Prevenção
País aprendeu com erros cometidos no início da epidemia e agora junta forças para enfrentar inverno com mais tranqüilidade
O enfrentamento à gripe A (H1N1), conhecida como gripe suína, será mais intenso no Brasil em 2010 do que foi em 2009,
com ações que estão sendo planejadas desde já e com a correção de erros cometidos no surgimento da pandemia. Segundo o Ministério
da Saúde, mais dinheiro será investido (R$ 2,2 bilhões) e mais doses do medicamento Tamiflu serão compradas (11,2 milhões
de tratamentos). Também se tem agora a definição de quem são as pessoas de risco, como as gestantes, e os cuidados passam
a ser direcionados. Outra arma importante, esperam os médicos, será a reativação dos cuidados de prevenção adquiridos neste
ano pelas pessoas.
No Paraná já está definido que durante o inverno, período de pico da doença, os alunos ficarão mais tempo em casa. As
férias de julho serão ampliadas nas escolas estaduais. Ao invés de duas semanas, o recesso terá um mês. Ampliação semelhante
irá ocorrer nas escolas particulares.
A grande aposta, no entanto, é a chegada ao Brasil da vacina contra a nova gripe. As doses, no entanto, serão insuficientes
para toda população e, por isso, alguns grupos terão de ser priorizados, como pacientes com risco e profissionais de saúde.
Segundo Alfonso Tenório, da Unidade Técnica das Doenças Transmissíveis e Não-Transmissíveis da Organização Pan-Americana da
Saúde no Brasil, o país já comprou uma grande quantidade de doses, mas terá agora uma negociação com os laboratórios produtores.
"O maior desafio não é mais a capacidade de comprar. Isso o Brasil tem. A dificuldade é dos laboratórios em disponibilizar
a vacina."
O secretário de Estado da Saúde do Paraná, Gilberto Martin, espera que a maior parte das doses venha para a região Sul,
que registrou maior incidência da doença, e especialmente para o Paraná. O último boletim divulgado pelo ministério, em outubro,
aponta que o Paraná é o estado com maior taxa de mortalidade pela nova gripe proporcionalmente à população. São 2,6 óbitos
a cada 100 mil habitantes. No estado, 277 pessoas morreram pela doença.
Segundo Martin, a previsão inicial era de que 18 milhões de doses chegassem ao país. Essas doses imunizariam 10% da população
brasileira. Ele aponta, porém, que afirmações do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, indicam que o número irá aumentar
para 90 milhões. "Meu temor é que a segunda onda possa ser mais forte do que foi a primeira", afirma Martin. Quem já pegou
a gripe A está automaticamente imunizado. O secretário estima que de 200 mil a 300 mil pessoas no estado estejam imunizadas.
Antecipação
Quando a gripe irá chegar com gravidade é a maior preocupação do coordenador de Vigilância Epidemiológica da Secretaria
de Saúde de Curitiba, Leonardo Soares. "Não se tem a menor ideia." Segundo ele, tão logo observe aumento no número de casos,
o serviço irá se reestruturar de maneira rápida.
Alceu Pacheco, presidente da Sociedade Paranaense de Infectologia, acredita que a segunda onda deve ser enfrentada com
mais tranquilidade, devido à vacina. "O problema é se vai ter vacina para todo mundo." Outra preocupação é com a mutação do
vírus, que poderia tornar a doença mais agressiva.
O chefe do Serviço de Clínica Médica e Infectologia do Hospital Evangélico, Sérgio Penteado, explica que por enquanto
o vírus não sofreu mutações significativas - uma boa notícia.
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