17/01/2007
Anvisa estabelece regras para bancos de ossos
A partir de agora, ossos, cartilagens, tendões e pele a serem utilizados em transplantes devem ser tratados dentro de padrões
técnicos de qualidade estabelecidos pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). As regras criadas pela entidade
entraram em vigor no dia 27 de dezembro, mas os bancos de ossos e pele existentes no Brasil ainda têm cerca de cinco meses
para se adaptar às novas exigências.
A resolução regulamenta questões como instalações físicas dos bancos, equipe técnica, materiais, equipamentos, triagem
de doadores e controle de qualidade. Além disso, exige que os bancos enviem à Anvisa um relatório mensal com dados de produção
e estoque e guardem, pelo tempo mínimo de vinte anos, arquivo próprio sobre cada doador e receptor.
Porém, as principais mudanças, na opinião da bióloga Isabelle Rego Barros - que é responsável pelo controle de qualidade
do Banco de Tecidos Músculo-Esqueléticos do Hospital de Clínicas (HC) da UFPR, em Curitiba - dizem respeito à realização de
pesquisas com a utilização dos tecidos armazenados nos bancos e à esterilização complementar para tecidos. "No HC, a maioria
das regras estabelecidas pela Anvisa já são cumpridas há bastante tempo. Sendo assim, estas devem ser as principais mudanças",
comenta.
Em relação às pesquisas, podem ser aproveitados tecidos que tenham algum tipo de contaminação ou que, devido ao tempo
de armazenamento, já não podem ser utilizados para transplante. Antes da resolução, os tecidos sem serventia deveriam ser
simplesmente descartados. Agora, basta que a pesquisa seja autorizada pela Central de Transplantes, e que o banco mantenha
documentação do pesquisador e objetivos do trabalho.
Histórico
O Banco de Tecidos Músculo-Esqueléticos do HC foi fundado em novembro de 1998, mas entrou em funcionamento em 1999. Até
agora, já contou com 166 doadores e beneficiou 4.206 receptores. No ano passado, teve 44 doadores e 1.602 receptores. "Muitos
familiares de pessoas falecidas ainda têm receio de realizar a doação de ossos. O grande temor é de que o doador fique deformado
para o velório. Porém, nunca retiramos ossos de partes expostas do corpo (como face e mãos) e sempre realizamos reconstituição
do que foi retirado", finaliza Isabelle. Atualmente, o banco do HC tem 289 pessoas na fila esperando para receber uma doação.
Fonte: O Estado do Paraná