Vivemos o caos generalizado na saúde com: a participação de Organizações Sociais (OS) e cooperativas terceirizando o atendimento nos principais hospitais e postos do país; criação do Programa de Valorização da Atenção Básica (PROVAB) que leva médicos recém formados e inexperientes ao interior, com a desculpa que faltam profissionais nessas regiões, em troca de bônus no concurso de residência; promulgação da MP 568/12 que reduz pela metade os vencimentos dos servidores federais, mantendo sua carga horária, incluindo também a redução salarial dos aposentados e pensionistas, forçando assim a saída desses profissionais e/ou o adiantamento de suas aposentadorias, atingindo diretamente a assistência à população; a falta de um plano de cargos e carreiras que possam dar ao médico a chance de fixar-se no interior com dignidade e condições.

A Associação Nacional de Médicos Residentes (ANMR) luta, ao lado das principais entidades médicas, contra esse tipo de política governamental, errônea e, por vezes, desastrosa, pois isso não só desvaloriza esses profissionais, como também a residência médica (internacionalmente reconhecida como a melhor forma de formar especialistas) e à saúde da população, pois somos a linha de frente no atendimento e promoção de saúde pelo SUS.

A saúde do povo brasileiro encontra-se ameaçada com a saída desses profissionais de alto gabarito, postura ética e vasta experiência técnica. Cairá muito a qualidade do serviço público e o atendimento ao povo brasileiro, pois os médicos federais não têm e não terão estímulos a permanecerem no serviço público.

Nossa residência médica está ameaçada! Não adianta criar novas vagas de residência médica, se as que temos estão cada vez mais fracas. Lutamos por preceptoria de verdade, para formarmos especialistas de qualidade! Desde nossa última greve nacional em 2010 esperamos resoluções quanto ao incentivo desses profissionais, até o momento sem sucesso!

Vemos hoje um completo descaso com a saúde pública, com serviços caóticos, sem condições dignas de trabalho e muitas vezes insalubres ao médico e ao paciente.

Qual o tipo de formação que teremos daqui para frente? Haverá aprendizado de qualidade nos programas? Qual o tipo de atendimento que poderemos oferecer à população? Quais profissionais irão nos atender daqui a alguns anos, quando precisarmos de um médico no SUS ou na saúde suplementar?

Nós, médicos residentes, não mais nos calaremos! Não somos mão-de-obra barata e "tapa-buraco" da falta de profissionais!

Não faltam médicos! Faltam condições dignas de trabalho e com salário decente. Apoiamos a valorização da nossa profissão! Onde está o piso salarial defendido pela FENAM, que há muito tempo vem sido "empurrado com a barriga" pelos nossos parlamentares?

A ANMR e os mais de 26.000 médicos residentes e futuros especialistas desse país lutarão juntos das entidades médicas (CFM, FENAM e AMB) para que possamos honrar nosso juramento de Hipócrates com dignidade e oferecer ao povo brasileiro a medicina de qualidade que ele merece!



Beatriz Rodrigues Abreu da Costa

Presidente da ANMR

Gestão 2012