O Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) realizou no início da tarde desta sexta-feira, 7, a tradicional reunião ética para médicos recém-formados. Oitenta e dois novos profissionais compareceram à Sede do Conselho, em Curitiba, para retirar suas carteiras e receber orientações sobre conduta ética dos membros da Casa. O evento contou com a nobre participação dos convidados Dom José Antônio Peruzzo, Arcebispo Metropolitano de Curitiba, e do médico e professor aposentado João Cândido Ferreira da Cunha Pereira, que detém o registro mais antigo no CRM-PR entre todos os profissionais em vida no Paraná (o número 12) e que é neto de um dos fundadores do curso de medicina da UFPR há mais de um século.

Compondo a mesa, representando o CRM-PR, estavam o presidente Roberto Issamu Yosida, o conselheiro federal representante do Paraná, Donizetti Dimer Giamberardino Filho, e o secretário-geral, Luiz Ernesto Pujol. Apresentando os convidados, o presidente Roberto Yosida agradeceu a receptividade e destacou a relevância dos trabalhos desempenhados por cada um deles. “Dom José Peruzzo é graduado em Filosofia e Teologia e tem sido importante parceiro do CRM-PR em esforços que vêm sendo empreendidos em prol da saúde do médico e dos estudantes de Medicina, que vão muito além de aspectos que envolvem a religiosidade.”

Dando as boas-vindas aos médicos e familiares presentes, o professor João Cândido enfatizou sua emoção em falar a um público de jovens profissionais, tendo em vista sua própria história. Prestes a completar 90 anos de idade, foi um dos primeiros médicos a se inscrever no CRM-PR, há mais de seis décadas. Detém o menor número de registro entre os médicos vivos, o número 12. Formado há 66 anos pela Universidade Federal do Paraná, foi professor nos três cursos médicos que existiam em Curitiba no período em que atuou na docência (UFPR, PUC e Evangélica). Também exerceu a Medicina por décadas na Santa Casa de Curitiba.

“É um imenso prazer poder ver esses jovens que estão iniciando a carreira com entusiasmo. Tenho certeza de que exercerão a Medicina ética, considerando que a nossa profissão é um sacerdócio. Nosso dever é levar conforto tanto aos pacientes que atendemos como a seus familiares”, expressou, deixando, ainda, um conselho de quem já conviveu com muitas gerações de profissionais: “Vivemos uma época em que, todos os dias, descobrem-se coisas novas que facilitam a nossa profissão, mas, ainda assim, é preciso muito estudo e perseverança para ser um bom médico.”

Dando sequência, Dom José Antônio ressaltou a importância dos valores humanos na formação do médico e em sua atuação profissional. “É preciso separar, dentro da Medicina, a vocação da profissão. A profissão é o desempenho técnico, a competência adquirida para se exercê-la. A vocação, por sua vez, tem a ver a com a voz interna, a maneira com que olho e me dirijo ao meu paciente”, distinguiu. O arcebispo ressaltou, ainda, o papel da compaixão no exercício da Medicina: “Tratar uma pessoa não é o mesmo que tratar uma doença; o profissional médico não é um modo de fazer, é um modo de ser.”

Respaldando a fala de seus antecessores, o secretário-geral do CRM-PR, Luiz Ernesto Pujol, destacou a necessidade de os profissionais terem serenidade no atendimento, respeitando seus pacientes e atendendo-os com amor. “O bom médico não é aquele que apenas faz, mas o que assume, que acalenta e acolhe, buscando melhorar a cada dia.”

Finalizando as mensagens de boas-vindas, o conselheiro federal pelo Paraná, Donizetti Dimer Giamberardino Filho, congratulou os novos médicos presentes e seus familiares, enfatizando a necessidade de os jovens profissionais atentarem-se ao desenvolvimento das habilidades de comunicação e de empatia, fundamentais no exercício da Medicina. De forma didática, pontuou também quatro deveres básicos do médico, em sua visão: dever da informação, que abrange uma linguagem adequada à compreensão dos pacientes e familiares; dever de atualização do conhecimento; dever da diligência, a qual inclui utilizar todos os meios disponíveis ao alcance do médico no exercício da profissão; e dever da ponderação, de não se exagerar no diagnóstico e tratamento dos pacientes, respeitando-se os limites éticos e profissionais.

Veja a galeria de fotos deste evento aqui. https://www.crmpr.org.br/Reuniao-de-Etica--em-Curitiba-120-51702.shtml

João Cândido Ferreira

O Dr. João Cândido Ferreira da Cunha Pereira (CRM-PR 12) é neto do Dr. João Cândido Ferreira (1864-1948), que, ao lado do primo e cunhado Dr. Victor Ferreira do Amaral e Silva, ajudou a fundar e sustentar a primeira Universidade do Paraná, contribuindo com a publicação de vasta obra bibliográfica na Medicina nacional.

Em 2003, o Dr. João Cândido Cunha Pereira recebeu o Diploma de Mérito Ético-Profissional pelo seu histórico exemplar na Medicina. Em outubro de 2017, no lançamento do livro “Quem é você?”, que reverenciou grupo de profissionais para marcar os 135 anos de história da Medicina paranaense, recebeu do CRM-PR diploma de Moção de Aplausos.

Imprensa

A reunião ética foi destaque no jornal Boa Noite Paraná, da RPC, nesta sexta-feira (7). Confira o vídeo aqui.