Estudos mostram que o simples fato de colocar o bebê em posição correta para dormir pode reduzir em até 70% o risco de
morte súbita.
De barriga pra cima. Essa é a maneira correta de deitar a criança até completar um ano de vida, de acordo com pesquisadores
do Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e campanhas recentes divulgadas nos Estados
Unidos e na Inglaterra. Denominada "Dormir de barriga para cima é mais seguro", a campanha nacional da Pastoral da Criança
foi lançada ontem (22 de junho) em Curitiba. Em parceria com a Sociedade Brasileira de Pediatria, o Ministério da Saúde, o
Fundo das Nações Unidas para a Infância - UNICEF e o programa Criança Esperança, a campanha tem como objetivo orientar a sociedade
sobre a posição mais segura para os bebês dormirem a fim de reduzir o número de mortes súbitas de bebês. O presidente do Conselho
Regional de Medicina do Paraná, Miguel Ibraim Abboud Hanna Sobrinho, acompanhou a solenidade e a entidade de classe passou
a apoiar a iniciativa das instituições.
Estudos mostram que o simples fato de colocar o bebê em posição correta para dormir pode reduzir em até 70% o risco de
morte súbita. A afirmação é do Dr. Cesar Victora, doutor em Epidemiologia pela London School of Hygiene and Tropical Medicine
e pesquisador da UFPel e coordenador do Comitê de Mortalidade infantil da cidade de Pelotas desde o ano de 2006. Nesse ano
foram constatados 10 casos de prováveis Mortes Súbitas na Infância (MSI), do total de 66 óbitos registrados entre os 4.248
nascidos vivos na cidade de Pelotas (RS). Para o Dr. Cesar Victora, há formas de reduzir o risco de morte súbita em bebês
e uma delas é deixá-los dormindo de barriga para cima.
No entanto, isso ainda é pouco usado pelas mães brasileiras. Dados do acompanhamento dos bebês nascidos em 2004, em Pelotas,
revelam que somente 21% das crianças aos 3 meses de idade dormem de barriga para cima.
Dr. Cesar Victora explica que a informação de que ao dormir de barriga para cima o bebê vai aspirar o vômito e se afogar
não passa de uma crença popular incorreta. Ao deitar de lado ou com a barriga para baixo o bebê respira um ar viciado, ou
seja, o ar que ele próprio expira. "Uma criança maior ou um adulto acordariam ou trocariam de posição para evitar o sufocamento,
mas em alguns bebês a parte do cérebro que controla este reflexo não está desenvolvida. Por isso, ele acaba morrendo por asfixia",
afirma.
Os riscos de dormir de barriga para baixo são semelhantes a dormir de lado. Essa posição é instável e muitos bebês rolam
e ficam de barriga para baixo. Se uma criança está deitada de barriga para cima e se afoga, sua tendência, por instinto, é
tossir e com isso chamar a atenção dos pais. No caso da morte súbita, essa reação não acontece e a morte se dá de forma "silenciosa".
A Pastoral da Criança, com base nos estudos brasileiros e na publicação
href="https://www.crmpr.org.br/imprensa/arquivos/bmj_sudden_infant_death_syndrome.pdf" target="_blank">Sudden infant death
syndrome, de Rachel Y Moon, Rosemary S C Horne, Fern R Hauck (Lancet 2007; 370: 1578-87), orienta as mais de 1,4 milhão
de famílias acompanhadas que os bebês devem dormir de barriga para cima. Segundo a publicação citada, a morte súbita é a maior
causa de mortes entre bebês de 1 a 12 meses nos países desenvolvidos.
Embora a causa da MSI seja desconhecida, identificaram-se outros fatores que aumentam o
href="http://www.cdc.gov/SIDS/riskfactors.htm" target="_blank">risco de morte súbita: exposição ao fumo durante a
gravidez e após o nascimento a exposição ao fumo no ambiente, o uso de colchões ou travesseiros muito moles, o superaquecimento
do bebê, o leito compartilhado com outra/outras pessoas, o nascimento prematuro ou bebês com baixo peso ao nascer.
Pesquisa feita em Pelotas sobre a morte súbita na infância (MSI)
Na década de 1980, o pesquisador da UFPel e colaboradores investigaram os óbitos infantis de crianças residentes em 10
cidades gaúchas, incluindo a região metropolitana de Porto Alegre por meio de estudo de casos e controles (Rev Saude Publica
1987; 21(6):490-6). Foram identificadas 72 mortes súbitas na infância (MSI), o que representava um coeficiente de mortalidade
por Morte súbita na Infância de 1,0 por mil. O risco para meninos foi cerca de 1,4 vezes maior do que para meninas. As mortes
por MSI foram mais freqüentes no primeiro e no terceiro mês de vida. Houve uma nítida concentração dos óbitos nos meses de
inverno com a mais alta incidência em julho. O risco foi maior para crianças de baixo peso ao nascer, para aquelas que residiam
com outras crianças menores de 5 anos, para crianças que não recebiam aleitamento materno exclusivo e para os filhos de mães
com baixa escolaridade, fumantes e jovens.
Na cidade de Pelotas no ano 2006 ocorreram 10 óbitos por MSI, constituindo uma taxa de morte por MSI de 2 por mil nascidos
vivos. Uma pesquisa realizada com todos os bebês nascidos em Pelotas no ano de 2004, revelou que somente 20,8% (829 crianças)
dormiam de barriga para cima como é o aconselhado internacionalmente. Das restantes crianças, 4,7% dormiam de barriga para
baixo e 74,5% dormiam de lado. Essa pesquisa acompanhou 3.985 crianças, por 3 meses.
Fonte: Assessoria de Imprensa da
href="mailto:comunic@pastoraldarianca.org.br" target="_blank">Pastoral da Criança com dados do Centro de Pesquisas
Epidemiológicas da Universidade Federal de Pelotas (
href="mailto:zanrebla@gmail.com" target="_blank">UFPel).