04/01/2011

Brasileiros estão entre os que mais buscam orientação de saúde online


Pesquisa revela que 86% dos internautas do país usam internet para isso



A internet é cada vez mais usada por leigos para fazer pesquisas sobre saúde e os internautas brasileiros estão entre os que mais acessaram a rede em busca de informações sobre remédios, doenças e diagnósticos baseados em seus sintomas, revela pesquisa global encomendada pela seguradora britânica Bupa. De acordo com o levantamento, 86% dos brasileiros com acesso à internet já buscaram orientações sobre saúde online, atrás apenas dos russos (96%), chineses (92%), indianos (90%) e mexicanos (89%). Na média entre os 12 países pesquisados, 81% das pessoas com acesso à rede fazem esse tipo de uso.


Se por um lado a internet tem facilitado o acesso a informações sobre como cuidar melhor da saúde e mudado a relação entre médico e paciente, por outro esse processo traz riscos, como automedicação e autodiagnóstico, que podem piorar em muito sua condição, alertam os especialistas. Isso sem contar a grande quantidade de informações inacuradas ou completamente errôneas que circula pela rede. Ainda segundo a pesquisa, um quarto dos brasileiros que acessou a internet em busca dessas informações admitiu não ter verificado se a fonte era confiável.


- Desde que a internet surgiu temos tido esse tipo de contato com os pacientes, que muitas vezes já chegam no consultório com material impresso e possíveis diagnósticos - conta Roberto Luiz D Avila, presidente do Conselho Federal de Medicina. - Não podemos impedir que eles tenham esse acesso às informações, mas existem sites sérios e confiáveis e outros em que não se pode confiar. Cabe ao médico alertar o paciente disso e ajudar a separar o joio do trigo.


Segundo D Avila, muitas vezes os pacientes trazem para os consultórios sugestões de tratamento sem saber que eles ainda são experimentais, não foram liberados pela vigilância sanitária ou não têm comprovação científica. Além disso, as informações podem levar uma pessoa a acreditar que tem uma doença quando, na verdade, sua condição é totalmente diferente.


- A internet é um prato cheio para hipocondríacos - diz. - O médico deve deixar claro que o trabalho de fazer um diagnóstico é dele e virá da anamnese e dos exames que ele realiza.


Para Wilma Madeira, pesquisadora da Faculdade de Saúde Pública da USP, no entanto, o levantamento também mostra que os brasileiros têm buscado aumentar sua autonomia quanto à saúde e ao próprio corpo.


- A internet tem possibilitado um acesso mais rápido, fácil e barato a essas informações do que os meios tradicionais, como consultas a médicos - avalia. - Quanto mais informações tiver, mais autonomia a pessoa terá para tomar decisões sobre a própria saúde. O risco é a confusão entre se informar e formar. Não posso passar pelo Google achando que estou passando por uma consulta médica.



Como pesquisar


Diante da grande quantidade de orientações sobre saúde na internet, muitas delas errôneas, é preciso tomar alguns cuidados para não ser enganado por falsas promessas ou acabar adiando uma visita ao médico, agravando um problema que poderia ser de fácil solução. Em primeiro lugar, é importante ser o mais específico possível nos termos de pesquisa, o que aumenta a probabilidade de encontrar logo o que procura.


Encontrando a página desejada, verifique a qualidade da fonte, procurando por selos de aprovação. Leia ainda a seção que descreve o site e seus autores e cheque a data de atualização, pois as informações podem estar defasadas. Por fim, se estiver com algum problema de saúde não deixe de procurar um médico e nunca se automedique.



Fonte: O Globo

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