29/05/2012

Associação Médica Homeopática envia carta à Anvisa alertando sobre danos da homeopatia mal prescrita

A Associação Médica Homeopática do Paraná (AMHPR) enviou carta à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) alertando sobre os perigos da homeopatia mal prescrita. No documento, o presidente da AMHPR, Jorge Ricardo dos Santos, alerta que a má prescrição homeopática pode causar danos graves ao paciente. Confira abaixo a íntegra da carta.



Ilmo. Diretor - Presidente ANVISA

Dirceu Brás Aparecido Barbano



Venho por meio desta, noticiar dados relevantes com relação à prescrição homeopática e solicitar providências.


A homeopatia é uma ciência médica reconhecida no Brasil como especialidade pelo CFM (Conselho Federal de Medicina) desde 1987, e esse é um dos motivos pelo qual nosso país é o segundo no mundo em número de médicos homeopatas.


Os medicamentos homeopáticos provém de matrizes oriundas dos 3 reinos: mineral, vegetal e animal. Os medicamentos são diluídos e dinamizados de modo decimal, centesimal ou cinquenta milesimal. Ao diluirmos e dinamizarmos uma parte da matriz homeopática em dez partes de água destilada teremos potência homeopática DH1, se de outra forma diluirmos e dinamizarmos uma parte da matriz em cem de água destilada, teremos a potência CH1, e assim por diante. Alguns medicamentos homeopáticos provém de matriz tóxica, como o arsênico, o chumbo, o mercúrio, os venenos de cobra, aranha, escorpião e em conformidade com a toxicidade de cada elemento, estes medicamentos poderão ser dispensados a partir de uma determinada diluição, de acordo com tabela conhecida pelos médicos e farmacêuticos homeopatas. A grosso modo os medicamentos homeopáticos são preparados em potências baixas, medianas, altas e altíssimas. As potências baixas são mais fracas, mesmo ainda contendo matéria, como ocorre com as potências abaixo da diluição CH12.À medida que se dilui e se dinamiza, a força medicamentosa aumenta exponencialmente. Se prescrito um medicamento errado, em baixa potência para um bebê, para uma gestante ou para um cardíaco, os danos poderão ser pequenos, já uma potência alta terá potencial para matá-los ou causar sequelas substanciais, porque comprovadamente a homeopatia mal prescrita tem potencial de causar danos graves.


Até o momento está sendo exigida no Brasil somente receita médica para as potências homeopáticas baixas de medicamentos, o que traz graves consequências para a sociedade, ao mesmo tempo incentiva o exercício ilegal da medicina homeopática, como também favorece a proliferação "verdadeiros cursos de pós-graduação em medicina homeopática para leigos" onde se exige apenas o ensino médio, configurando crime no Brasil, a ser combatido pelo NUCRISA (Núcleo de repressão a crimes contra a saúde).


Precisamos também estar em alerta com relação a algumas indústrias nacionais e multinacionais de remédios homeopáticos, que estão começando a se expandir no país, a nível humano e veterinário e demonstrando interesse de mercado e não de saúde da população humana e animal, tendo estas demonstrado um comportamento incentivador da automedicação e da prescrição leviana, inclusive por médicos alopatas (tradicionais) sem a devida formação, ocorrendo o mesmo no setor veterinário, com incentivo ao uso do medicamento homeopático sem a devida e importante prescrição do Médico Veterinário Homeopata.


A homeopatia pode ser exercida em suas devidas áreas como: pelo médico, pelo farmacêutico, pelo odontólogo, pelo médico veterinário e pelo engenheiro agrônomo. Solicitamos à ANVISA:



1 - Exigência da receita médica homeopática para todas as potências homeopáticas (baixas, medianas, altas e altíssimas).


2 - Exigência presencial do farmacêutico homeopata nas farmácias homeopáticas (matrizes, filiais e franquias).


3 - Proibição da venda de medicamentos homeopáticos sem receita médica homeopática.


4 - Movimentação contra o ensino da medicina homeopática para leigos, que vem sendo feita pela Universidade de Viscosa (www.homeopatias.com) e pela Associação Brasileira de Terapeutas naturistas (www.abrant.com.br).




Antecipadamente grato por sua diligente observação.


Dr. Jorge Ricardo dos Santos

CRM-PR 6785

Presidente da AMHPR

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