A Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP) realizou na terça-feira, 25, audiência pública para debater o crescimento da
oferta de vagas em cursos na área da Saúde por meio da modalidade de Ensino a Distância (EAD). O debate foi promovido pelos
deputados Michele Caputo (PSDB) e Anibelli Neto (MDB) com o objetivo de aperfeiçoar o projeto de lei n° 100/2019, de autoria
dos dois parlamentares. O texto prevê a proibição do funcionamento de cursos de nível médio, técnico e superior na área da
Saúde que desrespeitem o limite máximo de 20% das aulas na modalidade EAD.
clique para ampliarAudiência pública contou com a participação de representantes
de profissionais da área da Saúde (Foto: Divulgação ALEP)
“Nosso intuito é trazer esta discussão para aperfeiçoar o projeto de lei. Nosso interesse é defender a qualidade do ensino.
Ninguém é contra o ensino a distância e sim contra a distância do ensino. Como ficam, por exemplo, as aulas práticas, o contato
com os pacientes? Estas distorções acabam tornando precários o ensino e se tornando apenas fonte de receita para alguns grupos
de ensino”, afirmou o deputado Michele Caputo. “A ideia é apresentarmos uma legislação que proteja estudantes, profissionais
e entidades de classe. É um tema importante. O ensino pode chegar a qualquer lugar, isso é bom, mas tem de ser um ensino de
qualidade”, ponderou Anibelli Neto.
Representando o Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR), o conselheiro
e 2º corregedor, José Knopfholz, participou do debate. Ele ressaltou sua preocupação com a saúde global da população, que
é assistida por uma gama de profissões na área da Saúde, e da necessidade de se fiscalizar as instituições de ensino. Nesse
sentido, o conselheiro destacou o crescimento do número de cursos de Medicina no País ao longo dos últimos anos: “No âmbito
da Medicina, nós temos hoje 330 escolas aproximadamente no Brasil; em 1997, eram 85. Os Estados Unidos têm 131, e a China,
150 cursos de Medicina, com populações muito maiores que no Brasil.”
clique para ampliarConselheiro e 2º corregedor do CRM-PR, Dr. José Knopfholz
participou de debate sobre educação a distância (Foto: Divulgação ALEP)
Os desafios enfrentados pela educação superior também foram ressaltados pelo representante do Conselho, para quem há
uma crise não só na educação a distância como na própria educação presencial. Ele lembrou, ainda, que o CRM-PR desenvolve
um trabalho na modalidade EAD para o fomento da educação médica continuada entre médicos e estudantes de Medicina do Paraná,
com resultados positivos. E finalizou: “A escolha tecnológica deve estar subordinada à escolha pedagógica, e não abaixo dela.”
Participaram ainda da audiência a representante do Conselho Regional de Farmácia, Ester Massae Okamoto Dalla Costa,
o presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária, Rodrigo Távora Mira, o presidente do Sindicato dos Médicos Veterinários
do Paraná, Cezar Pasqualin, a presidente do Conselho Regional de Enfermagem, Simone Peruzzo, a presidente do Conselho Regional
de Nutricionistas, Deise Baptista, o coordenador do Fórum de Entidades de Classe da Medicina Veterinária, Masahiko Ohi, a
conselheira do Conselho Regional de Psicologia do Paraná, Carolina Walger, a Conselheira do Conselho Regional de Fonoaudiologia,
Solange Coletti, o representante do Instituto Federal do Paraná (IFPR), Marcos Antônio Barbosa, Elisandro Frigo, representante
da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Estado Paraná, e o juiz Carlos Ritzmann, diretor executivo da Escola
Judiciária Eleitoral do Paraná.
Acesso
O Ensino a Distância no Brasil é previsto
em legislação desde 1996. Em 2005 foi publicado um decreto que regulamentou a Lei. O objetivo da legislação foi facilitar
o acesso da população aos cursos técnicos e de graduação. No entanto, outro decreto, desta vez de 2017, tratando dos programas
de EAD em diferentes níveis, incluiu a possibilidade de profissionais de educação ministrar os cursos. Para os profissionais
da entidade de classe, este é o ponto de explosão da modalidade no País. Tanto é que, no Paraná, já existem instituições de
ensino que oferecem cursos com 100% na modalidade de ensino a distância.
O Conselho Nacional de Saúde já se manifestou
contrário a cursos ministrados totalmente na modalidade de Ensino a Distância, alegando os “prejuízos que tais cursos podem
oferecer à qualidade da formação de seus profissionais, bem como pelos riscos que estes profissionais possam causar à sociedade,
imediato, a médio e a longo prazos, refletindo uma formação inadequada e sem integração ensino/serviço/comunidade”.
CRM-PR, com informações da ALEP