29/03/2010
Brasil prepara novo plano para tratamento de dependente de drogas
O governo brasileiro deve finalizar em alguns meses um plano de ações voltadas para um tratamento mais específico de dependentes
de drogas, em parceria com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc) e a Organização Mundial da Saúde (OMS),
disse o representante do Unodc para o Brasil e o Cone Sul, Bo Mathiasen.
Ele comentou, em entrevista à Agência Brasil, detalhes de uma reunião com o ministro da Saúde, José Gomes Temporão,
realizada na última quarta-feira (24). Segundo Mathiasen, o Unodc e a OMS propuseram ao Brasil uma parceria na difusão de
um programa global de atendimento e acompanhamento de dependentes de álcool e outras drogas.
O representante do Unodc revelou que a estratégia é fortalecer o sistema de tratamento de dependentes considerados
problemáticos - pessoas que já apresentam um perfil crônico de dependência da droga. No Brasil, o foco serão os centros de
Atendimento Psicossociais (Caps), além da capacitação e o treinamento de profissionais de saúde. Há ainda a possibilidade
de uma cooperação internacional, com objetivo de levar o trabalho brasileiro para outros países.
De acordo com Mathiesen, Temporão manifestou preocupação com a falta de ações na área de consumo de cocaína e derivados
- em especial, o crack. Funcionários do ministério, do Unodc e da OMS já traçaram um esboço do plano de ações. O documento
deve ser apresentado oficialmente ao ministro na próxima semana.
"Sendo prioridade, é uma questão de poucos meses [para que o plano fique pronto]", disse Mathiesen. "O foco são as
políticas de tratamento do dependente químico problemático que deveriam ser muito mais voltadas para a saúde da pessoa e os
direitos humanos. Uma ótica de acolher e ajudar e não de punir", completou.
De acordo com o Unodc, o perfil da maioria dos usuários problemáticos de drogas incluiu pessoas que já sofreram abandono,
violência doméstica, abuso sexual e exclusão familiar. As drogas, segundo Mathiesen, surgem nesse cenário como uma forma de
recompor tais frustrações. "O mundo já reconhece que as pessoas [viciadas em drogas] não deveriam receber nenhum tipo de punição,
mas acolhimento e tratamento", afirmou
Fonte: Agência Brasil