20/09/2006
Anvisa aprova comercialização de novo remédio contra o tabagismo
Nos próximos meses, chega às farmácias brasileiras uma nova geração de remédios contra tabagismo. Ontem, a Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o vareniclina, princípio ativo do Champix, do laboratório Pfizer. Nos Estados Unidos,
o FDA, órgão que regula medicamentos no país, deu o aval em maio deste ano.
'O vareniclina é um tremendo passo nos tratamentos antitabaco', afirma a cardiologista Jaqueline Scholz Issa, diretora
do Programa de Tratamento do Tabagismo do Instituto do Coração.
O remédio ocupa o espaço da nicotina no cérebro. 'Ele age nos receptores da nicotina e, com isso, reduz o prazer e a necessidade
de fumar', explica a cardiologista. 'Isso é inédito. Mas não representa a 'cura'. Para largar o cigarro, a mudança do fumante
tem de também ser comportamental. E isso não é fácil.'
Há cerca de 1,3 bilhão de fumantes no mundo. Estima-se que no Brasil um terço da população adulta seja fumante - 16,7
milhões de homens e 11,2 milhões de mulheres, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca). No total, são 200 mil óbitos
por ano relacionados ao fumo no País.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), apenas de 0,5% a 5% conseguem parar
de fumar sem ajuda médica.
Outro remédio contra o cigarro é a bupropiona (princípio ativo do antidepressivo Zyban), que diminui os sintomas de abstinência.
Na tentativa de abandonar o vício, fumantes também recorrem à reposição de nicotina por meio de adesivos e pastilhas.
Os estudos com o Champix que serviram de base para a aprovação envolveram mais de 2 mil tabagistas que fumavam em média
21 cigarros por dia durante 25 anos. Pacientes que receberam o remédio por 12 semanas (1 mg duas vezes por dia) quadruplicaram
a chance de parar de fumar, quando comparados aos que usaram placebo. Um ano depois, um em cada cinco pacientes que receberam
a droga ainda estava sem fumar.
A nicotina atinge o sistema nervoso em oito segundos. Lá, ela estimula a produção de substâncias que dão relaxamento,
como os hormônios dopamina e serotonina. Depois, segue para o fígado, onde é metabolizada. A nova droga, que ainda não tem
preço definido, será vendida só com prescrição médica.
Fonte: Estado de São Paulo