09/09/2021

Boletim Correio da Saúde do MPPR traz artigo sobre Covid Alta e nota orientativa da Sesa

Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Proteção à Saúde Pública emitiu Ofício Circular n° 19/2021, que merece leitura por profissionais e gestores de saúde

Em seu boletim n° 1.145, datado de 3 de setembro, o informativo Correio da Saúde, do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça (Caop) de Proteção à Saúde Pública, aborda a questão da Covid Longa, também chamada de "covid-19 pós-aguda" ou "síndrome pós-covid". O órgão do Ministério Público do Paraná informa ter emitido o Ofício Circular n.°19/2021, sobre o tema, amparando-se na Nota Orientativa n° 6/2021 da Secretaria de Estado da Saúde, que traz diretrizes sobre manejo e acompanhamento da Síndrome Põs-Covid. Recomenda-se leitura do referido Ofício Circular nº 19/2021.

Saiba mais sobre a Covid Longa, no texto abaixo, que inclui abordagem sobre "Artigo de Revisão" publicado na Revista Nature1 sobre a prevalência da Síndrome Pós-Covid, mostra que o tratamento da enfermidade não é concluído na desospitalização e exige uma cooperação interdisciplinar e exaustiva em nível extra-hospitalar.

A Covid Longa, também chamada na literatura sanitária de "covid-19 pós-aguda" ou "síndrome pós-covid", é o “nome dado a um conjunto de sintomas persistentes e sequelas que atinge parte das pessoas que contraiu Covid-19”(1).  Os sinais e sintomas da síndrome se manifestam de maneira diferente em cada indivíduo, já que depende da extensão e gravidade da infecção viral e dos órgãos afetados durante a sua fase aguda(2). Sabe-se, contudo, que são prevalentes o surgimento de tosse e dispneia, fadiga, dor torácica, tromboembolismo, disfunção ventricular, sintomas neurológicos, anosmia, diarreia e síndrome do pós-cuidado intensivo (que são complicações secundárias daqueles que passaram por UTI) (3).

Para avaliar o quadro de saúde, após a alta hospitalar, daqueles que tiveram Covid-19, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de São Paulo conduziu pesquisa com oitocentos voluntários pelo período de um ano. Segundo a apuração, cerca de 70% deles relataram ter experimentado, no intervalo entre seis e doze meses, episódios de fraqueza, fadiga, falta de ar ou cansaço.(4)

O médico pneumologista Carlos Carvalho, que coordenou o estudo, se disse surpreendido pelos resultados, pois, diferentemente de vírus respiratórios como o H1N1 – que contaminam células das vias respiratórias superiores (nariz, garganta e traqueia) e normalmente ali limitam os danos causados –, o coronavírus “utiliza as vias respiratórias superiores, mas atinge as vias respiratórias inferiores, a região dos alvéolos, e a partir daí entram [vírus] na corrente sanguínea e circulam. Eles circulando podem parar nas meninges, no sistema nervoso central (nosso cérebro), no músculo, no tubo digestivo, pode parar na pele, no fígado ou no rim".

Agora, a próxima fase do ensaio será investigar as causas dos sintomas relatados. Por exemplo, no caso da fadiga ou cansaço, se estão relacionados a um problema pulmonar (cicatriz ou fibrose) ou cardíaco (arritmias ou miocardites) e a forma de tratá-las em cada caso. O objetivo é desenvolver protocolos de atendimento que possam ser mais adequados com o perfil de sequelas que o paciente possa vir a desenvolver.

Na Atenção Primária à Saúde (APS), para o atendimento dos pacientes acometidos pela Covid longa, é vital que as redes municipais estejam, na medida de suas capacidades, preparadas. Esse ponto é central na atividade em saúde do Ministério Público  (MP), dada a característica legal da APS de porta de entrada e de porta reguladora do SUS.

Será necessário investir na contratação e capacitação de equipes multiprofissionais (clínicos, pneumologistas, fisioterapeutas, psicólogos, psiquiatras, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, equipes da estratégia saúde da família etc), ampliar a oferta de exames diagnósticos, adquirir medicamentos e disponibilizar terapias para reabilitação dos usuários. 

Para que isso se concretize com efetividade, deverão ser estabelecidos, ainda, para os casos mais complexos, fluxos regionais e macrorregionais para prover o adequado encaminhamento para cada hipótese. Trata-se de um desafio enorme não apenas para o SUS, para o Estado brasileiro e, também, para o MP no seu papel de defesa do direito à saúde.

O órgão ministerial deve atuar para que seja assegurado, na APS, a promoção de ações e serviços de saúde para a população e evitar judicialização que venha de desorganizar o SUS.

Sobre o tema, recomenda-se a leitura Ofício Circular nº 19/2021, elaborado pela CAOP Saúde/MPPR, que abordou a Nota Orientativa 6/2021, da SESA/PR, sobre o manejo e acompanhamento da síndrome pós-covid.

Referências:

1. CoronaFatos - Episódio 63: Covid Longa. Disponível em: https://portal.fiocruz.br/noticia/coronafatos-episodio-63-covid-longa

2. Nota Orientativa SESA/PR nº 6/2021. Disponível em: https://www.saude.pr.gov.br/sites/default/arquivos_restritos/files/documento/2021-08/Nota%20Orientativa%20n%C2%BA06_2021%20Sd%20p%C3%B3s%20COVID%20-%2017_08_2021%20final.pdf

3. Ofício Circular 19/2021 CAOPSAU. Disponível em: https://saude.mppr.mp.br/arquivos/File/oficios/Oficios_circulares_2021/Oficio_Circular_19_2021.pdf

4.Jornal da USP. Disponível em: https://jornal.usp.br/ciencias/pacientes-que-tiveram-covid-19-podem-apresentar-sequelas-um-ano-apos-alta-hospitalar/

Fonte: MPPR

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