12/09/2011
Anvisa reforça esclarecimentos sobre medicamento Victoza
Em reunião de sua Diretoria Colegiada, no dia 06 de setembro, a Anvisa analisou a reportagem da revista Veja, intitulada "Parece
Milagre", edição número 2.233 da revista VEJA, de 07/09/2011, e decidiu enviar à revista uma nota de esclarecimentos sobre
o assunto, solicitando que esta nota seja publicada como um complemento à referida reportagem. A mesma nota também foi enviada
para os demais veículos de imprensa e para instituições do âmbito da saúde como o Conselho Nacional dos Secretários Estaduais
de Saúde (Conass), Conselho Nacional dos Secretários Municipais de Saúde (Conasems) e Conselho Federal de Farmácia, entre
outros.
Leia a íntegra da nota:
Em relação a reportagem intitulada "Parece Milagre", edição número 2.233 da revista VEJA, de 07/09/2001, a Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa) esclarece que o Victoza é um produto "biológico". Ou seja, trata-se de uma molécula de alta
complexidade, de uso injetável, contendo a substância liraglutida. O medicamento, fabricado pelo laboratório Novo Nordisk,
foi aprovado pela Anvisa para comercialização no Brasil em março de 2010, com a finalidade de uso específico no tratamento
de diabetes tipo 2. Portanto, seu uso não é indicado para emagrecimento.
A indicação de uso do medicamento aprovada pela Anvisa é como "adjuvante da dieta e atividade física para atingir o controle
glicêmico em pacientes adultos com diabetes mellitus tipo 2, para administração uma vez ao dia como monoterapia ou como tratamento
combinado com um ou mais antidiabéticos orais (metformina, sulfoniluréias ou uma tiazollidinediona), quando o tratamento anterior
não proporciona um controle glicêmico adequado".
Por tratar se de um medicamento "biológico novo", o Victoza, assim como outros medicamentos dessa categoria, estão submetidos
a regras específicas tanto para o registro quanto para o acompanhamento de uso após o registro durante os primeiros cinco
anos de comercialização. Além disto, o produto traz a seguinte advertência no texto de bula: "este produto é um medicamento
novo e, embora pesquisas tenham indicado eficácia e segurança aceitáveis, mesmo que indicado e utilizado corretamente, podem
ocorrer eventos adversos imprevisíveis ou desconhecidos. Nesse caso informe seu médico."
Para o registro do produto foram apresentados os relatórios de experimentação terapêutica com estudos não clínicos e clínicos
Fase I, Fase II e Fase III comprovando a eficácia e segurança do produto, para o uso específico no tratamento de diabetes
tipo 2.
É importante destacar que além dos estudos apresentados para o registro, encontra-se em andamento um estudo Fase IV (pós-registro)
para confirmação da segurança cardiovascular da liraglutida. Os resultados deste estudo podem trazer novas informações a respeito
da segurança do produto.
O laboratório fabricante já enviou à Anvisa três relatórios sobre o comportamento do produto, trata-se do documento conhecido
como PSUR (Relatório Periódico de Farmacovigilância). Além disto, o Novo Nordisk decidiu incluir, em junho de 2011, em seu
Plano de Minimização de Risco (PMR), a alteração da função renal como um potencial efeito adverso do uso da medicação.
Nos estudos clínicos do registro e nos relatórios apresentados à Anvisa foram relatados eventos adversos associados ao
Victoza, sendo os mais frequentes: hipoglicemia, dores de cabeça, náusea e diarréia. Além destes eventos destacam-se outros
riscos, tais como: pancreatite, desidratação e alteração da função renal e distúrbios da tireóide, como nódulos e casos de
urticária.
Outra questão de risco associada aos produtos biológicos são as reações de imunogenicidade, que podem variar desde alergia
e anafilaxia até efeitos inesperados mais graves. No caso da liraglutida a mesma apresentou um perfil de imunogenicidade aceitável
para a indicação como antidiabético, o que não pode ser extrapolado para outras indicações não estudadas, por ausência de
dados científicos de segurança neste caso.
Para o caso de inclusão de novas indicações terapêuticas deve-se apresentar estudo clínico Fase III comprovando a eficácia
e segurança desta nova indicação.
A única indicação aprovada atualmente para o medicamento é como agente antidiabético. Não há até o momento solicitação
na Anvisa por parte da empresa detentora do registro de extensão da indicação do produto para qualquer outra finalidade. Não
foram apresentados à Anvisa estudos que comprovem qualquer grau de eficácia ou segurança do uso do produto Victoza para redução
de peso e tratamento da obesidade.
Conclui-se pelos dados expostos acima que desde a submissão do pedido de registro a aprovação do medicamento para comercialização
e uso no Brasil, a ANVISA fez uma análise extensa e criteriosa de todos os dados clínicos que sustentam a aprovação das indicações
terapêuticas do produto contendo a substância liraglutida, através da comprovação de que o perfil de eficácia e segurança
do produto é aceitável para indicação terapêutica como antidiabético.
A Anvisa não reconhece a indicação do Victoza para qualquer utilização terapêutica diferente da aprovada e afirma que
o uso do produto para qualquer outra finalidade que não seja como anti-diabético caracteriza elevado risco sanitário para
a saúde da população.
Fonte: Anvisa