12/03/2010

Anvisa libera entrada de luvas sem látex no Brasil

Hospitais terão 180 dias para completar o estoque


A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) publica hoje, no "Diário Oficial da União", uma resolução autorizando, excepcionalmente, hospitais a importarem luvas cirúrgicas sem látex sem ter que passar pelo processo de qualidade exigido pela agência desde dezembro de 2009.
Segundo Dirceu Barbano, diretor da Anvisa, os hospitais terão 180 dias para adquirir as luvas e completar seus estoques.

O teste de qualidade exigido hoje é feito pelo Inmetro, assim como acontece com os preservativos. Uma amostra do lote adquirido passa por testes de resistência para avaliar se há furos ou outros problemas nas luvas. Segundo a Anvisa, muitas chegavam furadas, com mofo, com insetos e com cabelo.

Agora, continua aberta uma consulta pública aberta pela agência para reavaliar os requisitos exigidos desses produtos. A intenção é encontrar uma alternativa para as luvas sem látex antes do prazo estipulados para compra emergencial.

"A melhor alternativa até agora é exigir um certificado ISO desses fabricantes. Isso é pior que o teste do Inmetro, mas é melhor do que não exigir nada", afirmou Barbano.
Segundo ele, apenas dois fornecedores desse material são registrados no Brasil. Nenhuma empresa brasileira produz luvas isentas de látex -que chegam a custar até cinco vezes mais. No ano passado, o Brasil importou 2 bilhões e 300 milhões de luvas cirúrgicas, sendo que apenas cerca de 20 mil eram isentas de látex.

Anteontem, o Ministério Público Federal entrou com uma ação civil pública contra a agência pedindo a autorização da importação dessas luvas em um prazo de 15 dias, pois várias cirurgias vêm sendo canceladas.

Mauro César Morais Filho, diretor clínico da AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente), disse que até ontem a instituição havia cancelado 53 cirurgias por falta do material. Ele diz que, com a autorização da importação, a AACD fará o possível para comprar o máximo de luvas sem látex.

"Fazemos cerca de 250 cirurgias por ano usando esse tipo de luva. Cada procedimento usa, em média, dez pares. Parece pouco, mas, para nós, a falta desse material traz prejuízos."


Fonte: Folha de São Paulo

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