17/09/2007
João Carlos Simões (*)
" A verdadeira medida de um homem não
é como ele se comporta em momentos de conforto e conveniência, mas como se mantém em tempos de controvérsia
e desafio"
Martin Luther King
Os recentes conflitos de greve de médicos em instituições
hospitalares devido ao pagamento insuficiente de honorários profissionais, da remuneração cronicamente
defasada da tabela dos atos médicos e dos hospitais, sempre acabam suscitando discussões do modelo de saúde
pública e do seu apropriado financiamento e gestão, colocando de um lado a categoria médica como culpada
e do outro a população mais humilde que depende do atendimento e que não leva em conta que os verdadeiros
responsáveis para resolverem esta situação são o governo federal, os estados e municípios
cumprirem com o financiamento do orçamento apropriado conforme preconiza a Emenda 29 em tramitação no
Congresso.
A emenda constitucional determina que estados e municípios contribuam, respectivamente com 12% e
15% de sua arrecadação e a União repasse à área os recursos do orçamento efetivados
do ano anterior, acrescidos da variação nominal do PIB, a soma das riquezas produzidas no país.
Os
médicos sempre estarão suprindo as deficiências governamentais de atendimento à saúde da
população brasileira.
Atendem a todos sem discriminação, atenciosos ao sofrimento, à
dor, à solidão, ao desamparo e à ignorância, sem medir esforços para salvar vidas e aliviar
o sofrimento.
Trabalham dia e noite, em plantões com deficiências de recursos humanos e materiais. Persistem
incansavelmente na sua árdua tarefa de socorrer a todos nas filas infindáveis que sobrecarregam os hospitais
públicos e postos de saúde.
Atendem não só pelo valor da consulta de especialidade em
torno de R $ 7,50, ou por procedimentos cirúrgicos de uma tabela defasada desde 1996, que só teve poucos a aumentos
pontuais.
Atendem porque cuidam de pessoas e porque medicina não é negócio e a saúde é
o bem mais importante da vida das pessoas.
Pelo trabalho ético, humanístico, eficiente e obstinado os
médicos deveriam, no mínimo, serem respeitados e reconhecidos com pagamentos justos e atualizados, como qualquer
trabalhador honesto deste País.
(*) Ex-presidente da Associação Médica do
Paraná
Professor Titular de Oncologia do Curso de Medicina da Faculdade Evangélica do Paraná