23/01/2014

Brasileiros criam game online ironizando tempo de espera no SUS

"Essas manifestações refletem a insatisfação da sociedade com a crise de gestão e financiamento do sistema público de saúde", afirma o presidente do CRM-PR, Mauricio Marcondes Ribas

Não é de hoje que a saúde pública é tema recorrente. Agora, o caos do SUS virou tema de um irônico jogo online. Os brasileiros Ricardo Bencz e Luiz Alojziak criaram um game que está sendo considerado uma sátira ao Sistema Único de Saúde, é o "SUS – The Game: Brazilian Hospital Simulator". Nele, o jogador precisa ser atendido antes que sua vida acabe. Só há um médico que pode tratá-lo, se não encontrá-lo, o jogador morre. O jogo começa quando o personagem, que está doente, entra num hospital público para receber atendimento. Logo na entrada do hospital dá de cara com uma enorme fila de espera para ser atendido.

clique para ampliar>clique para ampliarSUS – The Game: Brazilian Hospital Simulator (Foto: SUS – The Game: Brazilian Hospital Simulator)

Durante a jornada, o jogador precisa pegar senhas, passar pelas atendentes pouco simpáticas ou mais preocupadas em atualizar suas redes sociais, além de procurar por remédios. Quanto mais tempo a pessoa levar para ser atendida, morrerá mais rapidamente. Porém, ao contrário do mundo real, a partida poderá ser reiniciada.

"Seria de fato cômico se não fosse realidade", afirma o presidente do CRM-PR, Mauricio Marcondes Ribas. "Esse jogo é um reflexo da insatisfação da sociedade com a crise de gestão e financiamento do sistema público de saúde. As filas são intermináveis e por causa da precariedade e das péssimas condições de trabalho não há quantidade adequada de profissionais atendendo nos estabelecimentos públicos de saúde", aponta. Ainda, a falta de exames, equipamentos, macas, remédios e outros insumos aumentam o caos. Essa realidade é comprovada frequentemente por inúmeras reportagens sobre a situação precária de hospitais e unidades públicas de saúde.

Na apresentação do game o texto diz: "Tenha a experiência de como é se sentir em um hospital público no Brasil (e provavelmente em qualquer país com hospitais em más condições ou mal administrados). Só há um médico que pode tratá-lo, encontre-o antes que seja muito tarde. Ninguém se importa ou quer ajudá-lo, então, boa sorte".

De acordo com o presidente do CRM-PR, a crise da saúde pública só será resolvida quando a gestão for eficiente, os recursos forem aplicados de forma correta, acabar o subfinanciamento e os profissionais forem tratados como merecem. "Todos os profissionais da área da saúde, não só os médicos, precisam de uma carreira pública de Estado decente. Como a população terá um atendimento de qualidade sem exames, sem médicos, sem enfermeiros, sem medicamentos, sem leitos?".

A dupla de brasileiros desenvolveu o jogo durante um evento online, o Ludum Dare, no qual os participantes têm apenas 72 horas para criar um game inédito. Confira o jogo.

Fonte: CRM-PR com informações dos portais UOL Notícias e Yahoo Notícias

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