterapeutas também aderiram regionalmente. O presidente do Sindicato dos Odontologistas do Paraná (Soepar),
Mário Pansini, disse à Gazeta do Povo que nenhuma operadora procurou as entidades da área para discutir o pedido de adoção
de uma tabela própria para os procedimentos odontológicos, como quer a categoria.
Novos procedimentos
Mesmo com a disputa entre médicos e operadoras sem solução definitiva, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) planeja
a inclusão de 48 novos procedimentos no rol de cobertura obrigatória dos planos de saúde contratados a partir de 1.º de janeiro
de 1999. A Consulta Pública n.º 40 está aberta à população e à sociedade médica até o dia 14 de maio no site da instituição
(www.ans.gov.br). O novo rol deverá ser publicado em julho e passará a valer no início do ano que vem. Segundo informações
da assessoria de imprensa, a ANS vai monitorar o nível de utilização desses novos procedimentos. Possíveis impactos nos custos
só seriam contemplados nos reajustes ao consumidor do ano seguinte, ou seja, 2013.
Fazem parte da nova lista mais de 30 procedimentos de cirurgias por videolaparoscopia. Em entrevista à Agência Estado,
a gerente-geral de regulação assistencial da ANS, Marta Oliveira, disse que a principal demanda pelas cirurgias por vídeo,
menos invasivas, veio da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica - 35% das 60 mil operações da especialidade
em 2010 teriam usado a técnica.
Fonte: Gazeta do Povo